Páginas

domingo, 18 de setembro de 2011

CASAL DE IRMÃOS RECEBE APOIO PSICOLÓGICO APÓS ABANDONO DE PAIS ADOTIVOS

Sábado, 17 de setembro de 2011
Santa Catarina
G1

Um casal de irmãos, de 9 e 13 anos, está recebendo apoio psicológico desde setembro do ano passado, quando voltou a morar em abrigos para crianças e adolescentes em Gaspar (SC). Eles estão separados em duas instituições após a desistência dos pais adotivos em permanecer com os dois e recebem apoio psicológico e são preparados para a possibilidade de integrarem um novo processo de adoção.
A 1ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina condenou o casal de pais adotivos, que tentou devolver, seis anos depois da adoção, um dos dois irmãos que estavam sob sua guarda. A Justiça determinou que os pais perdessem a guarda das duas crianças e que também pagasse R$ 80 mil, a serem divididos entre os dois irmãos, por danos morais.
Segundo o processo, os irmãos foram adotados em 2004, um menino de 3 anos e uma menina de 6 anos. Em março de 2010, o casal procurou uma assistente social de Blumenau (SC) para devolver o filho, alegando dificuldades no relacionamento.
O casal disse que o próprio menino não queria conviver com eles, o que era recíproco. Sem sucesso, tentaram novamente abdicar do poder familiar em Gaspar.
Segundo Gislaine dos Santos, responsável pela Casa Lar Sementes do Amanhã, onde está a menina de 9 anos, as duas crianças adotadas e que retornaram aos abrigos recebem apoio de um psicólogo para evitar que tenham reações comportamentais em decorrência de estarem deixando uma segunda família.
"Eles vieram para o abrigo quando eram bem pequenos em decorrência de abandono e negligência dos pais biológicos. Agora, os pais adotivos os adotaram e depois quiseram voltar atrás da decisão de adoção de apenas um deles.
Trabalhamos abertamente com eles e mostramos todas as etapas do processo e sobre a possibilidade de serem adotados novamente", disse Gislaine.
Ela afirmou que as crianças são avisadas sobre todas as decisões judiciais sobre o caso deles. "Claro, uma nova adoção só será feita após a finalização de todas as instâncias judiciais do caso", disse a responsável pelo abrigo.
Gislaine relatou que as duas crianças chegaram a pedir a companhia dos pais adotivos após deixarem o convívio com a família. "Isso aconteceu nos primeiros momentos, mas foi diminuindo ao longo do tempo. Hoje já estão mais acostumados com a situação, muito em conta de não escondermos nada deles. Desde a possibilidade de uma nova adoção até mesmo de poderem voltar ao convívio com a família que os havia adotado."
Testemunhas
Vizinhos ouvidos no processo também disseram que o casal, principalmente a mãe, agredia verbalmente a criança e a discriminava perante os outros. Além de ofendido, o menino era obrigado a lavar os lençóis que usava, segundo uma psicóloga do Ministério Público que avaliou o caso, pois urinava na cama. Segundo ela, isso é sinal do transtorno psicológico sofrido pela criança.
O relatório concluiu que os pais adotivos mantinham atitudes discriminatórias em relação ao menino adotado. Conforme o documento, os pais adotivos privilegiavam a irmã dele, também adotada, e o filho biológico. Enquanto o filho biológico estudava em escola particular, os adotivos cursaram escola pública.
"O menino adotivo se destacava das demais crianças de sua idade, principalmente sobre o filho biológico do casal. Por exemplo, o filho biológico do casal não é muito comunicativo e não se adapta bem a atividades esportivas. O menino adotivo é justamente o oposto dele, pois se comunica com facilidade e vai bem nos esportes", disse Gislaine.
Segundo o tribunal, a psicóloga também considerou o casal despreparado para assumir a adoção, por não possuirem um ambiente favorável ao crescimento saudável dos filhos. "A mãe é engenheira química de renome acadêmico em Santa Catarina. Ela tem boa instrução, a família tem boas condições financeiras e não há razões para essa distinção entre as crianças. O pai adotivo mora no exterior e quem costumava ficar mais com as crianças era a mãe adotiva", explicou Gislaine.

Nenhum comentário:

Postar um comentário