Silvana do Monte Moreira, advogada, sócia da MLG ADVOGADOS ASSOCIADOS, presidente da Comissão Nacional de Adoção do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família, Diretora de Assuntos Jurídicos da ANGAAD - Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Presidente da Comissão de Direitos das Crianças e dos Adolescentes da OAB-RJ, coordenadora de Grupos de Apoio à Adoção. Aqui você encontrará páginas com informações necessárias aos procedimentos de habilitação e de adoção.
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terça-feira, 5 de novembro de 2013
CRIANÇAS LIGADAS LEGALMENTE À FAMÍLIA BIOLÓGICA NÃO PODEM SER ADOTADAS
05/11/2013 Reportagem mostra a história de pequenos brasileiros que vivem no limbo. Série retrata o atual quadro de adoção a partir da nova lei.
A lei que mudou as regras para adoção acaba de completar quatro anos e
há sempre muita discussão se ela facilitou ou dificultou a vida das
crianças que sonham com um lar. A série “Filhos do Coração” mostra o
atual quadro de adoção a partir da nova lei. O adolescente Henrique*
tinha quatro anos quando foi deixado em um abrigo pela mãe. Hoje, com
13 anos, ele já viveu mais tempo em instituições do que com a família.
Contudo, conhece bem a diferença entre as duas coisas. “Quando eu estou
na casa de uma família, parece que eu to, que a minha família está toda
reunida. Aqui não, minha família não está reunida. Aqui são meus amigos,
meus colegas.” Mais de 47 mil brasileirinhos vivem em abrigos,
segundo o Conselho Nacional de Justiça. Entretanto, o próprio CNJ
reconhece que os números estão desatualizados. Por isso, o Conselho
determinou que os juízes visitem essas instituições e façam um raio-x
sobre a vida dessas crianças e adolescentes. Os juízes vão verificar
a situação dos meninos e meninas que vivem nos abrigos há mais de seis
meses. A lei de adoção estabeleceu que nos casos em que a criança não
pode voltar para os pais biológicos ou parentes, a justiça terá quatro
meses para retirar o poder da família e preparar a criança para adoção.
Contudo, o prazo nem sempre é cumprido. Isso acaba tirando o direito que
a criança tem de começar uma história de vida diferente. O caso de
Henrique é típico. Depois de quase uma década fora de casa, a mãe
continua com a guarda. Faz dois anos que nenhum parente aparece no
abrigo. “Ninguém. A gente passa o final de semana sem visita. Largado
como se fosse um mendigo, como se fosse um bebê no meio do mato. Eu me
sinto assim. Eu e meu irmão.” Enquanto estiver legalmente ligado à
família biológica, o menino não pode nem entrar no Cadastro Nacional de
Adoção. Em cinco anos, o cadastro registrou apenas 2.254 adoções.
Existem hoje 5.439 crianças e adolescentes prontos para ir para um novo
lar e 29.806 pessoas querendo adotar. O promotor de Justiça da
Infância e Juventude Anderson Pereira de Andrade diz que o cadastro não
funciona em muitos estados porque o número de juízes que lidam com o
setor é insuficiente. “A gente vê capitais de estados brasileiros que
tem um ou dois juízes da Infância e Juventude, o que é muito pouco para
diversas tarefas e atribuições.” Ana Carolina Longo e Adisson
Martins Ferreira esperaram quase dois anos (da inclusão na lista até o
momento da ligação) para adotar. “Pra gente foi assim: vem aqui que a
gente tem alguém que encaixa no perfil. A gente chegou, ele mostrou a
foto. Um olhou para o outro e deu o clique e pedimos para conhecê-los.”
Em dois anos, todos aprenderam muito. “No aniversário dele, a gente
perguntou o que ele queria de presente e ele respondeu: nada, eu já
tenho minha família. A gente quase morreu.” *O nome do personagem foi trocado. http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/11/criancas-ligadas-legalmente-familia-biologica-nao-podem-ser-adotadas.html
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