06/08/2013 10h53
- Atualizado em
06/08/2013 14h02
João Vitor, de apenas três anos, mora com os pais em Gravataí.
Rafael e Lucimar terão a alegria de comemorar terceiro Dia dos Pais.
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“Não foi nada planejado, sabe? Ele foi se instalando e ficou naturalmente”, conta ao G1 Lucimar. Com o passar dos anos, o relacionamento se solidificou, até que o casal despertou o interesse pela adoção.
“Fazíamos festas beneficentes para ajudar casas de passagem, lares carentes, com crianças vítimas de abandono ou maus-tratos. Nesta época, lá por 2007, surgiu a oportunidade de apadrinhamento afetivo. Mas logo desistimos e partimos direto para adoção. Não queríamos perder tempo porque o processo é bem demorado. Entramos com o pedido em 2007, e o João Vitor chegou em 2010”, recorda Rafael. “Foi emocionante. O Lúcio quase infartou", brinca.
reformas (Foto: Caetanno Freitas/G1)
A escolha da creche foi outro passo importante na construção da família. “Procuramos muito e acertamos em cheio. Colocamos ele numa escolinha muito boa. Não há qualquer tipo de preconceito, todos nos respeitam e tratam ele bem, como qualquer criança. É o que importa para nós”, afirma Lucimar. No Dia das Mães, a avó de João Vitor participa das atividades em ambiente escolar.
Se hoje vivem em um ambiente saudável, com compreensão de vizinhos, amigos e colegas de trabalho, tanto Lúcio quanto Rafael preparam João Vitor para lidar com o preconceito com naturalidade. “Estamos educando ele para que consiga superar essas coisas que vão acontecer, né? Ele sabe que tem dois pais que o amam independentemente de opção sexual. Queremos que ele tire isso de letra. Vamos criar ele com diálogo aberto”, afirma Lucimar.
Licença-maternidade, documentos e polêmica com a Igreja
Apesar da tranquilidade com que a família lida com o assunto, o preconceito está presente em outras formas. A crítica mais severa do casal é destinada aos processos burocráticos para emissão de documentos de João Vitor, como certidão de nascimento e carteira de identidade, por exemplo. A dificuldade, segundo eles, está no despreparo de funcionários que não sabem lidar com a situação.
parte (Foto: Caetanno Freitas/G1)
“Agora para RG, CPF, não tem jeito. O nome da mãe consta como Lucimar. Ainda temos muito a evoluir como sociedade neste sentido. O pessoal que trabalha nos cartórios está muito despreparado. Quando fui buscar a carteira de identidade do João, a atendente ficou confusa ao ver meu nome como mãe. Queria saber quem era a mãe e tudo. É triste”, lamenta Lucimar.
Com muito esforço, explica Lúcio, eles conseguiram o direito de tirar licença-maternidade após a adoção João Vitor. A decisão saiu em 2012. “No nosso caso foi diferente. Conseguimos o benefício administrativamente. Não fizemos nenhum pedido judicial, nem nada. Tivemos diversas audiências, foi cansativo, mas deu certo. Todo nosso pedido de licença foi baseado na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. Lá diz que todos somos iguais perante a lei. Não importa o sexo, religião, todos tem os mesmos direitos e deveres”, argumenta Lucimar.
Outro ponto negativo, segundo eles, é a posição da Igreja Católica em relação aos homossexuais. Apesar de elogiarem a conduta do Papa Francisco durante visita ao Brasil, na Jornada Mundial da Juventude, o casal critica velhos dogmas. “Como que nos dias de hoje a Igreja ainda é contra o preservativo para prevenção de doenças? Como ser contra anticoncepcionais? Além disso, tem a questão dos gays que não são tão bem aceitos como deveria ser”, diz Rafael. Mesmo assim, os dois batizaram o filho e pretendem catequizá-lo.
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