ADOÇÃO: PAIS E MÃES POR ESCOLHA DE DEUS
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
O amor, quando é Amor, “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta…”. É o que registra São Paulo na I Carta aos Coríntios. Há quem
diga ainda, sobre o amor dos pais, que ele é antes adotivo do que
biológico. “Muitas dúvidas foram dissipadas, muitos mitos e falsas
expectativas foram abandonados. Estávamos ‘grávidos’ e queríamos isto.”
testemunha Elizângela Roque sobre o processo de adoção que ela e o
esposo, Sílvio Roque, estão vivendo. Segundo dados da Vara de Infância
no Distrito Federal, são mais de 300 famílias habilitadas para a adoção,
enquanto a quantidade de crianças à espera de um novo lar não passa de
170. No Brasil, os números representam melhor a realidade da adoção. São
31 mil famílias para pouco mais de 4 mil crianças.
Segundo o
psicólogo-chefe do setor de adoção da Vara de Infância do Distrito
Federal, Walter Gomes, o grande problema que faz com que as pessoas
passem anos nas filas de adoção está no perfil escolhido. “Das 382
famílias habilitadas, 361 querem uma criança de 0 a 2 anos, branca,
saudável e sem irmãos”, afirma. Walter ressalta ainda que, no DF, não há
nenhuma criança neste perfil, o que deixa a fila mais estática ainda.
Para o casal Cristiane e Cristiano Mascarenhas, a espera por um filho
biológico foi custosa. Depois de 10 anos de casamento eles começaram a
se preocupar com a gravidez que não chegava. A partir da vivência do
método natural, Cristiane descobriu que não ovulava, fez tratamento e
aguardaram mais alguns anos. Depois disso, foi feita a investigação no
esposo. “Foi aí que descobrimos que a dificuldade para engravidar era
maior do que pensávamos”, conta Cristiane.
O casal relata que o
processo de acolher que não poderiam gerar filhos biológicos foi muito
doloroso. “Sempre que alguém rezava por mim, Deus falava que um dia eu
engravidaria. Isso me deixava triste, pois eu conhecia a nossa realidade
e os médicos descartavam qualquer chance disso acontecer”, conta.
Sem muita expectativa, entraram na fila de adoção em 2000. Somente em
2005, após receberem uma confirmação na Palavra de Deus, o casal se
abriu para a adoção. “Descobrimos o João Pedro em um abrigo, em Sobral.
Tempos atrás havíamos escolhido este nome caso tivéssemos um filho
biológico”, diz. Embora estivesse disponível para eles a adoção de um
bebê, o casal partilha que, em oração, Deus disse que seria uma criança
mais velha. João Pedro tinha seis anos na época. “Foi preciso renunciar,
por amor a Deus e ao João Pedro, os momentos da primeira infância.
Nossa prioridade foi acolher a vontade de Deus”, diz o casal.
Em
2008, Cristiane e Cristiano adotaram mais uma criança: Ana Beatriz, de 8
anos. “Com a chegada da Ana Beatriz, foi possível descobrir com clareza
o papel de cada um na nossa família, ser pai e ser mãe. É sempre um
aprendizado de amor”.
Depois de muito sofrer, procurar tratamentos,
ouvir palavras negativas dos médicos, o milagre chamado Maria Clara
chega na família Mascarenhas. Cristiane estava grávida! “Eu tinha 38
anos e um corpo maltratado pela quantidade de hormônios que tomei nas
tentativas anteriores de engravidar. Mas eu disse uma vez ao Cristiano
que se realmente Deus quisesse nos dar um filho biológico, ele não
precisaria de óvulo nem tampouco de esperma”, relembra a mãe.
No
caso de Elizângela e Sílvio Roque, a família já é numerosa: cinco
filhos. Eles contam que em 2008 conheceram uma criança na escola dos
filhos que não tinha referências familiares. “A criança estava sempre
ausente das atividades que envolviam famílias ou que necessitassem
comprar algo. Eu e meu marido passamos a ajudá-la, sem interesse algum
em adotá-la”, conta Eliz.
Na época, o casal tinha quatro filhos, mas
os laços com esta nova criança foram se estreitando, então, começaram a
pensar na adoção. “Em 2009, engravidei do meu quinto bebê e resolvemos
aguardar um pouco.” O casal afirma que o desafio se tornava cada vez
maior pois seria muito difícil acolher uma criança de cinco anos. No
mesmo ano, Eliz e Sílvio descobriram que a criança tinha um irmão de
oito anos. Para eles, um grande impacto, pois a legislação vigente não
permite que grupos de irmãos sejam separados nos processos de adoção.
Os pais contam que pediram que próprio Deus batesse na porta deles e
lhes desse sinais concretos sobre o que fazer. Para eles, a adoção é um
passo muito sério e não poderia ser uma decisão baseada apenas em
sentimentos. “E Deus respondeu. Recebemos uma ligação do Tribunal de
Justiça dizendo que ficaram sabendo que éramos um casal presente na vida
das duas crianças, e que a escola nos tinha como referência há bastante
tempo”, relata Eliz. Essa prática do TJ é comum nestes casos. A
ligação, segundo Eliz, tinha a intenção de buscar possíveis pais para
crianças abrigadas. “Eles queriam saber se tínhamos o interesse em
adotar os garotos. Para nós, foi uma grata surpresa de Deus!”.
O
casal vive, agora, um período chamado estágio de convivência. Segundo o
psicólogo Walter Gomes, este período existe para solidificar os
vínculos. As crianças passam tardes com as famílias e, dependendo dos
casos, pernoitam. São sempre com horários estabelecidos e previamente
agendados.“O tempo de duração deste estágio varia muito. Depende da
disponibilidade de agenda da família, do vínculo emocional. Um dos
sinais que nos fazem perceber que é o tempo de passar para a etapa
seguinte é se a criança apresenta sofrimento em ficar distante da
família”, conta.
Walter ressalta que a Vara de Infância valoriza
muito este período de estágio, pois se trata de uma prevenção de casos
de devoluções, extremamente traumáticos para a criança.
A fase atual
é a de inserção dos garotos na vida familiar e na realidade dos filhos
do casal. “Vimos algo muito belo acontecer diante de nossos olhos: uma
interação bela e saudável entre todas as crianças. Eles tratam-se, desde
o início, como irmãos, que brincam, brigam, reconciliam-se e começam
tudo de novo. Muito naturalmente.”, descreve a mãe.
A novidade na
família Roque não é apenas a chegada dos dois garotos, mas uma nova vida
que nasce dentro desse processo de escolha de amor. “O último presente
de Deus, mais recente, foi uma nova gestação. Estou grávida de oito
semanas e muito feliz por ser escolhida por Deus para esta função tão
importante: a de ser mãe. Mãe adotiva, Mãe biológica, sou Mãe,
simplesmente Mãe, por providência de Deus.”
APOIO À GESTANTE
A Vara de Infância possui também um programa especial de acompanhamento
de gestantes. Segundo Walter Gomes, para evitar que as mulheres
recorram ao aborto, elas são acompanhadas e estimuladas a darem
prosseguimento à gravidez. “Geralmente são mães que não despertaram para
a maternidade, vítimas de estupro ou outras situações. Elas podem
entregar os filhos, se quiserem”.
Walter afirma que 50% das mulheres
desistem de entregar as crianças para a adoção e que todo o processo é
feito com muita tranquilidade, deixando as mães muito à vontade para
decidir o que fazer quando os filhos nascem.
Narlla Sales
Membro da Comunidade de Aliança Shalom
Fonte: www.comshalom.org/adocao-pais-e-maes-por-escolha-de-deus
http://diegotales.blogspot.com.br/2013/10/adocao-pais-e-maes-por-escolha-de-deus.html
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