Notícia publicada pela Assessoria de Imprensa em 24/05/2015 16:22
Um mar de famílias vestindo a camisa da adoção. Este era o cenário da
6ª edição da Caminhada da Adoção, que ocorreu na manhã deste domingo,
dia 24, na orla de Copacabana, cartão-postal do Rio de Janeiro. No
evento, ocorrido em um típico dia de sol carioca, era possível ver pais e
mães com os filhos que adotaram, crianças integradas aos seus novos
núcleos familiares segurando balões coloridos, famílias ainda à espera
da chegada do tão sonhado filho.
Esse é o caso de Sara Pereira Guimarães, que levou a mãe para participar
do evento neste domingo. À espera do seu primeiro neto, Maria da Glória
não vê a hora de Sara, sua única filha, receber o seu filho adotivo.
"Vai ser excelente. Estou pedindo a Deus que venha logo esta criancinha
para podermos recebê-la com muito amor e carinho. Já vou fazer 71 anos e
quero curtir logo meu netinho", disse, entusiasmada, a futura vovó.
Aguardando há dois anos e meio, a candidata à adoção deu entrada no
processo em Brasília e, recentemente, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Sara não esconde a expectativa pela chegada do filho. "Estou doida que
chegue o meu filho, vai ser o meu primeiro, por isso, acredito que a
expectativa é ainda maior", afirmou.
O taxista Nelson Monteiro e sua esposa, Cláudia Monteiro, moradores de
Jacarepaguá, na Zona Oeste, fizeram questão de comparecer à caminhada
com seus dois filhos adotivos, Aron e Sofia. O casal, que optou pela
adoção após tentativas frustradas de tratamentos para engravidar, adotou
o menino aos 9 meses, mas, para deixar a família ainda mais completa,
oito meses após a primeira adoção, recebeu a Sofia, então com três
meses. "Eles vieram não só para nós, mas para a toda a família, para os
avós, os tios, os primos, os amigos, os vizinhos. Eles foram muito bem
recebidos e acolhidos por todo mundo", disse. Vestido com uma camisa do
Papai Pig - conhecido personagem do universo infantil, do famoso desenho
animado da atualidade "Peppa Pig", que retrata uma família de
porquinhos - o orgulhoso pai disse que as crianças mudaram a vida da
família para melhor. "É uma bênção em nossas vidas. Estamos passando por
uma fase muito boa. Aconselho a todos a adoção, mesmo que já tenham
filhos biológicos", afirmou.
Emocionada, a comerciante Márcia Ferreira fala com os olhos cheios de
lágrimas da chegada do filho, Rafael, hoje com cinco anos e adotado em
2011, quando tinha apenas um ano e sete meses. Ela participa do grupo de
Adoção Ana Gonzaga II, em Cascadura, e costuma frequentar festas em
abrigos e eventos voltados a apoiar a adoção. "Eu, como mãe adotiva, me
sinto muito feliz. O Rafael é a nossa vida, é a nossa razão de viver. Eu
não poderia ter outro filho que não fosse o Rafael. Ele foi o meu
filho escolhido por Deus, chegou na hora em que tinha que chegar, no
momento certo, preencheu o nosso coração. Faltava ele", afirmou,
aproveitando para mandar um recado àquelas pessoas que pensam em adotar,
mas ainda têm algum tipo de receio. "Vençam seus medos e vão à luta
pela sua felicidade, vão à luta por aquela crianças que está em um
abrigo esperando por um amor, por um carinho, por uma família, para que
elas possam ter educação e uma vida digna. Na nossa vida, o que eu e
meu marido buscamos é fazer o nosso filho feliz", disse. O pequeno
Rafael, que gosta de frescobol, de passar temporadas na casa de praia da
família, em São João da Barra, na Região dos Lagos, e de fazer
tatuagens infantis de tinta, já descobriu até um dom: é atleta infantil
de ginástica olímpica do Flamengo, famoso clube carioca. Seu marido, o
também comerciante Albere Lopes, disse que a adoção do menino preencheu
uma lacuna. "Cobriu um pedaço que faltava na gente", disse o pai.
Meta de mil adoções em um ano
Animado, o coordenador da Coordenadoria Estadual de Articulação das
Varas da Infância, da Juventude e do Idoso (Cevij) do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), desembargador Siro Darlan,
compareceu ao evento e falou sobre o pacto que será firmado amanhã, dia
25, entre o TJRJ, o Ministério Público e a Defensoria Pública com o
objetivo de desburocratizar o processo de adoção. Com a meta de alcançar
a marca de mil adoções em um ano, os juízes do TJRJ estão empenhados em
dar mais celeridade aos cerca de cinco mil processos de adoção em
andamento no Judiciário fluminense. "A iniciativa é no sentido de
desburocratizar a busca pelas mães que, muitas vezes, abandonam
crianças, e nós temos que buscar um número excessivo de fontes até
localizar essa família porque não se pode destituir o poder familiar sem
localização, sem comunicação com os pais biológicos. O pacto vai
facilitar muito, dar uma celeridade maior ao processo de adoção. O mais
importante é que as pessoas se habilitem a adotar acreditando que é
possível dar uma família para uma criança, mas que se habilitem sem
preconceito, sem qualquer forma de discriminação, sem um processo de
escolha muito estreito. As crianças estão aí, elas estão nos abrigos, em
estado de abandono, de violência, e, se nós formos capazes de dar a
elas uma família de qualidade, certamente estaremos respeitando um dos
mais importantes direitos fundamentais, que é o direito à convivência
familiar e comunitária", destacou o desembargador, citando que há cerca
de 33 mil famílias no país à espera de filhos para adotar e que existem
em torno de quatro mil crianças brasileiras aguardando, em abrigos, a
oportunidade de ter uma convivência familiar.
Segundo a organizadora do evento, a diretora de Relações Institucionais
da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção e presidente do mais
antigo grupo de adoção do estado, Quintal de Ana, Bárbara Toledo, o
número de adoções vem aumentando ao longo dos anos, conseguindo abranger
cada vez mais grupos de irmãos e crianças mais velhas. "Adoção não
combina com preconceito", acredita bárbara, que, no entanto, consegue
compreender o que leva muitos casais a preferirem a adoção de crianças
mais novas. "Quem não quer passar por todas as fases da vida do seu
filho?", acredita, elogiando a iniciativa do desembargador Siro Darlan.
"Ela é fundamental para garantir esse direito de as crianças terem uma
família. Quanto mais congregarmos pessoas, instituições, vamos ter mais
chances de despertar a atenção para essa realidade do abandono de
crianças, das crianças sem família, crianças esquecidas nas instituições
de acolhimento e que estão crescendo", disse.
Participando pela primeira vez da caminhada, o professor federal Mauro
Braga França e sua esposa, a servidora pública federal Patrícia
Fernandes França destacaram o entusiasmo pela adoção. "Nosso filho
Antônio é do coração, está conosco há dois anos e dois meses. A vontade
de ser mãe e ser pai nos levou à adoção, para realizar um sonho de
formar uma família de uma forma legítima, com amparo legal, e que não
tem a menor diferença de outra família que se forme". Para Mauro, os
interessados em adotar podem vir de braços abertos. "Venham sem medo de
ser feliz, sem preconceito, é uma família como outra qualquer. Quem vai
dizer que o Antônio não é nosso filho?", indagou. O casal está na fila
de adoção novamente aguardando mais um filho para completar a família.
"A qualquer momento, o telefone pode tocar e começar a alegria toda de
novo", afirmou Patrícia, entusiasmada.
Para a deputada estadual Jucélia Freitas, mais conhecida como tia Ju, a
relação com a adoção vem de família. "O meu envolvimento com a causa é
bem afetivo mesmo porque toda a minha família adota. Tenho irmã adotiva,
meu pai foi filho adotivo. Acreditamos que dá certo por experiência
própria. Uma caminhada como essa chama a atenção da população, da
sociedade para uma causa tão nobre, tão bela que é a adoção. Não importa
se o filho foi gerado no ventre ou no coração, o importante é acolher",
afirmou, defendendo que a família é a base fundamental para toda a
sociedade.
Organizado por grupos de
apoio à adoção e com a participação do TJRJ, da Assembleia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de
Janeiro (Caarj), o evento contou ainda com a participação da banda da
Polícia Militar, do grupo de dança Saving Souls e da Corte Mirim do Rio
de Janeiro, representando a Associação de Escolas de Samba Mirim do Rio
de Janeiro. Cerca de duas mil pessoas participaram da caminhada,
realizada em comemoração ao Dia Nacional da Adoção.
Veja a galeria de fotos no Flickr do TJRJ: https://goo.gl/sdjjwB
SFhttp://www.tjrj.jus.br/web/guest/home/-/noticias/visualizar/12113
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