ter, 26/05/2015 - 14:01
Atualizado em 27/05/2015 - 13:43
Atualizado às 14h
“Nas vésperas da estreia de "Salve Jorge", da Rede Globo, uma série de reportagens do Fantástico aproximou o enredo da nova novela - que tratava de tráfico de pessoas - da vida real. Era a história de uma quadrilha de mães paulistas que foram a Monte Santo, na Bahia, e, supostamente mancomunadas com um juiz local, tiraram cinco crianças de uma única família para dá-las à adoção.
O JornalGGN começa, hoje, a contar a verdadeira história das crianças de Monte Santo, cujo processo de adoção foi transformado em um espetáculo que tornou seus protagonistas -- famílias em busca de crianças carentes, facilitadores de adoção, juízes e conselhos tutelares -- em integrantes de uma quadrilha de tráfico de crianças.
Tirando o espetáculo e consideradas as provas pacientemente colhidas pelos acusados, sobram pessoas que tiveram as suas vidas invadidas e crianças transformadas em joguetes”.
Assim começava a série que o Jornal GGN lançou, em 6 de maio de 2013. Para estimular uma novela, foi montada uma das maiores farsas da história .com..comcom.comda mídia brasileira, criminalizado o instituto da adoção e, principalmente, jogado fora o destino de cinco crianças.
Um juiz sério foi tratado como criminoso. Um juiz polêmico – que, inclusive, terminou afastado de suas funções pelo Tribunal de Justiça da Bahia – transformado em herói contra o crime.
A politização da Secretaria de Direitos Humanos, nas mãos de uma Ministra despreparada, Maria do Rosário, transformou o sagrado instituto da adoção em uma forma de exploração capitalista, na qual os pais adotivos se atiram como aves der rapina contra o último bem do pobre: seus filhos.
Leia mais: Maria do Rosário e Fantástico ocultaram conclusões da CPI
Em nenhum momento se pensou nas crianças. Elas se transformaram em simples joguetes para que ONGs ligadas a partidos tentassem avançar sobre os conselhos tutelares, a Ministra pudesse se promover no Fantástico e o Fantástico e o Jornal Nacional pudessem promover sua novela.
Uma senhora caridosa, digna, mãe de crianças adotadas, preocupada em encaminhar outras crianças para adoção foi tratada como traficante. E esse show de horrores não parou por aí. Investiu contra uma juíza séria, responsável por um trabalho exemplar em Santa Catarina. Apenas porque o show não podia parar.
As crianças foram tiradas a toque de polícia das famílias que as acolheram e jogadas no inferno de um lar desfeito. Para impedir que o crime continuasse sendo denunciado, a Globo pagou as despesas da família durante algum tempo, retirando-a da cidade de Monte Santo. Durante o episódio, o repórter da Globo foi flagrado dando dinheiro para o pai biológico, um marginal com ampla ficha policial apresentado pelo Fantástico como homem trabalhador e honesto querendo o bem dos filhos.
Passado o show, encerrada a novela, tem-se o drama da vida real: crianças abandonadas, sem futuro. E uma mãe biológica arrependida de ter aceito o suborno de uma estação de TV mancomunada com o poder público.
Ontem foi o Dia Nacional de Adoção. E o Jornal do SBT foi atrás das crianças.
Com o devido perdão aos leitores pelo desabafo: que os autores desse crime sejam amaldiçoados, que sofram na pele o que sofreram essas crianças e as famílias que as acolheram.
Aqui vocês tem o link para o dossiê montado sobre o tema.
--
Da RAC
Cecília Polycarpo
O Tribunal de Justiça da Bahia anulou
nesta terça-feira (26) por unanimidade a decisão do juiz Luis Roberto
Cappio Pereira, da comarca de Monte Santo (BA), que determinou que cinco
crianças adotadas por famílias de Indaiatuba e Campinas retornassem à
mãe biológica na Bahia, em novembro de 2012. As quatro mães adotivas e o
Ministério Público (MP) baiano pediram a anulação da sentença sob a
alegação de que Cappio foi parcial ao julgar o caso.
Com a decisão, toda a instrução do processo será refeita e o caso será julgado novamente. Em entrevista ao SBT veiculada segunda-feira, a mãe biológica das crianças, Silvania Maria Mota Silva, expressou arrependimento por ter pedido os filhos de volta. A advogada das famílias irá negociar com Silvania a devolução amigável das crianças enquanto o processo não é reaberto.
“A decisão anulada significada que o juiz não apreciou o processo como deveria. Ele deveria ser instruído, deveria ter ouvido famílias, crianças, psicólogos. Nada disso ocorreu. Agora o processo será reaberto”, disse a advogada de duas mães, Lenora Thais Steffen Todt Panzetti.
As crianças foram adotadas em junho de 2011, quando o juiz Vitor Manoel Xavier Bizerra, com base em documentos apresentados pelo Conselho Tutelar de Monte Santo, e com o aval do MP, determinou a retirada das cinco crianças de Silvania. Em sua decisão, alegou que os menores sofriam maus-tratos.
Com a decisão, toda a instrução do processo será refeita e o caso será julgado novamente. Em entrevista ao SBT veiculada segunda-feira, a mãe biológica das crianças, Silvania Maria Mota Silva, expressou arrependimento por ter pedido os filhos de volta. A advogada das famílias irá negociar com Silvania a devolução amigável das crianças enquanto o processo não é reaberto.
“A decisão anulada significada que o juiz não apreciou o processo como deveria. Ele deveria ser instruído, deveria ter ouvido famílias, crianças, psicólogos. Nada disso ocorreu. Agora o processo será reaberto”, disse a advogada de duas mães, Lenora Thais Steffen Todt Panzetti.
As crianças foram adotadas em junho de 2011, quando o juiz Vitor Manoel Xavier Bizerra, com base em documentos apresentados pelo Conselho Tutelar de Monte Santo, e com o aval do MP, determinou a retirada das cinco crianças de Silvania. Em sua decisão, alegou que os menores sofriam maus-tratos.
Em novembro daquele mesmo ano, o juiz
Luis Roberto Cappio, que assumiu a Comarca de Monte Santo, revogou a
decisão e determinou o retorno dos menores à Bahia, após quase um ano e
meio de convívio com as famílias substitutas, que tentavam a guarda
definitiva das crianças.
As famílias adotivas foram acusadas de participação em um esquema de tráfico de crianças no interior baiano. O esquema, inclusive, teria participação do juiz Vitor Bizerra. As denúncias foram apresentadas pelo então juiz do caso, Cappio, que chegou a afirmar que estava sofrendo ameaças dos supostos traficantes.
As famílias adotivas foram acusadas de participação em um esquema de tráfico de crianças no interior baiano. O esquema, inclusive, teria participação do juiz Vitor Bizerra. As denúncias foram apresentadas pelo então juiz do caso, Cappio, que chegou a afirmar que estava sofrendo ameaças dos supostos traficantes.
O caso foi parar no Congresso Nacional, na CPI que apurava o tráfico de pessoas, mas nada ficou comprovado. Até hoje, não há nenhuma prova que sustente as afirmações de Cappio.
Por conta das denúncias contra Bizerra, o magistrado segue afastado das funções. Cappio também foi afastado. Documentos analisados pelo Ministério Público da Bahia e Tribunal de Justiça daquele estado mostraram que o juiz Cappio mentiu por diversas vezes no processo. Uma das farsas dizia respeito às ameaças sofridas. Ele chegou a usar colete a prova de balas e andava com agentes da Polícia Federal. O próprio Cappio, em depoimento a corregedores do TJ, afirmou que mentiu em relação às denúncias.
O magistrado também foi considerado suspeito de julgar o caso. Ele chegou a posar em fotos com a família de Silvania no dia do retorno das crianças à cidade de Monte Santo, em dezembro de 2012.
A gravidade das falsas denúncias foi
tamanha que o Tribunal de Justiça da Bahia chegou a questionar a
sanidade mental do juiz, que responde a dezenas de processos no Tribunal
de Justiça. Vitor Bizerra também está sub judice do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), porém, ele tem parecer favorável à sua absolvição, mas
depende de julgamento do pleno do Conselho, o que não tem data para
acontecer.
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