03.03.2016
Por Ane Bulcão
E março chegou!! O mês internacional de conscientização da Endometriose começa e o blog retoma a coluna "Gestação do Coração". Não é fácil ter filhos. E falo isso não apenas em relação aos filhos biológicos. Infelizmente, a burocracia para a adoção ainda é muito grande. Em mais um texto da coluna "Gestação do Coração", Ane conta que ela e o marido, Paulo, já estão aptos e entraram para o Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Porém, todo o processo até aqui levou 10 meses, isso mesmo, e eles já estão há sete na fila de espera. Detalhe: Ane e Paulo querem filhos de idade maior de 3 anos a 7 anos e meio, como ela já falou em textos anteriores. E mesmo assim a demora ainda é longa. Neste artigo Ane conta como foi o segundo encontro do casal no Fórum e o curso que eles fizeram por três meses para estarem aptos a entrarem para o CNA. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Já se passou pouco mais de ano desde meu último artigo. Confesso que os afazeres do cotidiano vão nos tomando conta e quando percebemos o tempo vai passando cada vez mais rápido e ainda há muito por fazer. O ano de 2015 foi um ano de muitas lutas e, sobretudo, de vitórias, acredito que não só para mim, mas para cada uma endoguerreira. Senti muitas dores é verdade - mesmo depois da cirurgia feita em fevereiro de 2014 - continuei com meu tratamento no hospital São Paulo - que ajudou muito - e assim fui vencendo um gigante por vez com a força vinda da parte do meu Pai celeste. Decidi viver minha vida na alegria que só o Senhor pode me dar apesar de tudo. Hoje estou bem melhor graças a Deus não totalmente sem dores, mas não há comparação de como vivia antes.
Então vamos voltar para o que interessa: falar como é que foi nosso segundo encontro no Fórum e como foi o curso de adoção que tivemos que fazer. No dia 18 de dezembro de 2014 fomos a mais um encontro com a psicóloga e a assistente social - que já eram outras pessoas - no fórum de nossa comarca, também participaram muitos outros casais que assim como nós vão adotar.
A finalidade desse encontro era esclarecer algumas dúvidas sobre o processo em si, explicar que nosso nome ainda não estava na fila de adoção, o que de certa forma nos deixou um tanto frustrados com tanta burocracia, e também informar que nós ainda teríamos que participar de um grupo de apoio à adoção indicado pelo fórum. E só assim depois de cumpridos os três meses de curso seríamos avaliados e, com relatório final da equipe de psicologia - sendo positivo, claro - nosso processo seria encaminhado para o promotor, que também ao ler os anais do processo e dando o parecer positivo, este por sua vez iria para as mão da juíza, que por fim, nos habilitaria para entrarmos para fila de adoção.
Ufa é isso mesmo dá para cansar só de ler (risos). Mas devo dizer que cada comarca tem uma forma diferente de trabalhar, pois já ouvi de amigos que adotaram e não precisaram passar por toda essa romaria. Bastou colocar os papéis em sua comarca e logo após entrevista com a psicóloga e a assistente social do fórum já entraram pra fila. Portanto, quero dizer que se alguém aí pretende adotar não precisa ficar desanimado (a). Gravidez é assim mesmo, demora nove meses até as mamães terem seus bebês nos braços e conosco também não seria diferente.
Chegou 2015 e como janeiro é mês de férias ficamos esperando o retorno das aulas, já que o grupo de apoio a adoção que iríamos participar seria feito por alunos concluintes de psicologia de uma faculdade. Em fevereiro ligamos na faculdade e conseguimos entrar para uma turma que iniciaria em março. Foi maravilhoso porque soubemos que a procura é tão grande, que às vezes os casais têm de ficar em “outra fila” pra fazer o tal curso, afinal estamos no Brasil, o país das filas!
Nosso primeiro encontro se deu no dia 21 de março, num sábado e assim seriam durante os próximos três meses todos os sábados. Éramos eu e Paulo e mais sete casais. Esses encontros visavam oferecer informações sobre o tema em espaço de escuta, discussão e reflexão sobre questões concernentes à adoção, bem como a construção de vínculos, falar sobre maternidade e paternidade, além é claro de abordar aspectos históricos e sociais da adoção ao longo dos anos no Brasil. Tudo isso com todo cuidado para nos manter bem informados e atualizados a fim de que se desfizesse quaisquer ideias romantizadas sobre a adoção. A cada encontro eram trabalhados mitos e verdades sobre o tema proposto o que nos fez crescer muito e reafirmar nossas convicções que já foram abordadas nos textos anteriores (leia texto 1 e texto 2).
Assistimos muitos vídeos que mostravam as crianças em abrigos, suas expectativas e sonhos em serem adotados, o drama daqueles que por serem maiorzinhos ninguém, ou pelo menos a maioria (cerca de 80%) dos pretendentes a adoção não queriam adotá-los. Confesso que quando chegou nessa parte meu coração ficou muito mexido, por vezes até chorei nesses encontros, pois já sinto um amor tão grande por uma pessoinha que ainda nem chegou, mas que já arrebatou meu coração e sei que muitas vezes ele/ela antes de dormir deve estar pedindo ao Papai do Céu um pai e uma mãe que o/a ame mesmo já sendo “grandinhos”, que o leve para sua casa e o/a proteja e lhe dê muito amor e carinho e também que lhe ponha limites. Enfim, que sejam a família de direito que um dia por circunstâncias adversas a vida lhes negou. É difícil para eu escrever sobre isso sem que meu coração não chore... Afinal estou grávida no coração e as grávidas ficam sensíveis, choram por tudo, não é verdade?
Foi muito gostoso participar dos encontros. Pudemos fazer amizade com os outros casais o que ajuda muito enquanto aguardamos a chegada tão esperada. No último dia fomos desafiados a fazer um desenho de nossa família já com nosso filhinho/a fazendo algo que gostamos muito de fazer, e por fim, a parte que eu desabei é claro e que Paulo suou pelos olhos, pois homem não chora (risos)... Tivemos que fazer uma carta para ele/a falando de nossa expectativa em sua chegada, como nos sentimos com essa espera, o que sentimos por ele/a. Aí aguenta coração! Temos todo material do curso guardado, inclusive, nossa cartinha de amor para quando nosso pimpolho/a estiver conosco ver como foram os preparativos para chegada.
Graças a Deus o parecer final dos psicólogos, do promotor e da juíza foram favoráveis. No dia 15 de julho oficialmente entramos para a fila do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e de lá pra cá lá se vão sete meses de pura expectativa, mas também de muita fé em Deus de que tudo acontece no tempo certo e nosso filho/a tem sido gerado em nossa alma, e que nosso pré-natal está sendo feito com tudo nos conformes e que em breve a bolsa vai estourar e o parto acontecerá.
Sigamos em frente, pois a luta continua. Desistir jamais, fé em Deus, pois certamente ele está ao nosso lado sempre para nos ajudar a atravessar os vales dessa vida até chegarmos aos montes, aos lugares onde desfrutaremos da vitória. Beijo carinhoso.
Original disponível em: http://aendometrioseeeu.blogspot.com.br/2016/03/gestacao-do-coracao-enfim-entramos-para.html
Reproduzido por: Lucas H.
Por Ane Bulcão
E março chegou!! O mês internacional de conscientização da Endometriose começa e o blog retoma a coluna "Gestação do Coração". Não é fácil ter filhos. E falo isso não apenas em relação aos filhos biológicos. Infelizmente, a burocracia para a adoção ainda é muito grande. Em mais um texto da coluna "Gestação do Coração", Ane conta que ela e o marido, Paulo, já estão aptos e entraram para o Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Porém, todo o processo até aqui levou 10 meses, isso mesmo, e eles já estão há sete na fila de espera. Detalhe: Ane e Paulo querem filhos de idade maior de 3 anos a 7 anos e meio, como ela já falou em textos anteriores. E mesmo assim a demora ainda é longa. Neste artigo Ane conta como foi o segundo encontro do casal no Fórum e o curso que eles fizeram por três meses para estarem aptos a entrarem para o CNA. Beijo carinhoso! Caroline Salazar
Já se passou pouco mais de ano desde meu último artigo. Confesso que os afazeres do cotidiano vão nos tomando conta e quando percebemos o tempo vai passando cada vez mais rápido e ainda há muito por fazer. O ano de 2015 foi um ano de muitas lutas e, sobretudo, de vitórias, acredito que não só para mim, mas para cada uma endoguerreira. Senti muitas dores é verdade - mesmo depois da cirurgia feita em fevereiro de 2014 - continuei com meu tratamento no hospital São Paulo - que ajudou muito - e assim fui vencendo um gigante por vez com a força vinda da parte do meu Pai celeste. Decidi viver minha vida na alegria que só o Senhor pode me dar apesar de tudo. Hoje estou bem melhor graças a Deus não totalmente sem dores, mas não há comparação de como vivia antes.
Então vamos voltar para o que interessa: falar como é que foi nosso segundo encontro no Fórum e como foi o curso de adoção que tivemos que fazer. No dia 18 de dezembro de 2014 fomos a mais um encontro com a psicóloga e a assistente social - que já eram outras pessoas - no fórum de nossa comarca, também participaram muitos outros casais que assim como nós vão adotar.
A finalidade desse encontro era esclarecer algumas dúvidas sobre o processo em si, explicar que nosso nome ainda não estava na fila de adoção, o que de certa forma nos deixou um tanto frustrados com tanta burocracia, e também informar que nós ainda teríamos que participar de um grupo de apoio à adoção indicado pelo fórum. E só assim depois de cumpridos os três meses de curso seríamos avaliados e, com relatório final da equipe de psicologia - sendo positivo, claro - nosso processo seria encaminhado para o promotor, que também ao ler os anais do processo e dando o parecer positivo, este por sua vez iria para as mão da juíza, que por fim, nos habilitaria para entrarmos para fila de adoção.
Ufa é isso mesmo dá para cansar só de ler (risos). Mas devo dizer que cada comarca tem uma forma diferente de trabalhar, pois já ouvi de amigos que adotaram e não precisaram passar por toda essa romaria. Bastou colocar os papéis em sua comarca e logo após entrevista com a psicóloga e a assistente social do fórum já entraram pra fila. Portanto, quero dizer que se alguém aí pretende adotar não precisa ficar desanimado (a). Gravidez é assim mesmo, demora nove meses até as mamães terem seus bebês nos braços e conosco também não seria diferente.
Chegou 2015 e como janeiro é mês de férias ficamos esperando o retorno das aulas, já que o grupo de apoio a adoção que iríamos participar seria feito por alunos concluintes de psicologia de uma faculdade. Em fevereiro ligamos na faculdade e conseguimos entrar para uma turma que iniciaria em março. Foi maravilhoso porque soubemos que a procura é tão grande, que às vezes os casais têm de ficar em “outra fila” pra fazer o tal curso, afinal estamos no Brasil, o país das filas!
Nosso primeiro encontro se deu no dia 21 de março, num sábado e assim seriam durante os próximos três meses todos os sábados. Éramos eu e Paulo e mais sete casais. Esses encontros visavam oferecer informações sobre o tema em espaço de escuta, discussão e reflexão sobre questões concernentes à adoção, bem como a construção de vínculos, falar sobre maternidade e paternidade, além é claro de abordar aspectos históricos e sociais da adoção ao longo dos anos no Brasil. Tudo isso com todo cuidado para nos manter bem informados e atualizados a fim de que se desfizesse quaisquer ideias romantizadas sobre a adoção. A cada encontro eram trabalhados mitos e verdades sobre o tema proposto o que nos fez crescer muito e reafirmar nossas convicções que já foram abordadas nos textos anteriores (leia texto 1 e texto 2).
Assistimos muitos vídeos que mostravam as crianças em abrigos, suas expectativas e sonhos em serem adotados, o drama daqueles que por serem maiorzinhos ninguém, ou pelo menos a maioria (cerca de 80%) dos pretendentes a adoção não queriam adotá-los. Confesso que quando chegou nessa parte meu coração ficou muito mexido, por vezes até chorei nesses encontros, pois já sinto um amor tão grande por uma pessoinha que ainda nem chegou, mas que já arrebatou meu coração e sei que muitas vezes ele/ela antes de dormir deve estar pedindo ao Papai do Céu um pai e uma mãe que o/a ame mesmo já sendo “grandinhos”, que o leve para sua casa e o/a proteja e lhe dê muito amor e carinho e também que lhe ponha limites. Enfim, que sejam a família de direito que um dia por circunstâncias adversas a vida lhes negou. É difícil para eu escrever sobre isso sem que meu coração não chore... Afinal estou grávida no coração e as grávidas ficam sensíveis, choram por tudo, não é verdade?
Foi muito gostoso participar dos encontros. Pudemos fazer amizade com os outros casais o que ajuda muito enquanto aguardamos a chegada tão esperada. No último dia fomos desafiados a fazer um desenho de nossa família já com nosso filhinho/a fazendo algo que gostamos muito de fazer, e por fim, a parte que eu desabei é claro e que Paulo suou pelos olhos, pois homem não chora (risos)... Tivemos que fazer uma carta para ele/a falando de nossa expectativa em sua chegada, como nos sentimos com essa espera, o que sentimos por ele/a. Aí aguenta coração! Temos todo material do curso guardado, inclusive, nossa cartinha de amor para quando nosso pimpolho/a estiver conosco ver como foram os preparativos para chegada.
Graças a Deus o parecer final dos psicólogos, do promotor e da juíza foram favoráveis. No dia 15 de julho oficialmente entramos para a fila do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e de lá pra cá lá se vão sete meses de pura expectativa, mas também de muita fé em Deus de que tudo acontece no tempo certo e nosso filho/a tem sido gerado em nossa alma, e que nosso pré-natal está sendo feito com tudo nos conformes e que em breve a bolsa vai estourar e o parto acontecerá.
Sigamos em frente, pois a luta continua. Desistir jamais, fé em Deus, pois certamente ele está ao nosso lado sempre para nos ajudar a atravessar os vales dessa vida até chegarmos aos montes, aos lugares onde desfrutaremos da vitória. Beijo carinhoso.
Original disponível em: http://aendometrioseeeu.blogspot.com.br/2016/03/gestacao-do-coracao-enfim-entramos-para.html
Reproduzido por: Lucas H.
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