24/01/2016
Por Eduardo Almeida
Portal Gazetaweb.com
No entanto, maioria acaba em orfanatos por não atender a pré-requisitos estabelecidos pelos pretendentes.
Uma estatística cruel revela que, para cada criança ou adolescente disponível para adoção em Alagoas, existem pelo menos seis candidatos a pais em busca de um filho. Porém, como quem escolhe uma mercadoria, muitos pretendentes desistem da adoção pelo fato de não ter expectativas como idade, sexo e cor de pele atendidas na procura.
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atualmente existem 278 candidatos a pais e apenas 45 crianças e adolescentes alagoanos no Cadastro Nacional de Adoção. O número de pretendentes é 6,17 vezes maior do que a disponibilidade, e, mesmo assim, as casas de passagem da capital e do interior seguem lotadas.
Mas esta não é uma realidade exclusiva de Alagoas. No Brasil, há 34.624 candidatos a pais e 6.319 crianças prontas para a adoção. São meninos e meninas que esperam ansiosos para ter uma família que possam finalmente chamar de sua.
Estatisticamente comprovada, a preferência de quem busca adotar é por crianças com até dois anos de idade, de cor branca e de sexo feminino. Os números do CNJ revelam que, quanto maior a idade, menor a chance de encontrar uma família.
"Os dados mostram uma triste realidade de exclusão. Isso é um grande erro, na minha opinião, porque, quem está adotando, não está comprando uma mercadoria, e sim em busca de um filho. No meu ponto de vista, deveria ser algo natural", explica o juiz Ney Alcântara, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Maceió.
COMO ADOTAR?
O magistrado explica que, para adotar uma criança, é necessário que o candidato se inscreva no Cadastro Nacional de Adoção e que atenda a critérios estabelecidos pelo CNJ. O primeiro passo, segundo ele, é procurar a Vara da Infância mais próxima e apresentar documento de identificação e comprovante de residência. Em seguida, será agendada uma entrevista.
"Estão aptos para a adoção os maiores de idade, com diferença mínima de 16 anos para quem será adotado; com idoneidade moral; e que sejam autossustentáveis", observa o juiz, acrescentando que não é permitida a adoção por parentes - sejam ascendentes (bisavôs, avós ou pais) ou descendente s(filhos, netos ou bisnetos).
Alcântara ressalta que a única imposição financeira ao pretendente é que ele seja autossustentável. "Não importa se ele é rico ou pobre. O candidato deve ter condições de se sustentar e de sustentar a criança ou adolescente que for adotado. Só isso".
Também não existe restrição no que diz respeito à orientação sexual do pretendente. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a adoção desde que haja vantagem para quem está sendo adotado, "motivos legítimos" e um ambiente propício para o desenvolvimento, independentemente de se tratar de candidatos homossexuais ou heterossexuais.
FAMÍLIAS SUPERAM BARREIRAS E DÃO EXEMPLO DE DEDICAÇÃO
Se de um lado, há quem escolha; de outro, há quem se doe. É o caso da família da comerciante Márcia de Souza Rodrigues, que adotou uma criança com quadro de hidroanencefalia há cerca de 17 anos. O amor ofertado à filha Letícia fez com que a garota contrariasse todas as indicações médicas e sobrevivesse por 15 anos, tornando-se um caso raro no Brasil.
"Quando adotamos a Letícia ela tinha 1 ano e 3 meses. Fomos informados de que ela tinha um quadro grave de hidrocefalia. Conseguimos uma cirurgia para implantar uma válvula, mas descobrimos que ela só tinha o tronco cerebral e o cerebelo", diz a comerciante que se emociona três anos após a morte da filha.
Márcia fala com saudosismo do amor que a família alimentou pela nova integrante. "Foi paixão à primeira vista. Quando a vimos no orfanato, nos apaixonamos. A partir de então, o amor só aumentou. As dificuldades nunca nos fizeram pensar em desistir", explica a comerciante, que chegou a contrair dívidas para dar o suporte adequado à Letícia.
Assim como Márcia, a psicóloga Ana Paula Monteiro mostra que adoção é sinônimo de doação. Mãe de um garoto que atualmente tem 11 anos, ela explica que convive com naturalidade com os questionamentos do filho e que sempre buscou superar as dificuldades por meio do diálogo. Segundo ela, a fórmula tem dado certo.
"Desde que ele era pequeno, sempre busquei explicar que era meu filho do coração e que isso não diminuía o amor que eu sentia por ele. Tive dificuldades para engravidar e me cadastrei numa lista de espera em Arapiraca à época. Foi quando ele surgiu. Sempre deixo claro o quanto desejei que ele aparecesse na minha vida", ressalta a psicóloga, que conseguiu engravidar após a adoção.
Mas Ana Paula conta que o fato de o filho saber que é adotado e lidar bem com o assunto não impediu que ele fosse vítima de preconceito. "Meu filho sabe que é adotado. Eu nunca escondi nada dele. Mas há situações que são desnecessárias. Na escola, ele já sofreu bullying. Fiz questão de entrar em contato com a mãe da criança e explicar o que aconteceu", pondera.
TRANSPARÊNCIA É A MELHOR FORMA DE EVITAR DECEPÇÕES, DIZ PSICÓLOGO
Para o psicólogo Aluízio Costa, transparência é a melhor forma de evitar frustrações tanto para os pais, quanto para os próprios filhos. Segundo ele, o diálogo deve ser constante e a presença de um profissional especializado para acompanhar a família é fundamental no antes, durante e depois do processo de adoção de uma criança.
"No início, há as expectativas da família e da criança. Depois, vem o processo de adaptação no novo lar. Por fim, a convivência. Todos os processos exigem um acompanhamento constante para que haja uma relação saudável, sem exageros. Nesse processo, ser sincero com o filho é o melhor caminho e evita que as partes se decepcionem ou se frustrem", pondera.
O psicólogo ressalta que, se uma criança tem conhecimento de que é adotada, torna-se mais fácil lidar com os questionamentos naturais que surgem ao longo do caminho. "É importante que a família expresse o amor, mas que explique que a criança é filha do coração, mesmo que ela ainda não entenda exatamente o que aquilo quer dizer. Será um processo bem menos traumático para as duas partes e evitará problemas maiores no futuro", acrescenta.
Aluízio Costa lembra que ainda existe muito preconceito sobre o assunto e que um dos reflexos disso é o grande número de crianças disponíveis para adoção. "A maior parte das pessoas quer um bebê, porque acredita que pode moldar a personalidade dele. Mas, na verdade, a personalidade é moldada ao longo da nossa vida. Por isso, não há motivos para deixar de adotar devido à idade".
QUAL O PAPEL DO CONSELHO TUTELAR?
No processo de adoção, o Conselho Tutelar faz a intermediação entre crianças que estão em situação de vulnerabilidade e a Justiça, que coordena os trâmites legais. Na prática, o Conselho recolhe crianças que tiveram direitos violados e as apresenta na Vara da Infância, para que elas possam integrar o Cadastro Nacional de Adoção.
Mas não significa que toda criança recolhida pelos conselhos estará disponível para a adoção. Algumas delas são levadas para abrigos, mas continuam mantendo contato com as famílias. "Se for constatado que a família original não tem condições de ficar com a guarda da criança, o nome dela é incluído no cadastro e ela fica disponível para adoção", explica o magistrado Ney Alcântara.
A coordenadora do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Maceió, Ubiratânia Amorim, explica que a capital tem hoje 10 conselhos tutelares, que passaram por eleições unificadas no último ano. Os conselhos, segundo ela, têm a função de garantir a preservação dos direitos de crianças e adolescentes e integram uma política municipal.
"Maceió contava, até 2014, com sete conselhos tutelares. Mas, no último ano, esse número foi elevado para dez. Essa é uma forma do município assegurar os direitos ao maior número de crianças possíveis. Cada conselho é formado por cinco titulares e dois suplentes e atuam dentro de uma determinada área administrativa", conclui.
ABRIGOS GUARDAM MAIS QUE CRIANÇAS, GUARDAM HISTÓRIAS
Maceió conta hoje com nove abrigos para adoção. Quem entra neles, tem contato não só com crianças e adolescentes, mas com histórias de superação e força de vontade de voluntários. É o caso de Cleópatra Diógenes de Melo, ou simplesmente Cléo, como prefere ser chamada, uma das criadoras do Lar de Amparo a Crianças para Adoção (Laca), que funciona no Feitosa.
A instituição privada, sem fins lucrativos, foi criada em 2008 por um grupo de senhoras que fazia trabalho voluntário em abrigos da capital. Por ela, já passaram 123 crianças ao longo dos últimos oito anos. Atualmente, o Laca guarda seis crianças, que têm idades entre 0 e seis anos.
"Nossa história começa lá atrás, com trabalhos voluntários na Igreja de São Pedro, na Ponta Verde. Depois, passamos a nos voluntariar em abrigos de Maceió. Por fim, nós decidimos criar o Laca em 2008. Buscamos apoio do Ministério Público e fundamos a instituição, que é um orgulho para nós", explica Cléo ao mostrar as instalações do abrigo, que conta com três quartos, cozinha, banheiros adaptados, parque de diversão, varanda e área de serviço.
De acordo com ela, pelo local passaram casos emblemáticos, como o de uma criança de dois anos que sofria maus tratos da própria mãe. "O garoto chegou aqui através do Conselho Tutelar e trazia diversas queimaduras de ponta de cigarro. A própria mãe fazia isso com ele. Nós o recebemos e cuidamos para que ele se tratasse e fosse adotado por uma família", lembra.
No entanto, para poder superar traumas como este, Cléo explica que é necessário o apoio de doações e de voluntários. "Nós somos uma entidade 100% privada, que depende de doações. Nós contamos hoje com um quadro de oito funcionários fixos. Cada criança traz uma história junto de si, algumas positivas outras nem tanto. Por isso, a importância de doações e voluntários".
Por fim, a diretora da instituição ressalta que adoção deve ser visto como um gesto de amor. "Se as pessoas não escolhessem tanto, não veríamos essa quantidade de crianças nos orfanatos. Quem quer adotar uma criança ou adolescente deve encarar a ação como um gesto de amor, de carinho. No fundo, quem mais ganha é o a nova família que é formada", conclui.
Original disponível em: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia.php?c=2395
Reproduzido por: Lucas H.
Por Eduardo Almeida
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No entanto, maioria acaba em orfanatos por não atender a pré-requisitos estabelecidos pelos pretendentes.
Uma estatística cruel revela que, para cada criança ou adolescente disponível para adoção em Alagoas, existem pelo menos seis candidatos a pais em busca de um filho. Porém, como quem escolhe uma mercadoria, muitos pretendentes desistem da adoção pelo fato de não ter expectativas como idade, sexo e cor de pele atendidas na procura.
De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atualmente existem 278 candidatos a pais e apenas 45 crianças e adolescentes alagoanos no Cadastro Nacional de Adoção. O número de pretendentes é 6,17 vezes maior do que a disponibilidade, e, mesmo assim, as casas de passagem da capital e do interior seguem lotadas.
Mas esta não é uma realidade exclusiva de Alagoas. No Brasil, há 34.624 candidatos a pais e 6.319 crianças prontas para a adoção. São meninos e meninas que esperam ansiosos para ter uma família que possam finalmente chamar de sua.
Estatisticamente comprovada, a preferência de quem busca adotar é por crianças com até dois anos de idade, de cor branca e de sexo feminino. Os números do CNJ revelam que, quanto maior a idade, menor a chance de encontrar uma família.
"Os dados mostram uma triste realidade de exclusão. Isso é um grande erro, na minha opinião, porque, quem está adotando, não está comprando uma mercadoria, e sim em busca de um filho. No meu ponto de vista, deveria ser algo natural", explica o juiz Ney Alcântara, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Maceió.
COMO ADOTAR?
O magistrado explica que, para adotar uma criança, é necessário que o candidato se inscreva no Cadastro Nacional de Adoção e que atenda a critérios estabelecidos pelo CNJ. O primeiro passo, segundo ele, é procurar a Vara da Infância mais próxima e apresentar documento de identificação e comprovante de residência. Em seguida, será agendada uma entrevista.
"Estão aptos para a adoção os maiores de idade, com diferença mínima de 16 anos para quem será adotado; com idoneidade moral; e que sejam autossustentáveis", observa o juiz, acrescentando que não é permitida a adoção por parentes - sejam ascendentes (bisavôs, avós ou pais) ou descendente s(filhos, netos ou bisnetos).
Alcântara ressalta que a única imposição financeira ao pretendente é que ele seja autossustentável. "Não importa se ele é rico ou pobre. O candidato deve ter condições de se sustentar e de sustentar a criança ou adolescente que for adotado. Só isso".
Também não existe restrição no que diz respeito à orientação sexual do pretendente. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a adoção desde que haja vantagem para quem está sendo adotado, "motivos legítimos" e um ambiente propício para o desenvolvimento, independentemente de se tratar de candidatos homossexuais ou heterossexuais.
FAMÍLIAS SUPERAM BARREIRAS E DÃO EXEMPLO DE DEDICAÇÃO
Se de um lado, há quem escolha; de outro, há quem se doe. É o caso da família da comerciante Márcia de Souza Rodrigues, que adotou uma criança com quadro de hidroanencefalia há cerca de 17 anos. O amor ofertado à filha Letícia fez com que a garota contrariasse todas as indicações médicas e sobrevivesse por 15 anos, tornando-se um caso raro no Brasil.
"Quando adotamos a Letícia ela tinha 1 ano e 3 meses. Fomos informados de que ela tinha um quadro grave de hidrocefalia. Conseguimos uma cirurgia para implantar uma válvula, mas descobrimos que ela só tinha o tronco cerebral e o cerebelo", diz a comerciante que se emociona três anos após a morte da filha.
Márcia fala com saudosismo do amor que a família alimentou pela nova integrante. "Foi paixão à primeira vista. Quando a vimos no orfanato, nos apaixonamos. A partir de então, o amor só aumentou. As dificuldades nunca nos fizeram pensar em desistir", explica a comerciante, que chegou a contrair dívidas para dar o suporte adequado à Letícia.
Assim como Márcia, a psicóloga Ana Paula Monteiro mostra que adoção é sinônimo de doação. Mãe de um garoto que atualmente tem 11 anos, ela explica que convive com naturalidade com os questionamentos do filho e que sempre buscou superar as dificuldades por meio do diálogo. Segundo ela, a fórmula tem dado certo.
"Desde que ele era pequeno, sempre busquei explicar que era meu filho do coração e que isso não diminuía o amor que eu sentia por ele. Tive dificuldades para engravidar e me cadastrei numa lista de espera em Arapiraca à época. Foi quando ele surgiu. Sempre deixo claro o quanto desejei que ele aparecesse na minha vida", ressalta a psicóloga, que conseguiu engravidar após a adoção.
Mas Ana Paula conta que o fato de o filho saber que é adotado e lidar bem com o assunto não impediu que ele fosse vítima de preconceito. "Meu filho sabe que é adotado. Eu nunca escondi nada dele. Mas há situações que são desnecessárias. Na escola, ele já sofreu bullying. Fiz questão de entrar em contato com a mãe da criança e explicar o que aconteceu", pondera.
TRANSPARÊNCIA É A MELHOR FORMA DE EVITAR DECEPÇÕES, DIZ PSICÓLOGO
Para o psicólogo Aluízio Costa, transparência é a melhor forma de evitar frustrações tanto para os pais, quanto para os próprios filhos. Segundo ele, o diálogo deve ser constante e a presença de um profissional especializado para acompanhar a família é fundamental no antes, durante e depois do processo de adoção de uma criança.
"No início, há as expectativas da família e da criança. Depois, vem o processo de adaptação no novo lar. Por fim, a convivência. Todos os processos exigem um acompanhamento constante para que haja uma relação saudável, sem exageros. Nesse processo, ser sincero com o filho é o melhor caminho e evita que as partes se decepcionem ou se frustrem", pondera.
O psicólogo ressalta que, se uma criança tem conhecimento de que é adotada, torna-se mais fácil lidar com os questionamentos naturais que surgem ao longo do caminho. "É importante que a família expresse o amor, mas que explique que a criança é filha do coração, mesmo que ela ainda não entenda exatamente o que aquilo quer dizer. Será um processo bem menos traumático para as duas partes e evitará problemas maiores no futuro", acrescenta.
Aluízio Costa lembra que ainda existe muito preconceito sobre o assunto e que um dos reflexos disso é o grande número de crianças disponíveis para adoção. "A maior parte das pessoas quer um bebê, porque acredita que pode moldar a personalidade dele. Mas, na verdade, a personalidade é moldada ao longo da nossa vida. Por isso, não há motivos para deixar de adotar devido à idade".
QUAL O PAPEL DO CONSELHO TUTELAR?
No processo de adoção, o Conselho Tutelar faz a intermediação entre crianças que estão em situação de vulnerabilidade e a Justiça, que coordena os trâmites legais. Na prática, o Conselho recolhe crianças que tiveram direitos violados e as apresenta na Vara da Infância, para que elas possam integrar o Cadastro Nacional de Adoção.
Mas não significa que toda criança recolhida pelos conselhos estará disponível para a adoção. Algumas delas são levadas para abrigos, mas continuam mantendo contato com as famílias. "Se for constatado que a família original não tem condições de ficar com a guarda da criança, o nome dela é incluído no cadastro e ela fica disponível para adoção", explica o magistrado Ney Alcântara.
A coordenadora do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Maceió, Ubiratânia Amorim, explica que a capital tem hoje 10 conselhos tutelares, que passaram por eleições unificadas no último ano. Os conselhos, segundo ela, têm a função de garantir a preservação dos direitos de crianças e adolescentes e integram uma política municipal.
"Maceió contava, até 2014, com sete conselhos tutelares. Mas, no último ano, esse número foi elevado para dez. Essa é uma forma do município assegurar os direitos ao maior número de crianças possíveis. Cada conselho é formado por cinco titulares e dois suplentes e atuam dentro de uma determinada área administrativa", conclui.
ABRIGOS GUARDAM MAIS QUE CRIANÇAS, GUARDAM HISTÓRIAS
Maceió conta hoje com nove abrigos para adoção. Quem entra neles, tem contato não só com crianças e adolescentes, mas com histórias de superação e força de vontade de voluntários. É o caso de Cleópatra Diógenes de Melo, ou simplesmente Cléo, como prefere ser chamada, uma das criadoras do Lar de Amparo a Crianças para Adoção (Laca), que funciona no Feitosa.
A instituição privada, sem fins lucrativos, foi criada em 2008 por um grupo de senhoras que fazia trabalho voluntário em abrigos da capital. Por ela, já passaram 123 crianças ao longo dos últimos oito anos. Atualmente, o Laca guarda seis crianças, que têm idades entre 0 e seis anos.
"Nossa história começa lá atrás, com trabalhos voluntários na Igreja de São Pedro, na Ponta Verde. Depois, passamos a nos voluntariar em abrigos de Maceió. Por fim, nós decidimos criar o Laca em 2008. Buscamos apoio do Ministério Público e fundamos a instituição, que é um orgulho para nós", explica Cléo ao mostrar as instalações do abrigo, que conta com três quartos, cozinha, banheiros adaptados, parque de diversão, varanda e área de serviço.
De acordo com ela, pelo local passaram casos emblemáticos, como o de uma criança de dois anos que sofria maus tratos da própria mãe. "O garoto chegou aqui através do Conselho Tutelar e trazia diversas queimaduras de ponta de cigarro. A própria mãe fazia isso com ele. Nós o recebemos e cuidamos para que ele se tratasse e fosse adotado por uma família", lembra.
No entanto, para poder superar traumas como este, Cléo explica que é necessário o apoio de doações e de voluntários. "Nós somos uma entidade 100% privada, que depende de doações. Nós contamos hoje com um quadro de oito funcionários fixos. Cada criança traz uma história junto de si, algumas positivas outras nem tanto. Por isso, a importância de doações e voluntários".
Por fim, a diretora da instituição ressalta que adoção deve ser visto como um gesto de amor. "Se as pessoas não escolhessem tanto, não veríamos essa quantidade de crianças nos orfanatos. Quem quer adotar uma criança ou adolescente deve encarar a ação como um gesto de amor, de carinho. No fundo, quem mais ganha é o a nova família que é formada", conclui.
Original disponível em: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia.php?c=2395
Reproduzido por: Lucas H.
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