09.01.2016
Por Josiane Quintana
Este lindo depoimento nos faz refletir sobre o momento entre decidir pela adoção e entrar com o pedido de habilitação. Apesar das dificuldades e das voltas que a vida dá, o que realmente importa é manter o coração fértil!
"Daí o médico olha pro exame, olha pra ti, olha pro exame de novo e suspira.
-Minha filha, tu tá com um cisto bem grande no ovário. mais 0,2cm e tu tem que fazer cirurgia.
- Vou poder ter filhos , dr.?
-Vai ser um pouco difícil... Uma pena... uma guria na tua idade...
eu tinha 30 anos. menos de um ano de casada. depois de uns 3 meses sofrendo de dores resolvi ir no médico. saí chateada, chorosa pois não poderia gerar um filho para meu marido. adoção para mim, não era uma novidade, tampouco assustador, pois aconteceu naturalmente na minha família duas vezes.
satisfeita com o resultado, não por não poder gerar, mas pela preocupação com a intensidade das dores, procurei uma segunda opinião.
- Guriazinha, a gente precisa fazer urgente uma cirurgia pra não comprometer teu ovário e tu vai tentar engravidar até o final do ano (2014), se tu não conseguir, vamos tirar teu útero porque ele tá bem comprometido.
Tirado o cisto, iniciado o tratamento, comecei a buscar grupos de apoio para adoção. Assim encontrei o Instituto Amigos de Lucas, onde me senti muito bem recebida e muitas dúvidas e preocupações vêm sendo esclarecidas desde junho de 2014, além de grandes amigos feitos.
Passei a frequentar mensalmente o grupo e conversar mais sobre adoção com meu marido, que me apoiava e conversava seguidamente sobre o tema ,assim como me apoiou ao decidir a dar entrada nos papéis para adoção. Infelizmente algumas pessoas olhavam pra mim com pena por não poder ser mãe (de barriga) ou chocadas pelo fato de eu querer adotar uma criança entre 3 e 7 anos: "Nossa, Josi, não esperava isso de ti. pensei que tu ia querer um bebezinho" ou "Essa criança pode vir cheia de trauma, problemas, tu vai aguentar?".
Em meio a essas perguntas , trabalho, família, entrevistas com psicologa pra conseguir laudo psicológico pra adoção, fui abandonada pelo marido.
"O que vai ser de mim agora? como vou constituir minha família? Quem vai querer uma mulher que não pode gerar filhos?" Foram perguntas que me perturbavam muito.
Pensei que não ia conseguir superar, mas com amigos e família superamos tudo.
O ano chegava ao fim, mais uma revisão médica se aproximava. Mais seis meses de tratamento.
Outro ano se inicia. Novo relacionamento. Novos amigos. Nova cirurgia. Retirada de 3 miomas do útero.
Novos preconceitos, novas dificuldades.
"Mas tu vai ser mãe solteira?o que teu namorado pensa disso?" , "Por favor me diz que o motivo de tu não ter filhos ainda não é por problemas de saúde (com tom de piedade)" "eu não tenho filhos e é por problema de saúde (pessoa me olha com o triplo de cara de piedade)
Mais seis meses de tratamento pós-operatório, revisão.
-Tu não pensa em ser mãe? O tempo tá passando, aproveita que agora teu útero tá limpo.
-Penso sim, Dr. mas faz um tempo que não penso na hipótese de gerar filho. Estou focada na adoção, mas se tiver que ter , terei filhos gerados por mim.
A correria do ano continuava, mas minha principal meta de 2015 não saía da cabeça: entregar documentação pra dar entrada no meu processo de adoção. Parei de colocar o meu trabalho frente dos meus sonhos, corri pra juntar minha documentação e consegui entregar dia 11/12/15.
Quando olhei pro número do meu processo, não sabia se chorava, se ria, se ligava pra alguém, se mandava mensagem pra amigos, andava desnorteada pela cidade, naquele fim de tarde. Deve ser isso que uma grávida sente após várias tentativas e finalmente aparece "positivo" em seu exame.
- Tô grávida. Vou ser mãe. Vou ter meu filho. Fui inseminada no coração.
Sei que tem uma longa jornada ainda até entrar no CNA e outra até estar com meu filho, que ainda vou ouvir muitos comentários infelizes, preconceituosos, passarei dificuldades, mas.... e daí? Dane-se o mundo. Logo serei mãe. Logo terei meu filho ou filha. Estará ao meu lado quem realmente se importa comigo para me apoiar nessa mudança que tanto sonho. Logo minha vida vai mudar. Logo mudarei a vida de alguém."
Josiane da S. Quintana Alves
Professora no município de Charqueadas/RS
Grávida do Coração
Obrigado Josi, por compartilhar sua história conosco e que sirva de exemplo para que mais não dependam de relacionamentos ou opiniões alheias para realizar seus sonhos de maternidade/paternidade.
Original disponível em:http://eloadocao.blogspot.com.br/2016/01/inseminada-no-coracao-por-josiane.html
Reproduzido por: Lucas H.
Por Josiane Quintana
Este lindo depoimento nos faz refletir sobre o momento entre decidir pela adoção e entrar com o pedido de habilitação. Apesar das dificuldades e das voltas que a vida dá, o que realmente importa é manter o coração fértil!
"Daí o médico olha pro exame, olha pra ti, olha pro exame de novo e suspira.
-Minha filha, tu tá com um cisto bem grande no ovário. mais 0,2cm e tu tem que fazer cirurgia.
- Vou poder ter filhos , dr.?
-Vai ser um pouco difícil... Uma pena... uma guria na tua idade...
eu tinha 30 anos. menos de um ano de casada. depois de uns 3 meses sofrendo de dores resolvi ir no médico. saí chateada, chorosa pois não poderia gerar um filho para meu marido. adoção para mim, não era uma novidade, tampouco assustador, pois aconteceu naturalmente na minha família duas vezes.
satisfeita com o resultado, não por não poder gerar, mas pela preocupação com a intensidade das dores, procurei uma segunda opinião.
- Guriazinha, a gente precisa fazer urgente uma cirurgia pra não comprometer teu ovário e tu vai tentar engravidar até o final do ano (2014), se tu não conseguir, vamos tirar teu útero porque ele tá bem comprometido.
Tirado o cisto, iniciado o tratamento, comecei a buscar grupos de apoio para adoção. Assim encontrei o Instituto Amigos de Lucas, onde me senti muito bem recebida e muitas dúvidas e preocupações vêm sendo esclarecidas desde junho de 2014, além de grandes amigos feitos.
Passei a frequentar mensalmente o grupo e conversar mais sobre adoção com meu marido, que me apoiava e conversava seguidamente sobre o tema ,assim como me apoiou ao decidir a dar entrada nos papéis para adoção. Infelizmente algumas pessoas olhavam pra mim com pena por não poder ser mãe (de barriga) ou chocadas pelo fato de eu querer adotar uma criança entre 3 e 7 anos: "Nossa, Josi, não esperava isso de ti. pensei que tu ia querer um bebezinho" ou "Essa criança pode vir cheia de trauma, problemas, tu vai aguentar?".
Em meio a essas perguntas , trabalho, família, entrevistas com psicologa pra conseguir laudo psicológico pra adoção, fui abandonada pelo marido.
"O que vai ser de mim agora? como vou constituir minha família? Quem vai querer uma mulher que não pode gerar filhos?" Foram perguntas que me perturbavam muito.
Pensei que não ia conseguir superar, mas com amigos e família superamos tudo.
O ano chegava ao fim, mais uma revisão médica se aproximava. Mais seis meses de tratamento.
Outro ano se inicia. Novo relacionamento. Novos amigos. Nova cirurgia. Retirada de 3 miomas do útero.
Novos preconceitos, novas dificuldades.
"Mas tu vai ser mãe solteira?o que teu namorado pensa disso?" , "Por favor me diz que o motivo de tu não ter filhos ainda não é por problemas de saúde (com tom de piedade)" "eu não tenho filhos e é por problema de saúde (pessoa me olha com o triplo de cara de piedade)
Mais seis meses de tratamento pós-operatório, revisão.
-Tu não pensa em ser mãe? O tempo tá passando, aproveita que agora teu útero tá limpo.
-Penso sim, Dr. mas faz um tempo que não penso na hipótese de gerar filho. Estou focada na adoção, mas se tiver que ter , terei filhos gerados por mim.
A correria do ano continuava, mas minha principal meta de 2015 não saía da cabeça: entregar documentação pra dar entrada no meu processo de adoção. Parei de colocar o meu trabalho frente dos meus sonhos, corri pra juntar minha documentação e consegui entregar dia 11/12/15.
Quando olhei pro número do meu processo, não sabia se chorava, se ria, se ligava pra alguém, se mandava mensagem pra amigos, andava desnorteada pela cidade, naquele fim de tarde. Deve ser isso que uma grávida sente após várias tentativas e finalmente aparece "positivo" em seu exame.
- Tô grávida. Vou ser mãe. Vou ter meu filho. Fui inseminada no coração.
Sei que tem uma longa jornada ainda até entrar no CNA e outra até estar com meu filho, que ainda vou ouvir muitos comentários infelizes, preconceituosos, passarei dificuldades, mas.... e daí? Dane-se o mundo. Logo serei mãe. Logo terei meu filho ou filha. Estará ao meu lado quem realmente se importa comigo para me apoiar nessa mudança que tanto sonho. Logo minha vida vai mudar. Logo mudarei a vida de alguém."
Josiane da S. Quintana Alves
Professora no município de Charqueadas/RS
Grávida do Coração
Obrigado Josi, por compartilhar sua história conosco e que sirva de exemplo para que mais não dependam de relacionamentos ou opiniões alheias para realizar seus sonhos de maternidade/paternidade.
Original disponível em:http://eloadocao.blogspot.com.br/2016/01/inseminada-no-coracao-por-josiane.html
Reproduzido por: Lucas H.
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