quarta-feira, 22 de junho de 2016

ÍNDICE DE ADOÇÕES É BAIXO EM CARAZINHO (Reprodução)

Carazinho, 20/06/2016
Apesar de existir vários casais habilitados e crianças disponíveis, muitas permanecem na fila de espera por uma família, por não ter o perfil preferido da maioria. Apenas quatro sentenças de adoção se concretizaram no ano passado e duas esse ano

Atualmente há 52 casais habilitados na Comarca de Carazinho, aguardando na fila de espera a oportunidade de adotar uma criança. O juiz de direito Bruno Massing de Oliveira, responsável pelo Juizado Infância e Juventude, considera expressivo o número de pessoas interessadas na adoção.

Segundo ele, apesar do número considerável de interessados, o volume não se reflete no índice de adoções, principalmente pelo fato de a maioria ter a preferência por crianças com menos de dois anos de idade, claras e que nãos sejam portadoras de alguma necessidade especial. “A preferência dos casais habilitados é essa, principalmente nessa faixa etária de crianças. Essa situação vai ser abordada no próximo curso de adoção. É importante que os casais habilitados não fechem tanto as exigências para adotar. Eu mesmo já trabalhei em casos em que há crianças lindas, muito afetivas, que estão fora deste contexto, desses requisitos, mas que, quando adotadas, vivem muito felizes”, revela.

Outra situação, conforme o magistrado, é que muitas vezes a adoção só é possibilitada por diversos motivos, após os dois anos de idade. “Às vezes a família de origem contesta e o processo acaba demorando mais tempo do que deveria ou a situação para que a criança seja adotada só acontece após os dois anos. Então, eu recomendaria que os casais não fechassem tanto essa questão para esse perfil”, observa. “Há casos em que eu trabalhei e que deram muito certo, em que tanto a criança adotada quanto a família que a adotou estão muito bem hoje e que não fazem parte desse perfil preferido dos casais que estão habilitados”, argumenta.

Em relação ao tempo na fila de espera o juiz de direito explica que não há um prazo determinado, pois cada caso tem sua particularidade. Segundo ele, o casal que pretende adotar uma criança ou adolescente, deve se habilitar no Juizado da Infância e Juventude de Carazinho, quando então passará por uma série de requisitos para concretizar a adoção. Entre elas, avaliação psicológica, estudo social da residência, e condição financeira para saber se tem condições de dar uma boa educação para a criança a ser adota. “Vai ser avaliada a conduta do casal, depois é ouvido Ministério Público, o casal também passa por um curso junto ao Juizado da Infância e Juventude, com a Assistência Social Judiciária, com o juiz e a promotora da área. Caso o parecer psicossocial demonstre que o casal está apto para adotar, então é deferida a habilitação para a adoção”, esclarece.

POUCAS ADOÇÕES

Mesmo existindo casais habilitados e também crianças e adolescentes na fila de espera por um família, no ano passado apenas quatro sentenças de adoção foram concretizadas na Comarca e esse ano, duas até o momento. “Eu gostaria que o índice de adoções fosse maior, porque há muitos casais interessados e por outro lado também há muitas crianças e adolescentes precisando. Ocorre, que muitas vezes não fecha o perfil idealizado pelo casal e a criança ou adolescente que está disponível para adoção. Eu gostaria que outras crianças e adolescentes que estão aptos, mas que não estão no perfil, também sejam adotados”, enfatiza Bruno Massing de Oliveira.
O titular do Juizado da Infância e Juventude destaca ainda, que no Abrigo Professora Odila, por exemplo, há crianças disponíveis para adoção no momento, mas que, infelizmente não se encaixam no perfil desejado dos pretendentes. Há casos em que foi tentada até adoção internacional, mas sem êxito.

QUESTÃO CULTURAL

O juiz de direito enfatiza que os casais que pretendem adotar, muitos estão com a vida mais estabilizada, têm certa experiência, vivência, às vezes já têm filhos biológicos, mas querem viver a experiência de uma adoção. “Antes de sair a sentença definitiva de adoção é feito um estágio de convivência entre o casal que vai adotar e a criança ou adolescente que vai ser adotado. Depois de avaliada essa relação, se os dois lados estão adaptados, se estiver tudo certo é deferida a sentença de adoção. Após o término desse período não há mais esse acompanhamento pelo Poder Judiciário”, ressalta.

Bruno Massing enfatiza que sempre que há possibilidade de uma criança ser adotada na Comarca, imediatamente são procurados os casais habilitados. “Não queremos dar esse prazo, esse tempo para uma criança ficar institucionalizada, sem ter uma família. Quando surge uma possibilidade de adoção nós já contatamos os casais. A minha insatisfação é no sentido de que, no meu ideal eu gostaria que mais crianças e adolescentes fossem adotados, até porque há famílias querendo adotar. Infelizmente, às vezes o perfil não se encaixa e o índice de adoções acaba não sendo o ideal”, lamenta.

O magistrado destaca ainda, que a escolha do perfil é uma questão cultural. “Os casais normalmente querem crianças menores de dois anos, porque ainda é pequena, está recém formando sua consciência, seu grau de cidadania. Procuram perfil assim porque pretendem dar o seu enfoque, a sua educação, por entender que quanto mais jovem, mais fácil será esse processo de assimilação. Volto a repetir que há casos em que trabalhei, onde houve adoção um pouco mais tardia, e as famílias até hoje me procuram para demonstrar o quanto elas estão bem. Recomendo aos casais que abram um pouco esse leque, porque há situações bem interessantes envolvendo crianças e adolescentes extremamente afetuosos e o afeto não é dado apenas por crianças abaixo dos dois anos de idade”, indica.

Original disponível em: http://www.diariodamanha.com/plantao/ver/20737/%C3%8Dndice+de+ado%C3%A7%C3%B5es+%C3%A9+baixo+em+Carazinho

Reproduzido por: Lucas H.

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