19/06/2016 16:38
Uma vez por semana, durante uma hora, a única obrigação de dezenas de crianças atendidas no Centro Social Dom João Costa, no Alto José do Pinho, no Recife, é contar e ouvir histórias. Pode ser qualquer uma. Real ou imaginária. Lida ou improvisada. De uma forma ou de outra, todas trazem um significado, uma mensagem no final. Ajudam a compreender melhor o entorno, nem sempre fácil. Empoderam os ouvintes porque fazem acreditar em múltiplas possibilidades. Presentes e futuras.
Pouco a pouco as histórias acalmam. Deixam crianças boquiabertas, com olhares de expectativa para o final. Transformam. Foi assim com uma criança recém-chegada afeita a agressões contra os colegas. Depois de tanto ouvir sobre boa convivência, tem mudado a forma de agir. Essa é a ideia. Se o assunto recorrente entre as crianças é a mentira, conta-se histórias sobre o tema. Quando o desrespeito precisa de debate aprofundado, uma história pode mostrar os caminhos.
O Centro Social funciona como espaço de contraturno. Oferece música, dança e contação de histórias, essa última promovida pela Empreendeler. O projeto foi criado em outubro de 2014 e o piloto foi aplicado no Alto José do Pinho. Hoje funciona também no Lar de Maria, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes; na comunidade Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro; e no Centro Social Santa Luzia, na Torre, os dois últimos no Recife.
Na biblioteca de paredes recheadas de livros do Centro Social, as voluntárias do projeto, são duas, usam objetos coloridos e gesticulação para interpretar e apreender melhor os ouvintes. Antes de partirem para a prática, passam por um curso de três meses onde enterram preconceitos. Refazem a forma de encarar o outro. Conhecem o lugar onde vão trabalhar. Assim, seguem para as comunidades mais preparadas. Os voluntários precisam se comprometer a permanecer por um ano no projeto.
“A ideia é mostrar para as crianças que elas podem sonhar grande. Podem ser o que quiserem”, ressalta Danielle Bezerra, 36, voluntária. O que não pode naquele espaço de crescimento pessoal é remar contra a maré. “Se vamos a um espaço de crianças para adoção, por exemplo, não conto histórias de família, do tipo pai, mãe, filho”, reflete. Júlia Soares, 30, outra voluntária, também toma as mesmas precauções. “Eles adoram histórias de terror, mas evito contar algo que tenha tortura”, completa.
Na sala onde Danielle e Júlia atuam, são cerca de 17 meninos e meninas. Abraão Victor, 10, improvisa uma história. Fala sobre os efeitos de uma competição violenta nos esportes. Wyllyanny Kamili, 10, diz que se imagina no lugar dos personagens das histórias, pensa que tais destinos podem ser plenamente aplicados na própria vida. Na biblioteca, as crianças podem ser mesmo o que quiserem. Só não vale desrespeitar. O importante é ter olhos atentos para ler e ouvidos para ouvir. Para ingressar no Empreendeler, o primeiro passo é procurar o site www.euqueromudaromundo.org ou a página do projeto no Facebook.
O Empreendeler é um dos 50 projetos aprovados para serem incubados na primeira turma a ser formada no Porto Social. Por um ano, os participantes das iniciativas terão acesso a computadores, internet, salas de reuniões e eventos. Também receberão mentoria nas áreas de gestão, planejamento, elaboração de projetos e comunicação. Ao todo são 150 agentes de transformação em nove áreas de inclusão: idosos, dança, cidades inteligentes, esportes, educação, igualdade de gêneros, saúde e meio ambiente. Leia mais iniciativas nas próximas edições do domingo no Diario.
Original disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2016/06/19/interna_vidaurbana,651180/leitura-como-instrumento-para-mudar-destinos.shtml
Reproduzido por: Lucas H.
Pouco a pouco as histórias acalmam. Deixam crianças boquiabertas, com olhares de expectativa para o final. Transformam. Foi assim com uma criança recém-chegada afeita a agressões contra os colegas. Depois de tanto ouvir sobre boa convivência, tem mudado a forma de agir. Essa é a ideia. Se o assunto recorrente entre as crianças é a mentira, conta-se histórias sobre o tema. Quando o desrespeito precisa de debate aprofundado, uma história pode mostrar os caminhos.
O Centro Social funciona como espaço de contraturno. Oferece música, dança e contação de histórias, essa última promovida pela Empreendeler. O projeto foi criado em outubro de 2014 e o piloto foi aplicado no Alto José do Pinho. Hoje funciona também no Lar de Maria, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes; na comunidade Caranguejo Tabaiares, na Ilha do Retiro; e no Centro Social Santa Luzia, na Torre, os dois últimos no Recife.
Na biblioteca de paredes recheadas de livros do Centro Social, as voluntárias do projeto, são duas, usam objetos coloridos e gesticulação para interpretar e apreender melhor os ouvintes. Antes de partirem para a prática, passam por um curso de três meses onde enterram preconceitos. Refazem a forma de encarar o outro. Conhecem o lugar onde vão trabalhar. Assim, seguem para as comunidades mais preparadas. Os voluntários precisam se comprometer a permanecer por um ano no projeto.
“A ideia é mostrar para as crianças que elas podem sonhar grande. Podem ser o que quiserem”, ressalta Danielle Bezerra, 36, voluntária. O que não pode naquele espaço de crescimento pessoal é remar contra a maré. “Se vamos a um espaço de crianças para adoção, por exemplo, não conto histórias de família, do tipo pai, mãe, filho”, reflete. Júlia Soares, 30, outra voluntária, também toma as mesmas precauções. “Eles adoram histórias de terror, mas evito contar algo que tenha tortura”, completa.
Na sala onde Danielle e Júlia atuam, são cerca de 17 meninos e meninas. Abraão Victor, 10, improvisa uma história. Fala sobre os efeitos de uma competição violenta nos esportes. Wyllyanny Kamili, 10, diz que se imagina no lugar dos personagens das histórias, pensa que tais destinos podem ser plenamente aplicados na própria vida. Na biblioteca, as crianças podem ser mesmo o que quiserem. Só não vale desrespeitar. O importante é ter olhos atentos para ler e ouvidos para ouvir. Para ingressar no Empreendeler, o primeiro passo é procurar o site www.euqueromudaromundo.org ou a página do projeto no Facebook.
O Empreendeler é um dos 50 projetos aprovados para serem incubados na primeira turma a ser formada no Porto Social. Por um ano, os participantes das iniciativas terão acesso a computadores, internet, salas de reuniões e eventos. Também receberão mentoria nas áreas de gestão, planejamento, elaboração de projetos e comunicação. Ao todo são 150 agentes de transformação em nove áreas de inclusão: idosos, dança, cidades inteligentes, esportes, educação, igualdade de gêneros, saúde e meio ambiente. Leia mais iniciativas nas próximas edições do domingo no Diario.
Original disponível em: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2016/06/19/interna_vidaurbana,651180/leitura-como-instrumento-para-mudar-destinos.shtml
Reproduzido por: Lucas H.
Nenhum comentário:
Postar um comentário