11/07/16
Adolescentes e grupos de irmãos são os que têm mais dificuldade de conseguir uma família adotiva. Dados do Cadastro Nacional de Adoção mostram que a fila da adoção no Rio de Janeiro anda a passos mais lentos porque a maioria dos 3.337 pretendentes a dar um lar aos menores prefere meninas de até 5 anos de idade e sem ligação biológica com outras crianças. Não fossem as exigências, haveria mais pais à espera de filhos adotivos do que o contrário. Pelo menos 300 dos cerca de dois mil adolescentes e crianças abrigados no estado estão aptos a ir para novas famílias.
— Existe uma tendência (das famílias) a querer meninas. E tem uma curva da idade que vai até 6 anos. A partir daí, cai muito o número de pretendentes, a ponto de só ter três pessoas interessadas em adotar um adolescente de 14 anos. Um desafio é resolver a questão dos grupos de irmãos, que são maioria nos abrigos e enfrentam dificuldade ainda maior para serem adotados — diz a coordenadora das Varas de Infância, Juventude e Idoso da capital, Raquel Chrispino.
Negra, com 5 anos e dois irmãos na época, a estudante Tatiana Massolar da Silva Figueiró, hoje com 22, se enquadrava num perfil que poderia condená-la a uma longa temporada no orfanato, onde ficou por três anos. Mas a história mudou quando a aposentada Vera Lúcia, de 62, fazendo trabalho social na instituição, em Duque de Caxias, encantou-se pelo trio. Antes, um casal alemão havia se interessado apenas pela menina.
— Minha mãe estava na fila e não fazia restrição. Teve prioridade e ficamos juntos. Ela foi muito corajosa. Abriu mão de muita coisa para nos dar uma vida melhor. Se não conseguisse ficar com meus irmãos, eu não estaria completa. Seria uma busca constante, imaginando como eles estariam — diz a irmã de Julio, de 21, e Ygor, de 20.
Há outras barreiras à adoção, lembra o juiz da 1ª Vara da Infância da capital, Pedro Henrique Alves.
— Se aceitassem crianças com enfermidades, teríamos menos crianças e adolescentes nos abrigos. Essa cultura é brasileira. No exterior é diferente.
Estatísticas são nacionais
O quadro do Rio é um reflexo da situação nacional. Do total de 36.472 pretendentes à adoção do cadastro nacional, 25.448 (69,7%) não aceitam irmãos. E quando a criança faz 7 anos, há uma queda drástica na quantidade de candidatos a pais, de 7,44% para 3,52%. Quando atinge os 17 anos, a procura cai para 0,05%. Em todo o país existem apenas 20 pessoas interessadas em adotar jovens com essa idade.
Com dois filhos já em idade adulta, adotados aos 5 e 12 anos, o professor Elifas Dias da Silva, de 63 anos, morador no Andaraí, resolveu partir mais uma vez para a chamada adoção tardia, desta vez de um adolescente aos 14 anos.
— Sei que tem muitas crianças menores precisando de um lar, mas como sou separado e fico a maior parte do tempo fora de casa, por conta do trabalho, tinha de optar por uma criança autossuficiente. Então, optei por ele, que está com uma família acolhedora enquanto aguarda o fim do processo de adoção.
O professor diz que, se não fosse por uma desavença entre o jovem e a irmã, de 17 anos, que estava no mesmo abrigo, teria optado pelos dois. Para ele, o preconceito leva as pessoas a evitarem a chamada adoção tardia.
— O medo está na crença de que podem estar levando um delinquente para dentro de casa ou alguém que futuramente não será agradecido a elas, o que é um tabu.
Passo a passo da adoção
PROCEDIMENTO — Os interessados devem requerer sua inscrição no cadastro do juízo de pessoas interessadas em adotar. A partir daí, é aberto um procedimento no qual são ouvidos pela equipe técnica, formada por assistentes sociais e psicólogos.
ONDE IR — No Rio, o interessado deve procurar a Divisão de Serviço Social da 1ª Vara da Infância e da Juventude, ao lado do Sambódromo, de 2ª a 6ª feira, para ser orientado sobre os procedimentos de adoção.
HABILITAÇÃO — Uma vez habilitado e inscrito no Cadastro Nacional de Adoção, o interessado recebe um certificado com validade de dois anos e com o qual pode se apresentar nos abrigos ou aguardar a indicação de uma criança pela Divisão de Serviço Social.
QUEM PODE — Maiores de 21 anos. É recomendável que seja pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. Não há restrição quanto ao estado civil.
DOCUMENTAÇÃO — Carteira de identidade, CPF, certidão de casamento ou nascimento, conforme o caso, declaração de idoneidade moral, comprovantes de residência e de renda e atestado de sanidade física e mental.
RESTRIÇÃO — Avós, bisavós e irmãos não podem adotar seus parentes.
Original disponível em: http://extra.globo.com/noticias/rio/restricao-de-idade-a-irmaos-faz-fila-de-adocao-se-arrastar-no-rio-19683895.html
Reproduzido por: Lucas H.
Adolescentes e grupos de irmãos são os que têm mais dificuldade de conseguir uma família adotiva. Dados do Cadastro Nacional de Adoção mostram que a fila da adoção no Rio de Janeiro anda a passos mais lentos porque a maioria dos 3.337 pretendentes a dar um lar aos menores prefere meninas de até 5 anos de idade e sem ligação biológica com outras crianças. Não fossem as exigências, haveria mais pais à espera de filhos adotivos do que o contrário. Pelo menos 300 dos cerca de dois mil adolescentes e crianças abrigados no estado estão aptos a ir para novas famílias.
— Existe uma tendência (das famílias) a querer meninas. E tem uma curva da idade que vai até 6 anos. A partir daí, cai muito o número de pretendentes, a ponto de só ter três pessoas interessadas em adotar um adolescente de 14 anos. Um desafio é resolver a questão dos grupos de irmãos, que são maioria nos abrigos e enfrentam dificuldade ainda maior para serem adotados — diz a coordenadora das Varas de Infância, Juventude e Idoso da capital, Raquel Chrispino.
Negra, com 5 anos e dois irmãos na época, a estudante Tatiana Massolar da Silva Figueiró, hoje com 22, se enquadrava num perfil que poderia condená-la a uma longa temporada no orfanato, onde ficou por três anos. Mas a história mudou quando a aposentada Vera Lúcia, de 62, fazendo trabalho social na instituição, em Duque de Caxias, encantou-se pelo trio. Antes, um casal alemão havia se interessado apenas pela menina.
— Minha mãe estava na fila e não fazia restrição. Teve prioridade e ficamos juntos. Ela foi muito corajosa. Abriu mão de muita coisa para nos dar uma vida melhor. Se não conseguisse ficar com meus irmãos, eu não estaria completa. Seria uma busca constante, imaginando como eles estariam — diz a irmã de Julio, de 21, e Ygor, de 20.
Há outras barreiras à adoção, lembra o juiz da 1ª Vara da Infância da capital, Pedro Henrique Alves.
— Se aceitassem crianças com enfermidades, teríamos menos crianças e adolescentes nos abrigos. Essa cultura é brasileira. No exterior é diferente.
Estatísticas são nacionais
O quadro do Rio é um reflexo da situação nacional. Do total de 36.472 pretendentes à adoção do cadastro nacional, 25.448 (69,7%) não aceitam irmãos. E quando a criança faz 7 anos, há uma queda drástica na quantidade de candidatos a pais, de 7,44% para 3,52%. Quando atinge os 17 anos, a procura cai para 0,05%. Em todo o país existem apenas 20 pessoas interessadas em adotar jovens com essa idade.
Com dois filhos já em idade adulta, adotados aos 5 e 12 anos, o professor Elifas Dias da Silva, de 63 anos, morador no Andaraí, resolveu partir mais uma vez para a chamada adoção tardia, desta vez de um adolescente aos 14 anos.
— Sei que tem muitas crianças menores precisando de um lar, mas como sou separado e fico a maior parte do tempo fora de casa, por conta do trabalho, tinha de optar por uma criança autossuficiente. Então, optei por ele, que está com uma família acolhedora enquanto aguarda o fim do processo de adoção.
O professor diz que, se não fosse por uma desavença entre o jovem e a irmã, de 17 anos, que estava no mesmo abrigo, teria optado pelos dois. Para ele, o preconceito leva as pessoas a evitarem a chamada adoção tardia.
— O medo está na crença de que podem estar levando um delinquente para dentro de casa ou alguém que futuramente não será agradecido a elas, o que é um tabu.
Passo a passo da adoção
PROCEDIMENTO — Os interessados devem requerer sua inscrição no cadastro do juízo de pessoas interessadas em adotar. A partir daí, é aberto um procedimento no qual são ouvidos pela equipe técnica, formada por assistentes sociais e psicólogos.
ONDE IR — No Rio, o interessado deve procurar a Divisão de Serviço Social da 1ª Vara da Infância e da Juventude, ao lado do Sambódromo, de 2ª a 6ª feira, para ser orientado sobre os procedimentos de adoção.
HABILITAÇÃO — Uma vez habilitado e inscrito no Cadastro Nacional de Adoção, o interessado recebe um certificado com validade de dois anos e com o qual pode se apresentar nos abrigos ou aguardar a indicação de uma criança pela Divisão de Serviço Social.
QUEM PODE — Maiores de 21 anos. É recomendável que seja pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. Não há restrição quanto ao estado civil.
DOCUMENTAÇÃO — Carteira de identidade, CPF, certidão de casamento ou nascimento, conforme o caso, declaração de idoneidade moral, comprovantes de residência e de renda e atestado de sanidade física e mental.
RESTRIÇÃO — Avós, bisavós e irmãos não podem adotar seus parentes.
Original disponível em: http://extra.globo.com/noticias/rio/restricao-de-idade-a-irmaos-faz-fila-de-adocao-se-arrastar-no-rio-19683895.html
Reproduzido por: Lucas H.
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