segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

JUDICIÁRIO ESTREITA LAÇO COM CRIANÇAS (reprodução)

Sex, 04 de dezembro de 2015.
Pela primeira vez em quase duas décadas, as crianças abrigadas em sete casas de acolhimento receberam um presente dado por funcionários, defensores públicos, promotores e juízes do Fórum de Mogi das Cruzes que intenciona ir um pouco mais longe do que o passeio realizado ontem, a um conhecido parque de diversões, em Vinhedo. A Campanha de Natal da ‘família forense”, incluída aí, integrantes da Casa do Advogado, tornou-se uma ferramenta para estreitar o relacionamento dessas crianças com o juiz e o promotor público, um agente, em geral, mal visto e temido por elas, e divulgar a rotina da proteção a pessoas com menos de 18 anos. A atenção a essa parcela da população costuma ser deixada para um segundo plano, embora a violação dos direitos da criança e do adolescente, problemas como a dependência química e a violência doméstica estarem em flagrante evidência na Cidade.
A ideia de uma campanha social que envolvesse o Fórum foi lançada pela juíza Ana Carmem Silva, da 6ª Vara Civil. E ela se realizou por meio de doações em dinheiro. A meta era atender as cerca de 200 crianças acolhidas nas sete entidades existentes em Mogi das Cruzes e Biritiba Mirim, e acompanhadas pela Vara e pela Promotoria da Infância. Ontem, a saída de dois dos ônibus que levaram a garotada atendida pela Associação São Lourenço, localizada em Taiaçupeba, e Lar Santo Antonio, de Biritiba Mirim, foi acompanhada pela promotora Raquel Bueno Camargo. Raquel traçou um perfil dessas crianças (veja matéria nesta página) e falou sobre dois aspectos que podem diferenciar essa das demais doações igualmente solidárias e meritórias, recebidas por essas entidades, principalmente nessa época do ano.
Essa iniciativa aproxima a criança e o adolescente do representante da Justiça, normalmente temido por decidir, nem sempre, aquilo que a criança e o adolescente gostariam quando são protegidas pela Justiça. “Principalmente o promotor não é bem visto porque precisa tomar decisões difíceis, muitas vezes, entendidas pela criança somente no futuro. A criança quer ficar sempre com o pai ou com a mãe”, comentou a promotora, reforçando uma faceta também destacada por Maurizio Alesso, da Associação São Lourenço, que há 20 anos mantém uma obra social destinada a esse público em Mogi das Cruzes. “Sobretudo essa aproximação com a promotora, feita durante uma ida ao parque dessa maneira, pela primeira vez, pode ajudar a quebrar as barreiras e o medo que a criança tem”.
Por outro lado, a quebra do cotidiano, com um passeio a um parque, a um cinema, uma visita a uma família, ajuda a elevar a baixa autoestima de quem se vê morando em um coletivo porque, por algum motivo, temporário ou não, está longe de casa. “Nós observamos que essas crianças precisam desse tipo de afeto, saber que um grupo se interessou por elas. Isso ajuda a fazer com que ela se reconheça como tendo uma individualidade”, acrescentou a promotora, que também foi ao passeio, com a filha biológica. Raquel viu, ainda, na divulgação desse trabalho e da rede de acolhimento mogiana, uma maneira de inteirar a sociedade sobre uma realidade que o noticiário martela todos os dias. Ela defende uma maior participação da sociedade na adoção e no apadrinhamento desses cidadãos. “Se não pela adoção, que é um processo que exige muito mais, pelo menos no interesse pelas casas de acolhimento, onde passeios feitos por pessoas da comunidade são possíveis e fazem bem para o desenvolvimento e a formação futura dessas crianças”, apontou. (Eliane José)


Original disponível em: http://odiariodemogi.inf.br/cidades/cidades/32825-um-dia-de-passeio-no-parque.html


Reproduzido por: Lucas H.

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