03.03.2015
Christiane Afondopulos
Será que a sociedade, que fecha os olhos e lava as mãos frente ao grave problema das inúmeras crianças esquecidas em abrigos, têm o direito de se manifestar contra uma determinada adoção?
Convido à reflexão sobre um tema muito discutido nas últimas semanas, apesar de já ser assunto relativamente antigo, a crítica contra a adoção homoafetiva.
Alguns se recusam a pensar sobre isso e preferem tirar o time de campo ou simplesmente se colocam contra, mas a questão das crianças e jovens que esperam por uma adoção é muito séria e a sociedade, por comodidade, se distancia dessa realidade.
A frase “A comunidade sente-se aliviada por alguém, no caso o abrigo, assumir a pobreza. Sente que tem alguém para fazer aquilo que ela não pode, não sabe ou não quer”, retrata bem esse pensamento e remete a uma reflexão: será que a sociedade, que muitas vezes lava suas mãos diante da difícil realidade dessas crianças, tem o direito de impedir que elas sejam presenteadas com um lar cheio de amor e afeto, pelo simples fato de que os interessados em sua adoção sejam casais homoafetivos?
Precisamos entender que adoção representa a mais nobre iniciativa daqueles que se propõem a assumir crianças e jovens marcados pelo estigma do abandono e maus-tratos, e certamente a maior das injustiças seria negar um lar às crianças e adolescentes a espera de uma adoção.
Pensando nisso, se existem casais homoafetivos que estão dispostos a oferecer todo o carinho e educação a uma criança ou adolescente que espera por adoção, por que privá-las dessa sorte? Será melhor para essa criança ficar em um abrigo ao invés de ganhar pais que a amem e que queiram lhe dar um bom futuro? O interesse da criança não deve ser prioridade?
Existe um estudo que indica que a maioria dos casais homoafetivos adota aquelas crianças que apresentam as maiores dificuldades, como, por exemplo, crianças mais velhas, filhos de pais com problemas de dependência química ou crianças de outras culturas, pelo simples fato de que as crianças mais “saudáveis” são adotadas por famílias heterossexuais, as quais contam com a preferência das agências de adoção. Isso demonstra claramente que os casais homoafetivos são mais livres de qualquer tipo de preconceito em relação às crianças a serem adotadas, não restando dúvidas de que sua opção em adotar estará apoiada no verdadeiro amor e no afeto.
A adoção, seja quem for o adotante, é uma forma de criar mais um círculo de amor, e ajudar as pessoas a se amarem tem efeitos positivos e construtivos.
O estereótipo de que os casais homoafetivos não são capazes de proporcionar uma vida emocionalmente saudável a uma criança que venham a adotar, é completamente falso. Se estiverem dispostos a isso, o farão com toda responsabilidade e comprometimento.
Em uma coisa todos concordam: toda criança precisa de um lar, de carinho, de amor, de educação, de afeto. E isso muitos casais estão dispostos a oferecer, sejam eles heterossexuais ou homoafetivos.
A intenção é atentar para a importância de um ambiente saudável para criança, envolvido por todos esses aspectos, e seja qual for o modelo familiar, todas as crianças precisam vivenciá-los.
O essencial é o afeto, um dos principais valores que norteiam a vida familiar, algo capaz de unir pessoas antes desconhecidas e transformá-las em uma família feliz.
A autora Heloísa Helena Barboza define com perfeição a função atual da família: “qual a função atual da família? Se é certo que ela é a base da sociedade, qual o papel que a ela cumpre desempenhar, já que não tem mais funções precipuamente religiosa, econômica ou política como outrora? Qual a base que se deve dar à comunidade familiar para que alcance a tão almejada estabilidade, tornando-a duradoura? Devemos reunir todas essas funções ou simplesmente considerar o seu verdadeiro e talvez único fundamento: a comunhão de afetos?”, e é nela que devemos nos prender.
Aqueles que conseguirem entender tudo isso com o coração, serão capazes de se libertar do modelo sistêmico consolidado por algumas famílias, uma verdadeira fortaleza familiar que ainda prega devaneios preconceituosos contra tudo o que é "diferente do seu". Aquele que se orgulha somente do sua família e a transmite como único modelo de felicidade e amor, jamais conseguirá contribuir com o crescimento de uma sociedade.
"A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos." (Montesquieu)
http://lounge.obviousmag.org/…/a-incrivel-dificuldade-da-so…
Christiane Afondopulos
Será que a sociedade, que fecha os olhos e lava as mãos frente ao grave problema das inúmeras crianças esquecidas em abrigos, têm o direito de se manifestar contra uma determinada adoção?
Convido à reflexão sobre um tema muito discutido nas últimas semanas, apesar de já ser assunto relativamente antigo, a crítica contra a adoção homoafetiva.
Alguns se recusam a pensar sobre isso e preferem tirar o time de campo ou simplesmente se colocam contra, mas a questão das crianças e jovens que esperam por uma adoção é muito séria e a sociedade, por comodidade, se distancia dessa realidade.
A frase “A comunidade sente-se aliviada por alguém, no caso o abrigo, assumir a pobreza. Sente que tem alguém para fazer aquilo que ela não pode, não sabe ou não quer”, retrata bem esse pensamento e remete a uma reflexão: será que a sociedade, que muitas vezes lava suas mãos diante da difícil realidade dessas crianças, tem o direito de impedir que elas sejam presenteadas com um lar cheio de amor e afeto, pelo simples fato de que os interessados em sua adoção sejam casais homoafetivos?
Precisamos entender que adoção representa a mais nobre iniciativa daqueles que se propõem a assumir crianças e jovens marcados pelo estigma do abandono e maus-tratos, e certamente a maior das injustiças seria negar um lar às crianças e adolescentes a espera de uma adoção.
Pensando nisso, se existem casais homoafetivos que estão dispostos a oferecer todo o carinho e educação a uma criança ou adolescente que espera por adoção, por que privá-las dessa sorte? Será melhor para essa criança ficar em um abrigo ao invés de ganhar pais que a amem e que queiram lhe dar um bom futuro? O interesse da criança não deve ser prioridade?
Existe um estudo que indica que a maioria dos casais homoafetivos adota aquelas crianças que apresentam as maiores dificuldades, como, por exemplo, crianças mais velhas, filhos de pais com problemas de dependência química ou crianças de outras culturas, pelo simples fato de que as crianças mais “saudáveis” são adotadas por famílias heterossexuais, as quais contam com a preferência das agências de adoção. Isso demonstra claramente que os casais homoafetivos são mais livres de qualquer tipo de preconceito em relação às crianças a serem adotadas, não restando dúvidas de que sua opção em adotar estará apoiada no verdadeiro amor e no afeto.
A adoção, seja quem for o adotante, é uma forma de criar mais um círculo de amor, e ajudar as pessoas a se amarem tem efeitos positivos e construtivos.
O estereótipo de que os casais homoafetivos não são capazes de proporcionar uma vida emocionalmente saudável a uma criança que venham a adotar, é completamente falso. Se estiverem dispostos a isso, o farão com toda responsabilidade e comprometimento.
Em uma coisa todos concordam: toda criança precisa de um lar, de carinho, de amor, de educação, de afeto. E isso muitos casais estão dispostos a oferecer, sejam eles heterossexuais ou homoafetivos.
A intenção é atentar para a importância de um ambiente saudável para criança, envolvido por todos esses aspectos, e seja qual for o modelo familiar, todas as crianças precisam vivenciá-los.
O essencial é o afeto, um dos principais valores que norteiam a vida familiar, algo capaz de unir pessoas antes desconhecidas e transformá-las em uma família feliz.
A autora Heloísa Helena Barboza define com perfeição a função atual da família: “qual a função atual da família? Se é certo que ela é a base da sociedade, qual o papel que a ela cumpre desempenhar, já que não tem mais funções precipuamente religiosa, econômica ou política como outrora? Qual a base que se deve dar à comunidade familiar para que alcance a tão almejada estabilidade, tornando-a duradoura? Devemos reunir todas essas funções ou simplesmente considerar o seu verdadeiro e talvez único fundamento: a comunhão de afetos?”, e é nela que devemos nos prender.
Aqueles que conseguirem entender tudo isso com o coração, serão capazes de se libertar do modelo sistêmico consolidado por algumas famílias, uma verdadeira fortaleza familiar que ainda prega devaneios preconceituosos contra tudo o que é "diferente do seu". Aquele que se orgulha somente do sua família e a transmite como único modelo de felicidade e amor, jamais conseguirá contribuir com o crescimento de uma sociedade.
"A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos." (Montesquieu)
http://lounge.obviousmag.org/…/a-incrivel-dificuldade-da-so…
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