segunda-feira, 13 de julho de 2015

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MÃE ADOTIVA DESCONHECE PARADEIRO DE GAROTA SEQUESTRADA PELOS PAIS BIOLÓGICOS.
31 de maio de 2015
Postado por: UOL em Brasil


A empregada doméstica Tarcila Gonçalina de Siqueira, 58, não tem notícias da filha adotiva, Ida Verônica, desde abril de 2013. A menina foi levada de casa, em Cuiabá, por um homem armado. Os pais biológicos, o italiano Pablo Escarfulleri, 46, e a dominicana Élida Feliz, 37, são os acusados de planejar o sequestro.
O casal, que perdeu a guarda da garota em 2007 após condenação no Brasil por tráfico de drogas, foi preso no dia 23 na Itália, pelo sequestro de Verônica e de outro filho. As crianças não estavam com eles.
Verônica estava conosco desde os três meses de vida. Minha filha, Daniele, trabalhava em um hotel de Cuiabá como camareira. Lá, conheceu a pequena e os pais biológicos dela. Eles a deixavam sozinha no quarto por muito tempo, sendo até repreendidos pela gerente. Daniele era quem mais cuidava de Verônica, dando banho e comida
Vendo que minha filha tratava bem a menina, a Élida disse que, se quisesse, Daniele poderia levar Verônica para casa enquanto eles estivessem longe. Ela passava dois, três dias com a gente, e depois Daniele a levava de volta para os pais, no hotel.
Com o tempo, Verônica foi ficando mais. Os dias se transformaram em meses.
Quando Verônica completou dois anos, Élida e Pablo não voltaram mais. Foram presos por tráfico de drogas. Então decidimos pedir a guarda provisória. Ela foi levada para o Lar da Criança, onde ficou até o caso se resolver.
Chegaram a localizar uma irmã de Pablo, que se recusou a ficar com Verônica. Esse imbróglio durou três meses, até ganharmos a guarda.
Depois disso, foram oito anos de muito amor e alegria. Era uma vida muito tranquila. Nunca faltou nada à Verônica. Ela tinha amiguinhos, gostava da escola e tinha ao seu redor pessoas que a amavam. Vivíamos nós três: eu, Daniele e Verônica.
Ela sabia que tinha um pai e uma mãe. Nunca escondi isso dela. Eu falava: “Minha loira, vovó cria você, mas não é mãe de você. Sou vó porque sou adotiva”. Ela não perguntava sobre os pais.
Os pais biológicos dela entravam em contato às vezes. Eu nunca tive nada contra eles. A mim não importava o que faziam, desde que não atingisse minha família.
Eu tinha consciência de que um dia eles viriam atrás da pequena. Só que eu imaginava que isso aconteceria pelo meio judicial. Eu não seria um estorvo, caso quisessem a guarda. O que eu não aceitaria era ficar sem contato com ela, como agora.
Ela foi arrancada do lar onde morava por oito anos por um sujeito armado contratado por eles, que a todo instante ameaçava estourar a cabeça da Verônica. A menina estava tomando banho de banheira, foi levada com violência, usando apenas calcinha.
Que tipo de pai e mãe permite que a filha passe por essa situação?
Nesse dia, antes de sair, eu a acordei para avisar que, após o trabalho, iria ao médico e que Daniele ficaria com ela. Verônica falou que queria ir comigo e eu disse que não podia. Foi a última vez que nos falamos.
Nunca mais ouvi a voz dela. Nunca mais tive notícias. Nem sei se ela está bem ou viva. Minha vida desmoronou.
Sabe, é uma saudade sem fim. Enquanto não conseguir falar com ela ou vê-la, não conseguirei ter paz.
Fonte: UOL.com.br
http://boainformacao.com.br/.../mae-adotiva-desconhece.../


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