02/07/2015
Fábio Jorge
Em Três Lagoas, o acompanhamento e o processo de adoção está acontecendo com agilidade; sem distinção, solteiros e casais homoafetivos também têm a chance de ter filhos
De acordo com o dicionário, a palavra Adoção significa: 1 Ação ou efeito de adotar. 2 Aceitação legal como filho; perfilhamento (Cód iv, art 375). 3 Aceitação; admissão. Em amplo sentido, na vida real este ato tem um significado maior, que muitas vezes passa da percepção das pessoas. A adoção pode se traduzir em amor, proteção, esperança e vida nova.
Em Três Lagoas, o processo de adoção tem atingido níveis muito satisfatórios e com a agilidade do judiciário local e do GRAATA (Grupo de Apoio à Adoção Ato de Amor), crianças e adultos estão tendo a oportunidade de formar uma família feliz.
Em entrevista com o juiz da Vara da Infância e Adolescência de Três Lagoas, Dr. Rodrigo Pedrini, ele explicou que os casais ou pessoas solteiras que pretendem adotar passam primeiramente por um curso de habilitação à adoção, com acompanhamento psicossocial e participação nos encontros do GRAATA, que acontecem mensalmente.
“Crianças aptas à adoção são aquelas que já estão destituídas da família biológica, esperando um novo seio familiar”, — Rodrigo Pedrini- juiz
Segundo ele, os processos têm sido rápidos, mesmo porque, essa habilitação leva um prazo de seis meses e dentro desse tempo, a assistente social e psicóloga já estão fazendo uma análise do perfil dos interessados, indo de encontro ao perfil das crianças habilitadas para adoção.
SOLTEIROS E HOMOAFETIVOS
A mídia nacional divulgou há algum tempo o pedido de adoção negado por um juiz paulista a um casal homoafetivo. Algumas pessoas solteiras encontram dificuldades em adotar de acordo com a postura do magistrado.
Em Três Lagoas, o Dr. Rodrigo alega que condição civil ou orientação sexual não é impedimento para o processo adotivo. “O que é observado é se a pessoa tem realmente o amor, a certeza e a condição de criar uma criança ou adolescente. Não podemos colocar essas restrições, mesmo porque o próprio Supremo Tribunal Federal já legalizou a adoção por pessoas solteiras e casais homoafetivos”, ressalta. Houve três casais homoafetivos que conquistaram a felicidade de serem pais ou mães no município.
ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL
A psicóloga do fórum Denise Amaral Teixeira faz há 12 anos o atendimento psicológico às famílias e crianças em questão. Segundo ela, no momento em que um menor é encaminhado ao abrigo, o setor psicossocial entra em ação para saber quais foram os motivos do afastamento com a família de origem.
“A criança só vai para a adoção se não houver qualquer possibilidade de regresso à família biológica ou não houver nenhum interesse de parentes. Após todo esse estudo, nós acompanhamos as crianças nessa nova realidade, explicamos que elas encontrarão uma família e quando encontram, vivemos juntos os primeiros meses dessa união”, esclarece Denise.
DIFICULDADES
Em Três Lagoas, através do CNA (Cadastro Nacional de Adoção) já houve adoções internacionais, uma delas, três irmãos foram adotados por um casal europeu. Mesmo com muitas pessoas dispostas e aptas em adotar, a grande dificuldade é encaminhar adolescentes para novas famílias. “Geralmente as pessoas querem bebês ou crianças até 6 anos. A partir dessa idade, a procura é menor e muitos menores chegam a ficar a adolescência inteira na instituição e na fila de espera”, complementa Denise. Atualmente, cerca de 13 menores, entre 2 a 17 anos (a maioria adolescentes) estão em fase de adoção, sendo três em andamento.
ADOÇÕES EM TRÊS LAGOAS
O GRAATA realiza reuniões e palestras sobre adoção uma vez por mês, sendo toda primeira terça-feira. Desde a oficialização em 2012, 33 crianças e adolescentes receberam uma nova família, esclarecendo que esse número corresponde aos pais que participaram das atividades do grupo. Para quem pretende participar dos encontros, pode se dirigir ao Fórum e procurar o setor psicossocial ou às 19h nos dias de encontro.
UMA FAMÍLIA GERADA PELO AMOR
Em setembro de 2009, Lilian Cristina Dias recebia em seus braços seu primeiro filho, Pedro Henrique. A “gestação” de Lilian começou em 2008, quando deu entrada ao processo de adoção pela Vara da Infância e Juventude local. Quase um ano depois, o bebê de cinco meses estava apto à adoção e o encontro com sua mãe de amor aconteceu. Em 2011, ano em que criou o GRAATA, Lilian foi mãe pela segunda vez, dessa vez a linda Sofia de 4 meses.
“A questão é que eu queria e precisava ser mãe. Não era casada e não queria gerar um filho sem relacionamento. Aos 36 anos eu perdi essa ilusão de formar uma família como todo mundo e decidi adotar. Hoje, eu sinto que realmente eu sou mãe. O fato de não ter gerado passa despercebido diante de tanto amor”, relata Lilian emocionada.
Hoje, Pedro com 7 anos e Sofia com 4 anos são as joias preciosas de Lilian. A mãe diz que eles sabem que são adotados e não fazem nenhuma referência ou questionamento sobre a família de origem, talvez pela pouca idade. Lilian diz que a adaptação com a realidade de ser mãe não foi fácil, mas o amor falou mais alto.
“Eu precisava disso, me encontrei e sou muito feliz. Eu aconselho às pessoas que pensam em adotar, que tenham a convicção do que é ser pai ou mãe, o exercício de carinho e proteção é o mesmo, porém, atribuam isso aos pequenos como se eles realmente tivessem sido gerados pelo adotante”, finaliza Lilian.
http://www.perfilnews.com.br/…/com-juizado-eficiente-e-amor…
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