quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Município retoma programa Família Acolhedora (Reprodução)

04/10/2017

Há seis anos, Márcia Barbosa, o marido, Antônio Lage, e as filhas, Ivy e Lorena, são uma família acolhedora. Eles conciliam a rotina à dedicação de cuidar de crianças e adolescentes que tiveram de ser afastados do convívio da família biológica. O ato, definem, é um gesto de amor. “Há muitas histórias tristes e nós podemos contribuir para mudar essa realidade”, resume Márcia, funcionária pública.

Moradores do bairro Bela Vista, em Itabira, eles se inscreveram no programa em 2010. A partir daquele ano, cuidaram de adolescentes e uma criança. A ideia veio de uma das filhas de Márcio e Antônio. “A Ivy tinha dez anos quando viu uma publicidade do Família Acolhedora, chegou em casa e nos implorou: - Vamos nos inscrever, mãe. Há tantas crianças sofrendo”, contam os pais.

No serviço de acolhimento, famílias inscritas se responsabilizam por cuidar da criança até que ela retorne à família de origem ou seja encaminhada para adoção. A criança ou o adolescente é acolhido quando se encontra em situação de risco, teve seus direitos violados e foram esgotadas as possibilidades que permitiriam colocá-lo em segurança.

De acordo com um censo feito no ano passado pelo Sistema Único de Assistência Social (Suas), o serviço de acolhimento está presente em 522 municípios brasileiros. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), há 2,341 mil famílias cadastradas para acolher 1,837 mil crianças e adolescentes. Os dados foram divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no último mês de julho.

Itabira

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 4 de outubro, a Prefeitura de Itabira anunciou que retomará o programa no município. A iniciativa tramitou recentemente na Câmara de Itabira e foi aprovada por meio do Projeto de Lei 76/2017, aprovado por unânimidade da Casa em 12 de setembro. O retorno do programa será apresentado nesta quinta, 5, às 9 horas, no salão do júri do Fórum Desembargador Drummond, na avenida Mauro Ribeiro Lage.

“Aqui em Itabira temos dois serviços de acolhimento em forma de abrigo, que atende crianças e adolescentes retirados temporariamente de suas famílias. A diferença é que o Família Acolhedora não é um serviço de abrigo institucional”, cita a superintendente de Proteção Social da Prefeitura, Fabiana Quintão de Sá.

Ela reforça que o principal objetivo do programa, além de encontrar uma família para a criança ou o adolescente que tiveram direitos violados, “é achar um lar com disponibilidade de afeto para esta criança, até que ela possa retornar à família de origem”.

Diretora de Proteção Social Especial, Carla Machado de Alvarenga ressalta que um desafio é o vínculo afetivo. “A família acolhedora precisa saber que do mesmo jeito que ela se apegar, terá que se desapegar, pois, o sucesso do programa é o retorno da criança para a sua família de origem”.

Enquanto a criança está no programa de acolhimento, os profissionais do programa trabalham com a família de origem para tentar resolver a situação onde foram identificados a violação de direitos. Caso isso não seja possível, a criança é encaminhada à adoção. Cada caso de acolhimento familiar pode durar até 11 meses, “mas, o juiz pode estender até dois anos”, continua Fabiana.

Critérios

As famílias interessadas em fazer parte do programa devem ir à Secretaria Municipal de Assistência Social para se cadastrarem. Em seguida, uma equipe técnica, composta por assistente social e psicólogo, irá iniciar o processo de avaliação. “A equipe é responsável pela captação e preparação das famílias. Depois de concluir que a família está apta para acolher, ela pode especificar qual o sexo e faixa etária da criança que gostaria de cuidar”, esclareceu Fabiana Quintão.

A Secretaria informa que podem participar homens e mulheres acima de 21 anos, casados ou solteiros, assim como casais homoafetivos. As principais restrições são: antecedente criminal e laudo negativo da equipe técnica do programa. “O importante é ter disponibilidade para ficar com essa criança, ter tempo para cuidar e dar afeto, mesmo que as pessoas da família trabalhem”, frisou a diretora, Carla Alvarenga.


Reproduzido por: Lucas H.

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