22/08/2017
Quem vê o atacante Raniel virar opção de Mano Menezes para surpreender o Grêmio e ajudar o Cruzeiro a chegar à final da Copa do Brasil não imagina as batalhas que o jovem pernambucano enfrentou ao longo dos 21 anos, completados em junho.
Apadrinhado pelo comandante gaúcho, pelo qual demonstra imensa gratidão pelas oportunidades recebidas, o jogador experimenta na Toca II uma espécie de carinho paterno que em outrora recebia do primeiro treinador, Barão Xavier. Raniel perdeu o pai quando tinha apenas seis anos e afirma não guardar lembranças do mesmo.
Atenção da mãe, inclusive, também não existia. Moradora de uma favela em Chão de Estrelas, bairro da capital Recife, a responsável por dar a luz ao candidato à revelação da Raposa em 2017 optou por não criá-lo.
"O que eu soube na época, é que a mãe o colocou numa caixa de sapato e o deixou na porta de uma senhora, que o criou. Ela (Dione) tinha mais três filhos, os quais conduziram a educação do Raniel. Quando ele tinha oito ou nove anos, esta nova mãe veio a falecer (vítima de um ataque cardíaco)", conta Barão. Aquele, inclusive, foi o pior dia da vida do filho 'torto', como ele mesmo disse em entrevista ao site do Santa Cruz.
"Em todo este processo eu estava perto e cuidando. Providenciamos escola particular, cesta básica, e o trouxe para o meu centro de treinamentos. Depois ele retornou ao Santa Cruz, aos 15 anos, por eu não ter estrutura na escolinha. Ele jogava no salão e no campo e deu no que tinha que dar. É um menino talentoso", acrescenta em entrevista ao Hoje em Dia.
Adolescente e precisando de um teto, Raniel procurou a mãe biológica e, dela, recebeu abrigo. Num ambiente hostil, o menino começou a ter contato com usuários de crack, cocaína e maconha. Naquele período de imensa dor e dificuldades, as únicas refeições que o hoje atleta fazia eram as servidas na concentração das categorias de base do tricolor.
Doping
Apesar de relutar em entrar no universo das drogas ilícitas, foi numa festa da comunidade, em 2014, que lhe ofereceram uma carreira de cocaína. Após muita insistência, ele sucumbiu e aceitou.
"Por coincidência, neste período, ele estava muito ocupado no Santa Cruz. Amigos me relatavam que o viam em lugares suspeitos. O chamei e pedi para que não frequentasse aqueles locais. Ele me garantiu que não estava fazendo nada de errado. Depois, durante uma partida no Arruda, ele me abraçou, chorou e jurou que não faria mais. No outro dia, todos os noticiários contavam que ele havia sido pego no doping", relata o primeiro treinador.
"Voltei a conversar com ele e pedi que não fizesse mais isso. Mais uma vez. Fui chamado pelo diretor de futebol do Santa Cruz, às 21h, quando não havia mais nenhuma pessoa no clube, para tratar do "assunto Raniel". A ideia seria dispensá-lo. Falei que ele era um menino de ouro, muito talentoso, e que não fizessem isso", completa. Barão ainda conta que um empréstimo ao Atlético-PR ou que o jogador morasse no clube foram as ideias sugeridas. A segunda foi a escolhida.
Punido pela Fifa em 25 de agosto de 2015 a ficar fora dos gramados até fevereiro do ano seguinte, Raniel viu a vida profissional quase desabar. Com a pena atenuada e contratado pelo Cruzeiro, ele dá mostras de que aprendeu com os próprios erros.
Volta por cima
Na Raposa desde maio de 2016, o atacante, considerado uma das maiores revelações recentes do "Santinha", realizou 17 partidas, marcou dois gols na equipe principal, e hoje faz sombra ao já consagrado Rafael Sóbis. Para o duelo desta quarta-feira (23), contra o Grêmio, pode, inclsuive, pintar entre os onze titulares de Menezes.
Artilheiro no mundo da bola desde os seis anos, quando surpreendeu num campeonato de futsal em João Pessoa-PB, no qual ganhou como prêmio uma bicicleta, Raniel tem a chance de ir muito além no hobby que escolheu como profissão. Caso conquiste a Copa do Brasil pelo clube celeste, os presentes, com toda certeza, serão bem mais valiosos.
"Estou bastante feliz pelo momento que ele está vivendo no Cruzeiro. Quando ele entrou contra o Sport, foi uma vibração total de quem o conhece. Recebi mensagem em todos os grupos de Whatsapp. Fico sem palavras por ver onde ele chegou. Vai chegar muito mais longe ainda, tenho certeza. Ele vai classificar o Cruzeiro para a final", finaliza o primeiro treinador e amigo.
Original disponível em: http://hojeemdia.com.br/esportes/dramas-familiares-drogas-doping-e-uma-nova-chance-os-21-anos-de-aprendizados-para-raniel-1.553647
Reproduzido por: Lucas H.
Apadrinhado pelo comandante gaúcho, pelo qual demonstra imensa gratidão pelas oportunidades recebidas, o jogador experimenta na Toca II uma espécie de carinho paterno que em outrora recebia do primeiro treinador, Barão Xavier. Raniel perdeu o pai quando tinha apenas seis anos e afirma não guardar lembranças do mesmo.
Atenção da mãe, inclusive, também não existia. Moradora de uma favela em Chão de Estrelas, bairro da capital Recife, a responsável por dar a luz ao candidato à revelação da Raposa em 2017 optou por não criá-lo.
"O que eu soube na época, é que a mãe o colocou numa caixa de sapato e o deixou na porta de uma senhora, que o criou. Ela (Dione) tinha mais três filhos, os quais conduziram a educação do Raniel. Quando ele tinha oito ou nove anos, esta nova mãe veio a falecer (vítima de um ataque cardíaco)", conta Barão. Aquele, inclusive, foi o pior dia da vida do filho 'torto', como ele mesmo disse em entrevista ao site do Santa Cruz.
"Em todo este processo eu estava perto e cuidando. Providenciamos escola particular, cesta básica, e o trouxe para o meu centro de treinamentos. Depois ele retornou ao Santa Cruz, aos 15 anos, por eu não ter estrutura na escolinha. Ele jogava no salão e no campo e deu no que tinha que dar. É um menino talentoso", acrescenta em entrevista ao Hoje em Dia.
Adolescente e precisando de um teto, Raniel procurou a mãe biológica e, dela, recebeu abrigo. Num ambiente hostil, o menino começou a ter contato com usuários de crack, cocaína e maconha. Naquele período de imensa dor e dificuldades, as únicas refeições que o hoje atleta fazia eram as servidas na concentração das categorias de base do tricolor.
Doping
Apesar de relutar em entrar no universo das drogas ilícitas, foi numa festa da comunidade, em 2014, que lhe ofereceram uma carreira de cocaína. Após muita insistência, ele sucumbiu e aceitou.
"Por coincidência, neste período, ele estava muito ocupado no Santa Cruz. Amigos me relatavam que o viam em lugares suspeitos. O chamei e pedi para que não frequentasse aqueles locais. Ele me garantiu que não estava fazendo nada de errado. Depois, durante uma partida no Arruda, ele me abraçou, chorou e jurou que não faria mais. No outro dia, todos os noticiários contavam que ele havia sido pego no doping", relata o primeiro treinador.
"Voltei a conversar com ele e pedi que não fizesse mais isso. Mais uma vez. Fui chamado pelo diretor de futebol do Santa Cruz, às 21h, quando não havia mais nenhuma pessoa no clube, para tratar do "assunto Raniel". A ideia seria dispensá-lo. Falei que ele era um menino de ouro, muito talentoso, e que não fizessem isso", completa. Barão ainda conta que um empréstimo ao Atlético-PR ou que o jogador morasse no clube foram as ideias sugeridas. A segunda foi a escolhida.
Punido pela Fifa em 25 de agosto de 2015 a ficar fora dos gramados até fevereiro do ano seguinte, Raniel viu a vida profissional quase desabar. Com a pena atenuada e contratado pelo Cruzeiro, ele dá mostras de que aprendeu com os próprios erros.
Volta por cima
Na Raposa desde maio de 2016, o atacante, considerado uma das maiores revelações recentes do "Santinha", realizou 17 partidas, marcou dois gols na equipe principal, e hoje faz sombra ao já consagrado Rafael Sóbis. Para o duelo desta quarta-feira (23), contra o Grêmio, pode, inclsuive, pintar entre os onze titulares de Menezes.
Artilheiro no mundo da bola desde os seis anos, quando surpreendeu num campeonato de futsal em João Pessoa-PB, no qual ganhou como prêmio uma bicicleta, Raniel tem a chance de ir muito além no hobby que escolheu como profissão. Caso conquiste a Copa do Brasil pelo clube celeste, os presentes, com toda certeza, serão bem mais valiosos.
"Estou bastante feliz pelo momento que ele está vivendo no Cruzeiro. Quando ele entrou contra o Sport, foi uma vibração total de quem o conhece. Recebi mensagem em todos os grupos de Whatsapp. Fico sem palavras por ver onde ele chegou. Vai chegar muito mais longe ainda, tenho certeza. Ele vai classificar o Cruzeiro para a final", finaliza o primeiro treinador e amigo.
Original disponível em: http://hojeemdia.com.br/esportes/dramas-familiares-drogas-doping-e-uma-nova-chance-os-21-anos-de-aprendizados-para-raniel-1.553647
Reproduzido por: Lucas H.
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