10/08/17
Para algumas famílias do Paraná, o Dia dos Pais, celebrado neste domingo, será em dose dupla. É que nos últimos anos o amor saiu do armário. Se antes formar uma família era um sonho distante, difícil de se acreditar para os homossexuais, hoje é cada vez maior o número de casais gays com uma família para chamar de 'sua'. Desde 2015 o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece o direito de casais homoafetivos adotarem.
Embora não existam dados oficiais sobre tais adoções, é crível imaginar que desde então cresceu consideravelmente em todo o país o número de crianças com dois pais. Até porque a decisão do STF vem na esteira de uma série de avanços conquistados e direitos básicos garantidos à população LGBT, como o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil como entidade familiar, em 2011.
No Paraná, os pioneiros foram o curitibano Toni Reis, 53, e o inglês David Harrad, 59, juntos há 27 anos. Desde o ano 2000 eles já cogitavam adotar uma criança, mas foi só em 2005, após David conseguir o visto de permanência no país, que ingressaram com o pedido de adoção conjunta, que acabaria por originar o processo decidido em 2015 pela ministra Cármen Lúcia, hoje presidente do STF.
Na fila
Seguindo os passos de Toni e David, outro casal homoafetivo espera conseguir uma adoção. Em abril deste ano, os curitibanos Bruno Banzato, servidor público, e João Pedro Schonarth, jornalista, viraram notícia em todo o país. Em preparação para adotar o primeiro filho, o casal construiu uma residência no bairro Água Verde, em Curitiba. Quando as obras estavam no fim, foram surpreendidos por panfletos homofóbicos espalhados pelo bairro contra eles. Porém a repercussão acabou por ser favorável aos dois.
“A gente ficou bastante surpreso com a repercussão positiva. Saber que a sociedade nos apoia, que as pessoas ficaram positivas, nos deu mais forças ainda para seguir com os planos de adoção”, conta Bruno.
“Desde o início do casamento conversamos sobre esse assunto, mas fomos percebendo que faltavam algumas etapas”. Em 2014, já estabilizados financeiramente e emocionalmente/psicologicamente, os dois começaram a ler mais sobre o assunto e em dezembro entraram com o processo. “Fomos habilitados em junho de 2015 e desde então estamos na fila.”
Vencer o choque inicial
Em 2011 o casal Toni Reis e David Harrad conseguiu adotar o seu primeiro filho, Alysson, hoje com 16 anos. Desde então, a família cresceu ainda mais e recebeu as adições de Jéssica, 13, e Felipe, 11, que são irmãos biológicos. O processo de adaptação, contudo, não foi fácil, em especial no caso da primeira adoção. A primeira dificuldade foi o choque “entre-mundos”.
É que o menino vinha da comunidade de uma favela e estava em uma família cujo pai acolhedor era bastante religioso e intransigente com relação ao homossexualismo. Além disso, vivenciou a dolorosa experiência de separação de sua família, da qual foi tirado por motivos de maus tratos, e havia passado por mais de sete abrigos, nos quais sofria repressão e duros castigos.
“Tivemos que nos entender. A comida era diferente, a música, o volume da voz, os palavrões. Tivemos que ir modulando. É um passo de dança, pais e filhos tem que dançar a valsa. As vezes dá uma pisada no pé, mas a gente foi se reinventando na relação e aos poucos fomos conhecendo u m menino inteligente, bem humorado, comunicativo, encantador, carinhoso e extramente sociável”, relata Toni.
Homens deixam o trabalho
Embora não seja ainda tão comum os homens deixarem o mercado de trabalho para cuidar dos filhos e da casa, essa tendência tem aumentado com o passar dos anos. Foi o que constatou pesquisa recém elaborada pela Catho com 3.164 participantes, que apontou que 18,5% dos homens optaram pelos cuidados com os filhos e deixaram seus empregos. Em 2014, esse índice era de 16,1%.
“Esses dados demonstram que se trata de uma mudança, ainda que tímida. E a tendência é que esses números aumentem com o passar dos anos, mostrando que os homens, cada vez mais, estão dispostos a se dedicar integralmente aos filhos. A consequência disso pode ser a equiparação entre homens e mulheres, gerando mais diversidade para o mercado”, explica o diretor de RH da Catho, Murilo Cavellucci.
A pesquisa da Catho apontou também que a maioria dos pais gostaria de passar mais tempo com os filhos e cônjuge. Para 61,1% deles, por causa do trabalho, o tempo com a família não é suficiente; 29,7% dos homens fariam mais passeios, caso tivessem tempo disponível; já 25,4%, gostariam de estar mais presentes em momentos importantes e 22,2% dos homens participariam mais da educação dos filhos.
Original disponível em: https://www.bemparana.com.br/noticia/519526/eles-querem-ter-filhos-e-ser-aceitos-como-pais#.WY3ufXYk6iI.facebook
Reproduzido por: Lucas H.
Para algumas famílias do Paraná, o Dia dos Pais, celebrado neste domingo, será em dose dupla. É que nos últimos anos o amor saiu do armário. Se antes formar uma família era um sonho distante, difícil de se acreditar para os homossexuais, hoje é cada vez maior o número de casais gays com uma família para chamar de 'sua'. Desde 2015 o Supremo Tribunal Federal (STF) reconhece o direito de casais homoafetivos adotarem.
Embora não existam dados oficiais sobre tais adoções, é crível imaginar que desde então cresceu consideravelmente em todo o país o número de crianças com dois pais. Até porque a decisão do STF vem na esteira de uma série de avanços conquistados e direitos básicos garantidos à população LGBT, como o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil como entidade familiar, em 2011.
No Paraná, os pioneiros foram o curitibano Toni Reis, 53, e o inglês David Harrad, 59, juntos há 27 anos. Desde o ano 2000 eles já cogitavam adotar uma criança, mas foi só em 2005, após David conseguir o visto de permanência no país, que ingressaram com o pedido de adoção conjunta, que acabaria por originar o processo decidido em 2015 pela ministra Cármen Lúcia, hoje presidente do STF.
Na fila
Seguindo os passos de Toni e David, outro casal homoafetivo espera conseguir uma adoção. Em abril deste ano, os curitibanos Bruno Banzato, servidor público, e João Pedro Schonarth, jornalista, viraram notícia em todo o país. Em preparação para adotar o primeiro filho, o casal construiu uma residência no bairro Água Verde, em Curitiba. Quando as obras estavam no fim, foram surpreendidos por panfletos homofóbicos espalhados pelo bairro contra eles. Porém a repercussão acabou por ser favorável aos dois.
“A gente ficou bastante surpreso com a repercussão positiva. Saber que a sociedade nos apoia, que as pessoas ficaram positivas, nos deu mais forças ainda para seguir com os planos de adoção”, conta Bruno.
“Desde o início do casamento conversamos sobre esse assunto, mas fomos percebendo que faltavam algumas etapas”. Em 2014, já estabilizados financeiramente e emocionalmente/psicologicamente, os dois começaram a ler mais sobre o assunto e em dezembro entraram com o processo. “Fomos habilitados em junho de 2015 e desde então estamos na fila.”
Vencer o choque inicial
Em 2011 o casal Toni Reis e David Harrad conseguiu adotar o seu primeiro filho, Alysson, hoje com 16 anos. Desde então, a família cresceu ainda mais e recebeu as adições de Jéssica, 13, e Felipe, 11, que são irmãos biológicos. O processo de adaptação, contudo, não foi fácil, em especial no caso da primeira adoção. A primeira dificuldade foi o choque “entre-mundos”.
É que o menino vinha da comunidade de uma favela e estava em uma família cujo pai acolhedor era bastante religioso e intransigente com relação ao homossexualismo. Além disso, vivenciou a dolorosa experiência de separação de sua família, da qual foi tirado por motivos de maus tratos, e havia passado por mais de sete abrigos, nos quais sofria repressão e duros castigos.
“Tivemos que nos entender. A comida era diferente, a música, o volume da voz, os palavrões. Tivemos que ir modulando. É um passo de dança, pais e filhos tem que dançar a valsa. As vezes dá uma pisada no pé, mas a gente foi se reinventando na relação e aos poucos fomos conhecendo u m menino inteligente, bem humorado, comunicativo, encantador, carinhoso e extramente sociável”, relata Toni.
Homens deixam o trabalho
Embora não seja ainda tão comum os homens deixarem o mercado de trabalho para cuidar dos filhos e da casa, essa tendência tem aumentado com o passar dos anos. Foi o que constatou pesquisa recém elaborada pela Catho com 3.164 participantes, que apontou que 18,5% dos homens optaram pelos cuidados com os filhos e deixaram seus empregos. Em 2014, esse índice era de 16,1%.
“Esses dados demonstram que se trata de uma mudança, ainda que tímida. E a tendência é que esses números aumentem com o passar dos anos, mostrando que os homens, cada vez mais, estão dispostos a se dedicar integralmente aos filhos. A consequência disso pode ser a equiparação entre homens e mulheres, gerando mais diversidade para o mercado”, explica o diretor de RH da Catho, Murilo Cavellucci.
A pesquisa da Catho apontou também que a maioria dos pais gostaria de passar mais tempo com os filhos e cônjuge. Para 61,1% deles, por causa do trabalho, o tempo com a família não é suficiente; 29,7% dos homens fariam mais passeios, caso tivessem tempo disponível; já 25,4%, gostariam de estar mais presentes em momentos importantes e 22,2% dos homens participariam mais da educação dos filhos.
Original disponível em: https://www.bemparana.com.br/noticia/519526/eles-querem-ter-filhos-e-ser-aceitos-como-pais#.WY3ufXYk6iI.facebook
Reproduzido por: Lucas H.
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