13/08/2017
O pequeno Pedro Henrique, 6 anos, ainda “engole” algumas letras quando vai contar detalhes de sua vida e de sua paixão pelos super heróis, mas não vacila ao dizer o quanto é feliz junto dos pais, com quem mora em Floriano, sul do Piauí: “Eu amo o papai Cordeiro e amo o papai Sol”. A história começou quando o pequeno tinha apenas três anos e pediu dinheiro para o lanche. Meses depois, outro pedido: queria morar com o casal, que ele já chamava de "família".
O pequeno Pedro Henrique, 6 anos, ainda “engole” algumas letras quando vai contar detalhes de sua vida e de sua paixão pelos super heróis, mas não vacila ao dizer o quanto é feliz junto dos pais, com quem mora em Floriano, sul do Piauí: “Eu amo o papai Cordeiro e amo o papai Sol”. A história começou quando o pequeno tinha apenas três anos e pediu dinheiro para o lanche. Meses depois, outro pedido: queria morar com o casal, que ele já chamava de "família".
“Papai Cordeiro” para Pedro, o assistente social Cícero Cordeiro Filho foi que conheceu e decidiu adotar o menino. “Papai Sol” é Solimar Oliveira, professor universitário na Universidade Federal do Piauí. A relação entre o casal começou há seis anos. Já com o filho, há três. Cordeiro conheceu o pequeno em uma noite em que chegava em casa após o trabalho.
“Eu parei para colocar o carro para dentro e ele me pediu uma moeda. ‘Para quê você quer uma moeda?’, eu perguntei. ‘Eu quero comprar lanche’, ele me respondeu. Eu disse que dava o lanche, mas não o dinheiro e ele aceitou. Desde então ele participou de tudo que eu fosse fazer. Chegava em casa 6h30, tomava café comigo, eu chegava do trabalho ele ia ficar comigo assistindo televisão. Aí eu senti que ele precisava de uma família”, diz Cordeiro Filho.
Solimar conta que inicialmente resistiu ao envolvimento efetivo com o menino. Isso porque se viu diante de uma situação inesperada, já que não imaginava ter filhos. Para ele, foi Pedro quem adotou o casal.
“Um dia ele chegou na nossa casa e disse que não ia embora. Nós íamos fazer o quê? Foi uma situação muito nova. Eu tive uma resistência, mas ao mesmo tempo aquele sentimento de que jamais poderia recusar uma escolha tão verdadeira, que foi a dele. Ele me conquistou e eu lembro desse episódio em que eu estava assistindo televisão e ele chegou, veio por trás e me deu um beijo e um abraço. Não tive como resistir. Hoje, a pessoa mais importante da minha vida é meu filho, não me imagino sem ele”, conta o professor.
O casal conta que ao tempo em que crescia o amor, o afeto e o cuidado com o menino, eram tomadas providências legais para que a adoção acontecesse. Pedro vivia com os pais biológicos e uma irmã quando conheceu Cordeiro e a mãe do menino autorizou todo o processo.
“Fomos fazer uma viagem e eu pedi autorização e ela aceitou. Quando voltamos e fui deixar em casa, ele disse ‘Não, vocês que são meus pais agora, eu não quero viver aqui, eu quero morar com vocês’. E eu expliquei que primeiro precisava ver com a mãe dele. Ela permitiu e nós entramos com o pedido de guarda que pouco depois foi autorizado”, explica o assistente social.
Para Cordeiro, o ideal é que Pedro entenda que ele apenas vive em uma família onde não existe a figura da mulher, como em um casal heterossexual. Ele conta, por exemplo, que no Dia das Mães não houve questionamentos de Pedro sobre quem iria à festa na escola. “Ele sabe que a família dele é diferente”, diz.
Já no Dia dos Pais, os dois participam. “Ontem foi a festa de Dia dos Pais na escola e eu busquei duas camisas para participar da festa, porque nós dois fomos”, pontua Solimar.
Quanto às situações de preconceito, os pais contam que até o momento não enfrentaram dificuldades. Cordeiro relata que nota olhares curiosos quando o casal vai deixar ou buscar Pedro na escola, mas nenhuma situação desconfortável aconteceu.
Solimar diz que o menino estuda em uma escola católica, comandada por freiras, onde a receptividade foi completa. Mesmo assim, ele teme a homofobia e diz que a preocupação existe.
“Quando ele veio morar com a gente, imediatamente tomamos duas providências, que foi colocar na escola e buscar um suporte psicológico. Então frequentamos uma psicóloga, nós e ele, para que ele aprenda a lidar totalmente com uma situação ruim que possa acontecer no futuro. Sabemos dos avanços, mas sabemos também que existe a homofobia e existe o preconceito e queremos que ele saiba lidar com isso. Queremos desmistificar a ideia de que um casal homossexual não pode adotar uma criança, mas é preciso sempre haver suporte afetivo e psicológico”, avalia Solimar.
Hoje, o casal que já morou em Teresina e em Salvador, proporcionou ao pequeno sua primeira festa de aniversário aos três anos, a oportunidade de viajar e conhecer lugares, plano de saúde e outras garantias como filho dos dois e agora programam a mudança do nome no registro de Pedro.
“Queremos que em no máximo dois ou três meses ele tenha nossos nomes, Solimar Oliveira Lima e Cícero Cordeiro de Sousa Filho, nos documentos”, finaliza Cordeiro.
Original disponível em: http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/tenho-dois-pais-e-sou-muito-feliz-diz-menino-que-pediu-para-ser-adotado-por-casal-gay-no-piaui.ghtml
Reproduzido por: Lucas H.
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