19/12/2016
Servidora do Cejai é tema do Jus_Social deste mês.
Poucas situações entrelaçam tantas esperanças, expectativas e sentimentos conflitantes quanto o processo de adoção – especialmente quando se trata de adoção internacional, que envolve crianças com mais de cinco anos (e por isso com menos chances de serem adotadas) e requerentes estrangeiros que desejam construir uma família. A escrevente do Tribunal de Justiça de São Paulo Jandira Rita Guidelli contabiliza 20 anos de esforços para que seja possível o encontro entre os sonhos de futuros pais merecedores e os de crianças órfãs, através do seu trabalho na Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional do Estado de São Paulo (Cejai). O Jus_Social deste mês conta um pouco da trajetória desta servidora exemplar, que após caminhada de 26 anos no TJSP chega à aposentadoria no dia de hoje (19).
“É uma área bastante nobre”, disse ela sobre a adoção internacional. “Enriqueceu-me muito como ser humano e profissionalmente me proporcionou muitas experiências”. Dentre as principais atribuições do Cejai estão o exame prévio dos pedidos de habilitação para adoção, emissão de certificados de habilitação para adoção internacional aos estrangeiros e brasileiros no exterior, gerenciamento dos cadastros centralizados estaduais de pretendentes habilitados para adoção, entre outras.
As responsabilidades do setor fizeram com que ao longo de sua carreira a servidora entrasse em contato com histórias de vida das mais diversas, e muitas vezes teve a chance de ajudar as pessoas. Como na vez em que um homem que chegou muito abalado à sala do Cejai. Ele contou que anos atrás fora adotado por um casal norte-americano, que o levou para morar nos Estados Unidos. Acontece que o homem havia descoberto a existência de três irmãos biológicos, menores de idade, na fila de adoção no Brasil. Ele queria adotá-los, mas a legislação não permite adoção por parte de irmãos. Muito preocupado e aflito, compareceu pessoalmente ao Cejai em busca de ajuda. Jandira acalmou-o e no dia seguinte encontrou uma solução: os pais norte-americanos do irmão mais velho poderiam adotar os três jovens da mesma forma que acolheram o homem, que agora poderia ajudar na criação dos irmãos. A documentação necessária foi reunida e o processo deu tão certo que em 2016, anos depois do ocorrido, Jandira recebeu um convite para o casamento da irmã do homem que ela ajudara. “Deixar os quatro irmãos juntos me trouxe grande felicidade”, afirmou ela.
Foram histórias como essa que a incentivaram a desenvolver trabalho elogiado por magistrados e jurisdicionados. É comum ela receber mensagens em redes sociais de jovens que agora vivem com suas novas famílias. “Fico muito feliz de saber que estão bem.”
Jandira possui um casal de filhos, uma mulher casada e um rapaz com necessidades especiais, que tem paralisia cerebral. Sua entrada no TJSP aconteceu há 26 anos. Justamente na época da prova de datilografia, necessária para passar no concurso, deu a luz em um parto difícil. Mas a vontade de fazer parte do Tribunal Bandeirante era tanta que saiu do hospital, fez o teste, e voltou para a internação. Aprovada, iniciou a carreira na Biblioteca, depois passou brevemente pelo setor de Execuções Fiscais e então atuou na 2ª Vara da Família, da qual saiu para o Cejai.
De acordo com ela, a adoção internacional é praticamente “a única saída” para crianças mais crescidas, pois requerentes brasileiros preferem crianças mais novas. É por isso que dentre os diversos tipos de documentos que ela maneja em seu dia a dia, um deles é especialmente gratificante. “Nada me deixa mais feliz que receber relatórios pós-adotivos”, contou. “Ver crianças e jovens esquiando, recebendo uma boa educação, conhecendo outras culturas, enfim, ver esses sonhos realizados”.
“A Jandira sabe tudo de adoção internacional”, afirmou Elisa Abaude, que há 16 anos trabalha ao lado de Jandira no Cejai. Tantos anos de labuta diária conjunta fez as duas desenvolverem algo precioso que também acontece em todas as comarcas, fóruns e cartórios do TJSP: as servidoras desenvolveram uma amizade para além do ambiente profissional, compartilhando as alegrias e tristezas da vida. “Vou perder o uma grande colega de trabalho e o convívio de uma pessoa de primeira grandeza.”
O Cejai é presidido pelo corregedor-geral da Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças, e tem como relatores os desembargadores Ricardo José Negrão Nogueira, Sebastião Oscar Feltrin, José Gaspar Gonzaga Franceschini, Roberto Caruso Costabilè e Solimene e José Geraldo de Jacobina Rabello. Kalid Hussein Hassan é o juiz secretário. Os magistrados são responsáveis por analisar os pedidos de adoção e zelar pelos melhores interesses das crianças e jovens.
Comunicação Social TJSP – GA (texto) / RL (foto) imprensatj@tjsp.jus.br
Comunicação Social TJSP – GA (texto) / RL (foto) imprensatj@tjsp.jus.br
Original disponível em: http://www.tjsp.jus.br/Noticias/Noticia?codigoNoticia=38422#.WFjoY66eZDw.facebook
Reproduzido por: Lucas H.
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