25 de dezembro de 2017
Bebê, de cor branca e sem irmãos. É esse o perfil mais procurado para adoção nos abrigos de Teresina. Quanto maior a faixa etária da criança, menor a probabilidade de serem adotadas.
Dados do Cadastro Nacional de Adoção, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que crianças “mais velhas”[com cinco ou mais anos de idade] e adolescentes representam 78% do total que aguarda adoção no abrigos.
A coordenadora do Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (CRIA),Francimélia Nogueira, explica que, conforme as crianças que estão em abrigos vão crescendo, a angústia da espera por uma família também aumenta. Francimélia conta que a situação dos adolescentes é “crítica”.
Com o slogan “Toda criança em Família”, o CRIA é um centro de incentivo à adoção. Lá, eles desenvolvem projetos como o “Família Acolhedora”, “Papo de Adoção”, “Adoções Necessárias” e “Fortalecendo Vínculos”. São programas que sensibilizam as pessoas que querem conquistar um filho e desmistifica o preconceito de adoções tardias.
“A maioria das pessoas que dá entrada em processo de adoção quer crianças pequenas. É uma minoria que tem abertura para perfis de crianças maiores, grupo de irmãos e, principalmente, para adolescentes. Preferem uma criança menor por acharem que vai ser mais fácil moldar a criança para que ela aprender seus costumes e valores. Quando essas crianças que estão em abrigos ficam perto de completarem 12 anos, elas já ficam inquietas porque sabem a chance de serem adotadas diminui muito ”, esclarece a diretora do CRIA.
Filhos do coração
Há uma minoria que contradiz as estatísticas de adoção no país e garante que a melhor escolha de suas vidas foi adotar “um filho mais velho” e mudar as perspectivas destas crianças/adolescentes. Quando completa a maioridade, os acolhidos devem deixar os abrigos onde vivem e irem para uma república. Mas quase não há este tipo de acolhimento no país, conforme esclarece o CRIA.
A professora Essony Ney é uma destas pessoas que ultrapassou seus receios e preconceitos e decidiu adotar um garoto de 18 anos de idade. Ela conheceu seu “futuro filho” quando trabalhava no mesmo abrigo onde ele estava acolhido. O jovem iria sair da instituição e ela, então, resolveu dar outros rumos de vida ao rapaz.
“Eu acho impossível a gente ver alguém sofrendo, sem ter perspectiva, e a gente dormir em paz. Esse sentimento de caridade, solidariedade e de amor me motivou a acolher Existem desafio da convivência. É natural. Isso que caracteriza a família. Se eu não tivesse feito isso, era como se eu deixasse um jovem se perder. Eu senti que tinha que fazer algo por ele. E fiz, assim como ele também faz por toda nossa família. Porque ele é um presente para nós. Existe desafio de convivência e é natural. Isso que caracteriza a família”, destaca Essony.
Apesar do amor, a professora ressalta que decidir adotar um rapaz de 18 anos não foi uma decisão fácil. Ela destaca que houve receios por conta da idade “mais avançada”.
“Ele realmente era uma pessoa especial. Eu tinha certeza que poderia dar certo, é o meu filho do coração. Mas tenho consciência de que essa não é uma decisão fácil para a maioria das pessoas. E isso é normal. É normal a gente ter medo, mas se você puder tentar, tente. Não se deixe levar pelo medo ou preconceito. A partir desse acolhimento todos nós melhoramos”, acrescenta Essony.
A professora é mãe de mais três filhos. Duas mulheres [21 e 14 anos] e um homem de 27 anos. Todos foram adotados por Essony quando ainda eram crianças.
Adoção é pilar da fé cristã
Quando ainda namorava a atual esposa, o pedagogo Daniel Cezário, 37 anos, já planejava ter filhos adotados. Pais biológicos de dois garotos de 14 e 13 anos, o casal decidiu adotar mais adolescentes: um menino de 14 e uma menina de 12.
Daniel conta que o desejo de seguir os pilares da fé cristã incentivou ele e sua esposa a praticarem a adoção tardia. Os dois também queria ser exemplo para as pessoas adotem crianças com idade mais avançada.
“A decisão é relacionada com a nossa fé. Somos cristãos e um dos pilares da fé cristã é adoção. A salvação que Deus oferece através de Jesus Cristo nas sagradas escritura é feita através da adoção”, justifica Daniel.
O pedagogo destaca que adotar crianças “mais velhas” é mais desafiador porque as pessoas, no momento da adoção, pensam mais em si do que no outro.
“Vemos uma realidade muito dura. Crianças depois de muito tempo nos abrigos não conseguem ser adotadas por já estarem fora do padrão”, observa Daniel. O pedagogo e a esposa vivenciaram os impactos desta realidade ao decidir adotar seus filhos adolescentes.
As crianças disseram que não queriam ser adotadas. Os dois passaram por experiências traumatizantes porque, anteriormente, já haviam sido adotadas por outras famílias, que as rejeitaram. O trauma fica e os adolescentes acabam não querendo sair dos abrigos.
“Entramos em um processo que já havia sido rompido. A gente não chegou a ser bem recebido por eles. A gente foi conquistando isso. A adoção tardia exige esse período de adaptação e de conquista. Não é uma criança que está totalmente aberta. O adolescente tem muita referência, muita base. É preciso ter perseverança para avançar e cada um desses espaço é conquistado como muito esforço emocional, de amor e de carinho”, ressalta Daniel. Mas o pedagogo afirma que todo esforço vale a pena na conquista da família.
“Seu eu pudesse dar uma dica para quem deseja adotar eu diria que ele precisa verdadeiramente de altruísmo e precisa está preparado emocionalmente. Não tem como descrever a sensação de você pegar alguém que não é teu sangue e dizer para essa pessoa: você é minha família, você é meu sangue e mudar o destino dessas pessoas”, finaliza Daniel.
Dados do Cadastro Nacional de Adoção, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostram que crianças “mais velhas”[com cinco ou mais anos de idade] e adolescentes representam 78% do total que aguarda adoção no abrigos.
A coordenadora do Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (CRIA),Francimélia Nogueira, explica que, conforme as crianças que estão em abrigos vão crescendo, a angústia da espera por uma família também aumenta. Francimélia conta que a situação dos adolescentes é “crítica”.
Com o slogan “Toda criança em Família”, o CRIA é um centro de incentivo à adoção. Lá, eles desenvolvem projetos como o “Família Acolhedora”, “Papo de Adoção”, “Adoções Necessárias” e “Fortalecendo Vínculos”. São programas que sensibilizam as pessoas que querem conquistar um filho e desmistifica o preconceito de adoções tardias.
“A maioria das pessoas que dá entrada em processo de adoção quer crianças pequenas. É uma minoria que tem abertura para perfis de crianças maiores, grupo de irmãos e, principalmente, para adolescentes. Preferem uma criança menor por acharem que vai ser mais fácil moldar a criança para que ela aprender seus costumes e valores. Quando essas crianças que estão em abrigos ficam perto de completarem 12 anos, elas já ficam inquietas porque sabem a chance de serem adotadas diminui muito ”, esclarece a diretora do CRIA.
Filhos do coração
Há uma minoria que contradiz as estatísticas de adoção no país e garante que a melhor escolha de suas vidas foi adotar “um filho mais velho” e mudar as perspectivas destas crianças/adolescentes. Quando completa a maioridade, os acolhidos devem deixar os abrigos onde vivem e irem para uma república. Mas quase não há este tipo de acolhimento no país, conforme esclarece o CRIA.
A professora Essony Ney é uma destas pessoas que ultrapassou seus receios e preconceitos e decidiu adotar um garoto de 18 anos de idade. Ela conheceu seu “futuro filho” quando trabalhava no mesmo abrigo onde ele estava acolhido. O jovem iria sair da instituição e ela, então, resolveu dar outros rumos de vida ao rapaz.
“Eu acho impossível a gente ver alguém sofrendo, sem ter perspectiva, e a gente dormir em paz. Esse sentimento de caridade, solidariedade e de amor me motivou a acolher Existem desafio da convivência. É natural. Isso que caracteriza a família. Se eu não tivesse feito isso, era como se eu deixasse um jovem se perder. Eu senti que tinha que fazer algo por ele. E fiz, assim como ele também faz por toda nossa família. Porque ele é um presente para nós. Existe desafio de convivência e é natural. Isso que caracteriza a família”, destaca Essony.
Apesar do amor, a professora ressalta que decidir adotar um rapaz de 18 anos não foi uma decisão fácil. Ela destaca que houve receios por conta da idade “mais avançada”.
“Ele realmente era uma pessoa especial. Eu tinha certeza que poderia dar certo, é o meu filho do coração. Mas tenho consciência de que essa não é uma decisão fácil para a maioria das pessoas. E isso é normal. É normal a gente ter medo, mas se você puder tentar, tente. Não se deixe levar pelo medo ou preconceito. A partir desse acolhimento todos nós melhoramos”, acrescenta Essony.
A professora é mãe de mais três filhos. Duas mulheres [21 e 14 anos] e um homem de 27 anos. Todos foram adotados por Essony quando ainda eram crianças.
Adoção é pilar da fé cristã
Quando ainda namorava a atual esposa, o pedagogo Daniel Cezário, 37 anos, já planejava ter filhos adotados. Pais biológicos de dois garotos de 14 e 13 anos, o casal decidiu adotar mais adolescentes: um menino de 14 e uma menina de 12.
Daniel conta que o desejo de seguir os pilares da fé cristã incentivou ele e sua esposa a praticarem a adoção tardia. Os dois também queria ser exemplo para as pessoas adotem crianças com idade mais avançada.
“A decisão é relacionada com a nossa fé. Somos cristãos e um dos pilares da fé cristã é adoção. A salvação que Deus oferece através de Jesus Cristo nas sagradas escritura é feita através da adoção”, justifica Daniel.
O pedagogo destaca que adotar crianças “mais velhas” é mais desafiador porque as pessoas, no momento da adoção, pensam mais em si do que no outro.
“Vemos uma realidade muito dura. Crianças depois de muito tempo nos abrigos não conseguem ser adotadas por já estarem fora do padrão”, observa Daniel. O pedagogo e a esposa vivenciaram os impactos desta realidade ao decidir adotar seus filhos adolescentes.
As crianças disseram que não queriam ser adotadas. Os dois passaram por experiências traumatizantes porque, anteriormente, já haviam sido adotadas por outras famílias, que as rejeitaram. O trauma fica e os adolescentes acabam não querendo sair dos abrigos.
“Entramos em um processo que já havia sido rompido. A gente não chegou a ser bem recebido por eles. A gente foi conquistando isso. A adoção tardia exige esse período de adaptação e de conquista. Não é uma criança que está totalmente aberta. O adolescente tem muita referência, muita base. É preciso ter perseverança para avançar e cada um desses espaço é conquistado como muito esforço emocional, de amor e de carinho”, ressalta Daniel. Mas o pedagogo afirma que todo esforço vale a pena na conquista da família.
“Seu eu pudesse dar uma dica para quem deseja adotar eu diria que ele precisa verdadeiramente de altruísmo e precisa está preparado emocionalmente. Não tem como descrever a sensação de você pegar alguém que não é teu sangue e dizer para essa pessoa: você é minha família, você é meu sangue e mudar o destino dessas pessoas”, finaliza Daniel.
Original disponível em: http://www.florianonews.com/noticias/piaui/pais-mudam-vidas-de-adolescentes-apos-adocoes-em-teresina-42335.html
Reproduzido por: Lucas H.
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