28/07/2016
Silane Souza
Silane Souza
“O Amazonas é sim uma rota para fins de tráfico internacional de pessoa. O Estado serve de rota para o Suriname, Venezuela, Suíça e Espanha conforme casos denunciados”. Quem afirma é a secretária executiva de Política para Mulheres da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Keyth Bentes. De acordo com ela, de 2011 a 2014 foram registrados 20 casos de tráfico humano na região, sendo 18 com fins de exploração sexual e dois de trabalho análogo a escravidão.
Ela revelou as informações nesta quinta-feira (28) durante a abertura da “Campanha Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Coração Azul”, que será realizada pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) até amanhã, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A ação tem por objetivo sensibilizar e informar a população sobre a questão do tráfico de pessoas, além de chamar a atenção para as principais características que indicam o crime e onde buscar ajuda.
Conforme Keyth, no Amazonas há 13 Postos Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante que garantem acesso a cidadania dos migrantes e servem de ponto de denúncia sobre tráfico humano e atendimento inicial às vítimas desse crime. Além disso, as denúncias também podem ser feitas pelo 100 ou 180, sendo que este último número é interligados com 16 países. “Se vê pelo número de ocorrências que são casos extremamente difíceis de denunciar, por isso é importante fazermos essas ações de prevenção”, apontou.
A coordenadora nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça, Renata Braz, disse que um dos grandes desafios é levar o conhecimento desse crime a sociedade porque ele não tem uma materialidade como outros crimes como o tráfico de droga que pode ser visualizado. “São situações e é multifacetário. O crime acontece desde o aliciamento ao transporte dessa pessoa até a exploração, que muitas das vezes é sexual, mas nem sempre é, exclusivamente, exploração sexual”.
De acordo com ela, as pessoas também são traficadas para realizar trabalhos forçados. Há ainda o tráfico de pessoas para extração de órgãos e tecidos humanos, para adoção ilegal, entre outros. “Nós temos uma dificuldade muito grande de fazer as pessoas perceberem que elas estão diante de situações que configuram crime de tráfico de pessoa. Muitas pessoas sequer sabem que são vitimas desse crime. Mas esse é o nosso papel: mobilizar a sociedade e os agentes públicos para chamar atenção da existência desse crime, que é extremamente rentável, mundialmente, é o terceiro crime mais rentável, mas acontece no calabouço”, disse.
Caso
Um dos casos de maior repercussão no Estado, ocorreu no final de outubro de 2012. Na época, a travesti parintinense Bruna Valadares, com 27 anos, se libertou de uma rede de tráfico humano paulista após conseguir fugir da casa onde era mantida em cárcere privado e denunciar o caso ao Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo. Ela passou seis meses no local.
Bruna foi recrutada pela travesti identificada como Eva Tompson, com a promessa de receber implantes de silicone. Mas quando chegou a Jundiaí, no interior paulista, foi feita escrava sexual com outras travestis. Passava o dia aprisionada em uma casa, liberada somente à noite para fazer programas. Era espancada e foi ameaçada de morte até conseguir fugir. “Não quero que as pessoas passem pelo que eu passei”, disse a travesti na época que retornou a Parintins.
Como evitar o tráfico
Antes de aceitar ofertas de trabalho, procure conhecer seus direitos como trabalhador e as condições de trabalho oferecidas; prefira ofertas de emprego de instituições formalmente reconhecidas; não entregue documentos pessoais a ninguém. Além do documento original, tenha sempre uma cópia em mãos; e deixe contatos telefônicos e endereço com familiares e amigos.
Blog: Bruna Candice
Presidente da Comissão Regional dos Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal no Amazonas
"A Polícia Rodoviária Federal tem trabalhado principalmente em ações preventivas e educativas nas quais a gente incentiva as pessoas que verifiquem e fiquem atentas aos sinais de tráfico de pessoas incentivando-as a denunciarem. Ao longo das BRs nós fazemos trabalho de fiscalização e nessa abordagem realizamos um projeto chamado Cinema Rodoviário, que dentre os temas debatidos está o tráfico de pessoa. Durante as averiguações dos veículos (particular, de transporte de passageiro interestadual e até mesmo urbano), convidamos os usuários a sair e assistir junto conosco uma pequena palestra e vídeos de sensibilização. A gente orienta como identificar sinais de tráfego de pessoas: convites valorosos, promessas de riqueza fácil, convite para o exterior de pessoas que desconhecidas, esses são os principais sinais. Há princípios nós não fizemos nenhuma interceptação, não encontramos nenhum indício de tráfico de pessoas ao longo nos últimos dois anos nas rodovias do Amazonas".
Campanha
No primeiro dia da “Campanha Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Coração Azul”, ontem, houve palestras sobre “Tráfico de Pessoas no Contexto Nacional” e “Tráfico de Pessoas no Contexto Amazônico”. Também teve a apresentação do Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas além da exposição da caixa temática sobre tráfico humano na esteira do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.
A caixa mede 66 x 77 e possui a plotagem de uma mulher encarcerada. “O aeroporto é um dos principais meios utilizados pelo crime organizado do tráfico internacional de pessoas. Com essa ação queremos chocar e informar os passageiros sobre essa questão, pois ela é real e pode estar acontecendo com uma pessoa que está do nosso lado”, enfatizou a titular da Sejusc, Graça Prola.
Houve ainda a reativação do Posto Avançado de Atendimento Humanizado do Migrante no Distrito do Cacau Pirera em Iranduba (distante 27 quilômetros de Manaus). A programação terminou com a iluminação azul em prédios como do Teatro Amazonas, Assembleia Legislativa (Aleam), Câmara Municipal de Manaus (CMM), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e Sejusc.
Ação na Zona leste
Nesta sexta-feira (29), haverá uma programação especial voltada ao público estudantil da rede pública de ensino em que seis escolas da Zona Leste, onde exibirão simultaneamente o filme “Anjos do Sol” que trata da temática sobre o tráfico de pessoas. Em seguida, acontece uma roda de conversa com os estudantes.
No sábado (30), das 8h às 11h, serão realizadas abordagens educativas com panfletagem na Estação Rodoviária de Manaus, Feira Coberta da Ceasa, Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, Posto de Fiscalização da Ponte Rio Negro e Barreira Policial da BR-174.
Original disponível em: http://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/sexta-feira-trafico-de-pessoas
Reproduzido por: Lucas H.
Ela revelou as informações nesta quinta-feira (28) durante a abertura da “Campanha Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Coração Azul”, que será realizada pela Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) até amanhã, Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A ação tem por objetivo sensibilizar e informar a população sobre a questão do tráfico de pessoas, além de chamar a atenção para as principais características que indicam o crime e onde buscar ajuda.
Conforme Keyth, no Amazonas há 13 Postos Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante que garantem acesso a cidadania dos migrantes e servem de ponto de denúncia sobre tráfico humano e atendimento inicial às vítimas desse crime. Além disso, as denúncias também podem ser feitas pelo 100 ou 180, sendo que este último número é interligados com 16 países. “Se vê pelo número de ocorrências que são casos extremamente difíceis de denunciar, por isso é importante fazermos essas ações de prevenção”, apontou.
A coordenadora nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça, Renata Braz, disse que um dos grandes desafios é levar o conhecimento desse crime a sociedade porque ele não tem uma materialidade como outros crimes como o tráfico de droga que pode ser visualizado. “São situações e é multifacetário. O crime acontece desde o aliciamento ao transporte dessa pessoa até a exploração, que muitas das vezes é sexual, mas nem sempre é, exclusivamente, exploração sexual”.
De acordo com ela, as pessoas também são traficadas para realizar trabalhos forçados. Há ainda o tráfico de pessoas para extração de órgãos e tecidos humanos, para adoção ilegal, entre outros. “Nós temos uma dificuldade muito grande de fazer as pessoas perceberem que elas estão diante de situações que configuram crime de tráfico de pessoa. Muitas pessoas sequer sabem que são vitimas desse crime. Mas esse é o nosso papel: mobilizar a sociedade e os agentes públicos para chamar atenção da existência desse crime, que é extremamente rentável, mundialmente, é o terceiro crime mais rentável, mas acontece no calabouço”, disse.
Caso
Um dos casos de maior repercussão no Estado, ocorreu no final de outubro de 2012. Na época, a travesti parintinense Bruna Valadares, com 27 anos, se libertou de uma rede de tráfico humano paulista após conseguir fugir da casa onde era mantida em cárcere privado e denunciar o caso ao Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo. Ela passou seis meses no local.
Bruna foi recrutada pela travesti identificada como Eva Tompson, com a promessa de receber implantes de silicone. Mas quando chegou a Jundiaí, no interior paulista, foi feita escrava sexual com outras travestis. Passava o dia aprisionada em uma casa, liberada somente à noite para fazer programas. Era espancada e foi ameaçada de morte até conseguir fugir. “Não quero que as pessoas passem pelo que eu passei”, disse a travesti na época que retornou a Parintins.
Como evitar o tráfico
Antes de aceitar ofertas de trabalho, procure conhecer seus direitos como trabalhador e as condições de trabalho oferecidas; prefira ofertas de emprego de instituições formalmente reconhecidas; não entregue documentos pessoais a ninguém. Além do documento original, tenha sempre uma cópia em mãos; e deixe contatos telefônicos e endereço com familiares e amigos.
Blog: Bruna Candice
Presidente da Comissão Regional dos Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal no Amazonas
"A Polícia Rodoviária Federal tem trabalhado principalmente em ações preventivas e educativas nas quais a gente incentiva as pessoas que verifiquem e fiquem atentas aos sinais de tráfico de pessoas incentivando-as a denunciarem. Ao longo das BRs nós fazemos trabalho de fiscalização e nessa abordagem realizamos um projeto chamado Cinema Rodoviário, que dentre os temas debatidos está o tráfico de pessoa. Durante as averiguações dos veículos (particular, de transporte de passageiro interestadual e até mesmo urbano), convidamos os usuários a sair e assistir junto conosco uma pequena palestra e vídeos de sensibilização. A gente orienta como identificar sinais de tráfego de pessoas: convites valorosos, promessas de riqueza fácil, convite para o exterior de pessoas que desconhecidas, esses são os principais sinais. Há princípios nós não fizemos nenhuma interceptação, não encontramos nenhum indício de tráfico de pessoas ao longo nos últimos dois anos nas rodovias do Amazonas".
Campanha
No primeiro dia da “Campanha Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas Coração Azul”, ontem, houve palestras sobre “Tráfico de Pessoas no Contexto Nacional” e “Tráfico de Pessoas no Contexto Amazônico”. Também teve a apresentação do Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas além da exposição da caixa temática sobre tráfico humano na esteira do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.
A caixa mede 66 x 77 e possui a plotagem de uma mulher encarcerada. “O aeroporto é um dos principais meios utilizados pelo crime organizado do tráfico internacional de pessoas. Com essa ação queremos chocar e informar os passageiros sobre essa questão, pois ela é real e pode estar acontecendo com uma pessoa que está do nosso lado”, enfatizou a titular da Sejusc, Graça Prola.
Houve ainda a reativação do Posto Avançado de Atendimento Humanizado do Migrante no Distrito do Cacau Pirera em Iranduba (distante 27 quilômetros de Manaus). A programação terminou com a iluminação azul em prédios como do Teatro Amazonas, Assembleia Legislativa (Aleam), Câmara Municipal de Manaus (CMM), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e Sejusc.
Ação na Zona leste
Nesta sexta-feira (29), haverá uma programação especial voltada ao público estudantil da rede pública de ensino em que seis escolas da Zona Leste, onde exibirão simultaneamente o filme “Anjos do Sol” que trata da temática sobre o tráfico de pessoas. Em seguida, acontece uma roda de conversa com os estudantes.
No sábado (30), das 8h às 11h, serão realizadas abordagens educativas com panfletagem na Estação Rodoviária de Manaus, Feira Coberta da Ceasa, Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, Posto de Fiscalização da Ponte Rio Negro e Barreira Policial da BR-174.
Original disponível em: http://www.acritica.com/channels/cotidiano/news/sexta-feira-trafico-de-pessoas
Reproduzido por: Lucas H.
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