12/11/2015
Blumenau
Fernanda Ribas
fernanda.ribas@santa.com.br
Odair e Denise vivem a incerteza de que a liminar que concedeu a guarda provisória em 31 de outubro seja revogada a qualquer momento
Blumenau
Fernanda Ribas
fernanda.ribas@santa.com.br
Odair e Denise vivem a incerteza de que a liminar que concedeu a guarda provisória em 31 de outubro seja revogada a qualquer momento
Em quatro anos de convivência, os blumenauenses Denise Reis dos Santos e Odair dos Santos nunca haviam experimentado a saudade dos filhos. Os gêmeos jamais ficaram mais de uma noite longe da casa que os acolheu ainda recém-nascidos. A distância foi sentida há duas semanas, quando em 27 de outubro os meninos foram levados da escola ao Fórum de Blumenau por dois policiais federais, um oficial e dois conselheiros tutelares. Poucas horas depois, durante uma audiência, o casal e o advogado, Alexandro Maba, foram informados que os pequenos iriam para um abrigo e só sairiam de lá com autorização da Justiça.
O desespero de perder temporariamente as crianças foi consequência de uma adoção ilegal em 2011. Denise, 36 anos, e Odair, 37, ficaram com os meninos sem passar pela intervenção da Justiça. É a chamada adoção à brasileira: quando os pais não entram na fila do Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (Cuida), o que é crime segundo o artigo 242 do Código Penal e a Lei Nacional de Adoção (Lei 12.010).
Na época, Denise conta que a decisão de colocar o nome do marido como pai dos filhos de uma conhecida que não tinha condição de criá-los foi orientação de um advogado. O casal de empresários, que responde também por falsificação de documentos, está novamente com as crianças, mas vive a incerteza de que a liminar que concedeu a guarda provisória em 31 de outubro seja revogada a qualquer momento:
— A sensação é de impotência. Quando você vê seus filhos correndo riscos e não tem o que fazer, essa sensação é horrível. Erramos, fizemos a adoção de uma maneira mais fácil, mas não tínhamos noção de que seria crime. Só queremos provar o quanto eles são amados.
Para o advogado do casal, os prejudicados são as crianças:
— O trauma que eles enfrentaram com essa situação não está nas 1,9 mil páginas do processo. Meus clientes podem encarar a situação e erraram, mas as crianças não merecem passar por isso. Não tem oposição dos pais biológicos nem do Ministério Público.
Não há estimativa de quantos casais fazem adoção à brasileira em Blumenau. A prática é o atalho para evitar o tempo na fila do cadastro de adoção, que varia conforme as preferências do casal. Quanto mais restrito o perfil da criança, mais tempo irá demorar. Neste ano, há 258 pretendentes, mas apenas nove adoções efetivamente ocorreram na cidade. A realidade é a mesma no Estado: são 3.135 interessados e 1.392 crianças e adolescentes na lista. Dos interessados em adotar, 80% querem crianças de até três anos, preferencialmente meninas e sem irmãos.
O desespero de perder temporariamente as crianças foi consequência de uma adoção ilegal em 2011. Denise, 36 anos, e Odair, 37, ficaram com os meninos sem passar pela intervenção da Justiça. É a chamada adoção à brasileira: quando os pais não entram na fila do Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (Cuida), o que é crime segundo o artigo 242 do Código Penal e a Lei Nacional de Adoção (Lei 12.010).
Na época, Denise conta que a decisão de colocar o nome do marido como pai dos filhos de uma conhecida que não tinha condição de criá-los foi orientação de um advogado. O casal de empresários, que responde também por falsificação de documentos, está novamente com as crianças, mas vive a incerteza de que a liminar que concedeu a guarda provisória em 31 de outubro seja revogada a qualquer momento:
— A sensação é de impotência. Quando você vê seus filhos correndo riscos e não tem o que fazer, essa sensação é horrível. Erramos, fizemos a adoção de uma maneira mais fácil, mas não tínhamos noção de que seria crime. Só queremos provar o quanto eles são amados.
Para o advogado do casal, os prejudicados são as crianças:
— O trauma que eles enfrentaram com essa situação não está nas 1,9 mil páginas do processo. Meus clientes podem encarar a situação e erraram, mas as crianças não merecem passar por isso. Não tem oposição dos pais biológicos nem do Ministério Público.
Não há estimativa de quantos casais fazem adoção à brasileira em Blumenau. A prática é o atalho para evitar o tempo na fila do cadastro de adoção, que varia conforme as preferências do casal. Quanto mais restrito o perfil da criança, mais tempo irá demorar. Neste ano, há 258 pretendentes, mas apenas nove adoções efetivamente ocorreram na cidade. A realidade é a mesma no Estado: são 3.135 interessados e 1.392 crianças e adolescentes na lista. Dos interessados em adotar, 80% querem crianças de até três anos, preferencialmente meninas e sem irmãos.
PROCESSO LEGAL DEMANDA TEMPO
Para a presidente do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Blumenau, Angelina Mandel, adotar de forma ilegal é expor as crianças ao risco. Entrar no cadastro único demanda tempo e paciência:
— A adoção legal é uma adoção segura. Se seguir esse caminho não tem como alguém tirá-las da família. O ato de adotar começa no fundamento da verdade e envolve fatores complexos, que devem ser seguidos.
Angelina fala do tema com propriedade. Há 10 anos faz parte do grupo que auxilia e orienta pessoas que querem adotar e tem uma filha pela qual esperou na fila por três anos. Estéfani Letícia hoje tem 11 anos, mas quando conheceu Angelina tinha um ano e sete meses.
— É uma experiência fantástica. Todo dia é um novo desafio. Cada palestra que fui, cada etapa eu consegui aproveitar alguma coisa. Desde o primeiro dia queríamos ela com a gente e como fizemos tudo legalmente, a gente sabia que nada aconteceria de errado — afirma Angelina.
Quem está na fila lamenta a morosidade do processo. Israel Eduardo Roncalio, 35, e Tânia Marise Tamasia Roncalio, 40, aguardam há quatro anos e confessam: a espera é agoniante.
— Todo mês esperamos visita de algum assistente social ou psicólogo em casa. É um sofrimento. Mas não quero desistir, apesar da burocracia parecer levar a isso. É um sonho que não é de agora. Sempre quis adotar.
O perfil de criança que o casal tem preferência é o mais procurado: de zero a cinco anos. Israel e Tânia sabem disso, mas preferem mais novos por acharem que o filho pode ficar com um pouco mais do jeito do casal. De acordo com Angelina, a preocupação do grupo é convencer os pais a escolherem os mais velhos:
— Poucos querem adotar quem tem mais de 10 anos ou necessidades especiais. A maioria quer bebês. E isso está quase em extinção. O que sobra nos abrigos são irmãos e crianças mais velhas. É triste, o que eles querem é apenas uma família.
Para a presidente do Grupo de Estudos e Apoio à Adoção de Blumenau, Angelina Mandel, adotar de forma ilegal é expor as crianças ao risco. Entrar no cadastro único demanda tempo e paciência:
— A adoção legal é uma adoção segura. Se seguir esse caminho não tem como alguém tirá-las da família. O ato de adotar começa no fundamento da verdade e envolve fatores complexos, que devem ser seguidos.
Angelina fala do tema com propriedade. Há 10 anos faz parte do grupo que auxilia e orienta pessoas que querem adotar e tem uma filha pela qual esperou na fila por três anos. Estéfani Letícia hoje tem 11 anos, mas quando conheceu Angelina tinha um ano e sete meses.
— É uma experiência fantástica. Todo dia é um novo desafio. Cada palestra que fui, cada etapa eu consegui aproveitar alguma coisa. Desde o primeiro dia queríamos ela com a gente e como fizemos tudo legalmente, a gente sabia que nada aconteceria de errado — afirma Angelina.
Quem está na fila lamenta a morosidade do processo. Israel Eduardo Roncalio, 35, e Tânia Marise Tamasia Roncalio, 40, aguardam há quatro anos e confessam: a espera é agoniante.
— Todo mês esperamos visita de algum assistente social ou psicólogo em casa. É um sofrimento. Mas não quero desistir, apesar da burocracia parecer levar a isso. É um sonho que não é de agora. Sempre quis adotar.
O perfil de criança que o casal tem preferência é o mais procurado: de zero a cinco anos. Israel e Tânia sabem disso, mas preferem mais novos por acharem que o filho pode ficar com um pouco mais do jeito do casal. De acordo com Angelina, a preocupação do grupo é convencer os pais a escolherem os mais velhos:
— Poucos querem adotar quem tem mais de 10 anos ou necessidades especiais. A maioria quer bebês. E isso está quase em extinção. O que sobra nos abrigos são irmãos e crianças mais velhas. É triste, o que eles querem é apenas uma família.
Reproduzido por: Lucas H.
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