06.11.2015
Rio de Janeiro
Direitos Humanos
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil *
Rio de Janeiro
Direitos Humanos
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil *
“ONDE NÃO FALTA AMOR, SOBRAM MOTIVOS PARA ACOLHER”.
Esse é o lema da campanha lançada hoje (6) pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social do Rio de Janeiro para ampliar a participação no Programa de Família Acolhedora (Faco). O programa tem o objetivo de proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes em situação de violência doméstica ou abandono e que são encaminhadas para acolhimento provisório com famílias voluntárias.
De acordo com o secretário Adilson Pires, o programa ajuda meninas e meninos a retomarem sua trajetória de vida. “Nós entendemos que abrigo não é local ideal para criança, é só em último caso. Quando você põe essa criança em um ambiente de família, ele convive às vezes com outras crianças, com o pai e a mãe acolhedor, isso tem tido muito sucesso para essas crianças retomarem suas trajetórias. Há casos espetaculares de crianças muito rebeldes, muito bagunceiras, e que, de repente, passam a ter uma vida mais estruturada, voltam para a escola”.
Atualmente, o município tem 150 famílias acolhedoras cadastradas e deve ampliar em 250 até o fim do ano. Segundo Pires, a prefeitura pretende alcançar o número de mil famílias cadastradas dispostas a ajudar crianças e jovens que precisam de amor.
“O projeto só é possível porque existe muita gente generosa nesse Brasil e na cidade do Rio de Janeiro. São famílias que se habilitam a receber, dentro de sua casa, crianças que, por algum motivo, a família original, biológica, perdeu a guarda dessa criança. E nós encaminhamos para essa família chamada família acolhedora. Essa família vai adotar essa criança provisoriamente, não é uma adoção definitiva, e ela ficará com essa criança por um período até que a criança possa retornar à sua família ou ter uma adoção definitiva”.
A prefeitura oferece bolsas para as famílias acolhedoras, que foram reajustadas agora para R$680 por criança ou R$ 1 mil, no caso de pessoa com deficiência. Antes de ser aceita no programa, a família voluntária passa por uma avaliação de psicólogos e assistentes sociais, profissionais que também fazem o acompanhamento das crianças acolhidas e visitas periódicas às casas. De acordo com o secretário, atualmente o Rio de Janeiro tem 680 crianças em abrigos.
Depois de perder a própria família em um acidente de carro e passar cinco anos em depressão, a aposentada Sandra Macedo aceitou o conselho de uma amiga assistente social e se voluntariou para acolher crianças e adolescentes também com histórias de vida tristes, como abandono ainda bebê em uma lata de lixo, abuso sexual, morte prematura da mãe e pai usuário de droga. Há 12 anos começou acolhendo duas crianças pequenas e agora adotou duas delas e tem mais quatro acolhidas.
“Adotei uma com síndrome de Down e outro autista, mas todos que eu tenho agora eu vou adotar, porque não dá para separar mais. Eu digo que a criança que a gente acolhe e adota, a gente escolheu com os olhos, a gravidez às vezes a gente nem quer, nasce porque pegou. Na adoção a gente escolhe com o coração, é diferente, o amor é outro, mais forte”.
Sandra relata que é difícil conquistar a confiança das crianças no começo, mas que todo o esforço compensa. “Os dois primeiros meses são muito difíceis, eles chegam muito rebeldes, querem chamar a atenção, querem fazer tudo de errado, dizem que querem voltar para o abrigo dizendo que lá é que é bom. Depois que eles se acostumam, tomam pavor do abrigo. Acho que é questão de medo de chegar em uma casa, até a gente fica com medo quando chega em um lugar que não conhece ninguém. Aí eles se rebelam, a gente vai conquistando a confiança deles, vai mostrando que é uma família. Aí eles começam a enxergar o que é uma família, porque eles vêm sem noção de família, só tem noção de abandono, às vezes de abuso. A gente também tem que ser psicóloga para analisar o que eles precisam, eles vão aprendendo a confiar na gente”.
Aos 20 anos, a clarinetista Thayná Costa Nazareth ainda vive com a família que a acolheu há dez anos, mesmo tendo terminado o período de inserção no programa, quando a jovem completou 18 anos. Segundo ela, que chama dona Benedita de mãe, a acolhida foi fundamental para que ela seguisse em frente depois que sua mãe biológica perdeu sua guarda por problemas de saúde.
“Formação de caráter, minha formação profissional, como pessoa, como ser humano, me ajudou muito a enxergar outros horizontes, a não sentir pena do que a gente passou até chegar na família acolhedora. E com orgulho, seguir em frente, levantar a cabeça e lembrar que tem sempre alguém precisando mais do que a gente e, se possível, estender a mão para aquele que precisa também”.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, elogiou o programa e a ampliação de vagas. “A iniciativa beneficia diretamente o trabalho das quatro Varas da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, nas quais juízes poderão destinar um maior número de menores [de idade] para ambientes familiares em vez de encaminhá-los a um abrigo”.
O programa foi criado em 1998 e já beneficiou 3 mil crianças e adolescentes. Atualmente, são 300 acolhidos por famílias voluntárias na cidade.
*Colaborou Joana Moscatelli, repórter do Radiojornalismo
Edição: Fábio Massalli
De acordo com o secretário Adilson Pires, o programa ajuda meninas e meninos a retomarem sua trajetória de vida. “Nós entendemos que abrigo não é local ideal para criança, é só em último caso. Quando você põe essa criança em um ambiente de família, ele convive às vezes com outras crianças, com o pai e a mãe acolhedor, isso tem tido muito sucesso para essas crianças retomarem suas trajetórias. Há casos espetaculares de crianças muito rebeldes, muito bagunceiras, e que, de repente, passam a ter uma vida mais estruturada, voltam para a escola”.
Atualmente, o município tem 150 famílias acolhedoras cadastradas e deve ampliar em 250 até o fim do ano. Segundo Pires, a prefeitura pretende alcançar o número de mil famílias cadastradas dispostas a ajudar crianças e jovens que precisam de amor.
“O projeto só é possível porque existe muita gente generosa nesse Brasil e na cidade do Rio de Janeiro. São famílias que se habilitam a receber, dentro de sua casa, crianças que, por algum motivo, a família original, biológica, perdeu a guarda dessa criança. E nós encaminhamos para essa família chamada família acolhedora. Essa família vai adotar essa criança provisoriamente, não é uma adoção definitiva, e ela ficará com essa criança por um período até que a criança possa retornar à sua família ou ter uma adoção definitiva”.
A prefeitura oferece bolsas para as famílias acolhedoras, que foram reajustadas agora para R$680 por criança ou R$ 1 mil, no caso de pessoa com deficiência. Antes de ser aceita no programa, a família voluntária passa por uma avaliação de psicólogos e assistentes sociais, profissionais que também fazem o acompanhamento das crianças acolhidas e visitas periódicas às casas. De acordo com o secretário, atualmente o Rio de Janeiro tem 680 crianças em abrigos.
Depois de perder a própria família em um acidente de carro e passar cinco anos em depressão, a aposentada Sandra Macedo aceitou o conselho de uma amiga assistente social e se voluntariou para acolher crianças e adolescentes também com histórias de vida tristes, como abandono ainda bebê em uma lata de lixo, abuso sexual, morte prematura da mãe e pai usuário de droga. Há 12 anos começou acolhendo duas crianças pequenas e agora adotou duas delas e tem mais quatro acolhidas.
“Adotei uma com síndrome de Down e outro autista, mas todos que eu tenho agora eu vou adotar, porque não dá para separar mais. Eu digo que a criança que a gente acolhe e adota, a gente escolheu com os olhos, a gravidez às vezes a gente nem quer, nasce porque pegou. Na adoção a gente escolhe com o coração, é diferente, o amor é outro, mais forte”.
Sandra relata que é difícil conquistar a confiança das crianças no começo, mas que todo o esforço compensa. “Os dois primeiros meses são muito difíceis, eles chegam muito rebeldes, querem chamar a atenção, querem fazer tudo de errado, dizem que querem voltar para o abrigo dizendo que lá é que é bom. Depois que eles se acostumam, tomam pavor do abrigo. Acho que é questão de medo de chegar em uma casa, até a gente fica com medo quando chega em um lugar que não conhece ninguém. Aí eles se rebelam, a gente vai conquistando a confiança deles, vai mostrando que é uma família. Aí eles começam a enxergar o que é uma família, porque eles vêm sem noção de família, só tem noção de abandono, às vezes de abuso. A gente também tem que ser psicóloga para analisar o que eles precisam, eles vão aprendendo a confiar na gente”.
Aos 20 anos, a clarinetista Thayná Costa Nazareth ainda vive com a família que a acolheu há dez anos, mesmo tendo terminado o período de inserção no programa, quando a jovem completou 18 anos. Segundo ela, que chama dona Benedita de mãe, a acolhida foi fundamental para que ela seguisse em frente depois que sua mãe biológica perdeu sua guarda por problemas de saúde.
“Formação de caráter, minha formação profissional, como pessoa, como ser humano, me ajudou muito a enxergar outros horizontes, a não sentir pena do que a gente passou até chegar na família acolhedora. E com orgulho, seguir em frente, levantar a cabeça e lembrar que tem sempre alguém precisando mais do que a gente e, se possível, estender a mão para aquele que precisa também”.
Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, elogiou o programa e a ampliação de vagas. “A iniciativa beneficia diretamente o trabalho das quatro Varas da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, nas quais juízes poderão destinar um maior número de menores [de idade] para ambientes familiares em vez de encaminhá-los a um abrigo”.
O programa foi criado em 1998 e já beneficiou 3 mil crianças e adolescentes. Atualmente, são 300 acolhidos por famílias voluntárias na cidade.
*Colaborou Joana Moscatelli, repórter do Radiojornalismo
Edição: Fábio Massalli
Reproduzido por: Lucas H.
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