quarta-feira, 4 de novembro de 2015

PAIS DE ALUNOS PROTESTAM CONTRA RETIRADA DE LIVRO SOBRE "NOVAS FAMÍLIAS" (reprodução)

03/11/15
Por Adriana Franzin Fonte:Portal EBC
Para pais
Sara é adotada. Ela vive numa família composta de uma mãe e dois irmãos. A comemoração do Dia dos Pais na escola nunca foi motivo de festa para ela. Na verdade, era um dia de tristeza e vergonha diante dos coleguinhas. Os sentimentos de Sara se transformaram em um livro pelas mãos de sua mãe, Gisele Gama Andrade. "A família de Sara", que está disponível para ser baixado, é só um dos 17 títulos inspirados na menina para tratar de várias questões ligadas à cidadania. A temática parece retratar o cotidiano de muitas famílias brasileiras, mas a obra causou polêmica ao ser retirada da lista de livros recomendados em uma escola de Brasília.
O livro não agradou a alguns pais de alunos do 2° ano do colégio Marista, tradicional em Brasília. Segundo a assessoria de imprensa da escola, várias famílias questionaram a adoção da obra. A instituição retirou o livro da lista que integra o planejamento pedagógico para o próximo ano. Em nota, negou que as reclamações tenham motivado a decisão. "Anualmente, a lista de livros paradidáticos é alterada, tendo em vista o grande número de lançamentos do mercado editorial que contribuem para complementar os estudos em diversas áreas. Para 2016, o livro "A Família de Sara", assim como vários outros títulos, não estará na lista de livros paradidáticos do Colégio Marista de Brasília (Maristinha).
A decisão gerou descontentamento de outras famílias, que se manifestaram a favor do livro pela internet e criaram a campanha #voltasara .
A mãe Patrícia Lino foi uma das que se manifestaram nas redes sociais: "Alguns pais reagiram à iniciativa porque entendem que existe um modelo de família admitido, e somente ele deve ser ensinado. Infelizmente, o Marista recuou na proposta pedagógica e retirou o livro da lista. (...) A família não está e nem nunca esteve ameaçada. Sempre existiu e existirá. Ela é a base de tudo, e lamento saber que o Marista não acolhe todas as famílias".
Apoiado por outros pais que compartilham dessas ideias, o movimento #voltasara ganhou força nas redes sociais. Além de pedir a volta da adoção do livro paradidático pela escola, os defensores da causa abordam assuntos relacionados ao tema do livro reacendem o debate sobre a definição da configuração familiar adotada no Estatuto da Família, aprovado recentemente por uma comissão da Câmara dos Deputados. A própria menina Sara explicou em um vídeo postado no Facebook como o movimento foi criado:
Na opinião da autora do livro, Gisele Gama Andrade, a reação das famílias mostra que a obra reflete a realidade brasileira: "Essa postura da escola extrapola seus muros. Não se trata mais do livro, mas de uma atitude que exclui as famílias que não se configuram como pai e mãe com horários disponíveis para estar na escola nas festas. A atitude da escola é a da invisibilidade dessas famílias. Brasileiro é 'gente boa'. No entanto, vejo o tempo todo em minha casa o reforço à exclusão. O livro, assim como os demais que escrevi, visa a esse debate".
Procurada pela reportagem do Portal EBC, a escola informou que não pretende rever a decisão.

Reproduzido por: Lucas H.

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