09.05.2016
Luiz Filipe Freire e Renata Coutinho, da Folha de Pernambuco
Experiência é fundamental nessa tarefa de lidar com o tumultuado coração das mães biológicas
Maria de Fátima, avó materna de Miguel, 6 meses: nina, dá remédio e cuida da agenda médica
Duplamente mães. Duplamente responsáveis. Assim como Silvania, muitas avós de crianças nascidas com microcefalia associada ao zika estão se sentindo dessa forma. Nos últimos meses, muitas tornaram-se as guardiãs dos pequenos. E a experiência é fundamental nessa tarefa de lidar com o tumultuado coração das mães biológicas, principalmente as adolescentes, que se assustaram ao ver o filho com a malformação.
Maria de Fátima Soares, 52 anos, é mais uma das mães avós. É ela quem nina, dá remédios e cuida da agenda de consultas de Pedro Miguel, 6 meses. “Adolescente já é meio complicado por natureza. E depois que o bebê chegou ela ficou ainda mais rebelde. Às vezes não quer nem pegar ele no colo”, reclama, ao falar sobre a filha de 17, mãe de Miguel.
Para ela, essa falta de compromisso com a criança e até rejeição pode estar relacionada a algum problema emocional da adolescente. Tem buscado ajuda psicológica para a jovem. A preocupação é generalizada: tanto a filha quanto o neto-filho precisam de seu amor. E de sua ação. Fátima também está em busca da guarda judicial de Miguel.
Juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife, Élio Braz explica que a movimentação pela tutela das avós é legítima. “Os irmãos e os avós não podem adotar. Só podem pedir a guarda. O que estão fazendo é correto. Já os tios, primos e demais pessoas podem pedir adoção”, disse. O magistrado ressalta que a guarda judicial pode ajudar as avós a incluírem as crianças em planos de saúde, colocar na escolar e viajar.
ADOÇÃO
Uma casa. Pais. Após sete meses morando no Lar Rejane Marques, no bairro de Campo Grande, no Recife, o bebê entregue para adoção com apenas 13 dias de vida encontrou abrigo em outros corações. A mãe biológica, uma jovem de mais de 18 anos, já tinha outro filho com deficiência. Declarou à Justiça não ter condições de cuidar da pequena.
Na semana passada, o bebê iniciou estágio de convivência com um casal que entrou com processo de adoção. Ele já está convivendo com os novos pais na residência da família. O casal já estava no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) como pretendente.
A primeira visita da equipe de assistentes sociais da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife, onde tramita o processo de adoção, ocorrerá até o fim deste mês. Não há previsão de quando a sentença sairá. “Eles estão com a criança. Estão no estágio de convivência. Já entraram com a petição inicial. E já autorizei a adoção. Essa era nossa única criança com microcefalia no cadastro”, comenta Élio Braz.
CELERIDADE
O juiz destacou que a Justiça busca dar maior celeridade aos processos de adoção que envolve crianças com alguma deficiência, assim como outras crianças de “difícil colocação familiar”, como as maiores de 7 anos ou portadoras de HIV. Segundo ele, apesar das dificuldades que cercam esses processos, nos últimos anos essa realidade tem mudado. “O perfil das famílias mudou. Eu acabei de fazer adoção de um menino de 18 anos, quando antes era impossível. O perfil está mudando, estão aceitando crianças mais velhas e estão aceitando crianças com doenças mentais, HIV. E, agora, com microcefalia”, comemorou.
Original disponível em: http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/5/com-maes-assustadas-avos-viram-guardias-de-bebes-0132.html
Reproduzido por: Lucas H
Luiz Filipe Freire e Renata Coutinho, da Folha de Pernambuco
Experiência é fundamental nessa tarefa de lidar com o tumultuado coração das mães biológicas
Maria de Fátima, avó materna de Miguel, 6 meses: nina, dá remédio e cuida da agenda médica
Duplamente mães. Duplamente responsáveis. Assim como Silvania, muitas avós de crianças nascidas com microcefalia associada ao zika estão se sentindo dessa forma. Nos últimos meses, muitas tornaram-se as guardiãs dos pequenos. E a experiência é fundamental nessa tarefa de lidar com o tumultuado coração das mães biológicas, principalmente as adolescentes, que se assustaram ao ver o filho com a malformação.
Maria de Fátima Soares, 52 anos, é mais uma das mães avós. É ela quem nina, dá remédios e cuida da agenda de consultas de Pedro Miguel, 6 meses. “Adolescente já é meio complicado por natureza. E depois que o bebê chegou ela ficou ainda mais rebelde. Às vezes não quer nem pegar ele no colo”, reclama, ao falar sobre a filha de 17, mãe de Miguel.
Para ela, essa falta de compromisso com a criança e até rejeição pode estar relacionada a algum problema emocional da adolescente. Tem buscado ajuda psicológica para a jovem. A preocupação é generalizada: tanto a filha quanto o neto-filho precisam de seu amor. E de sua ação. Fátima também está em busca da guarda judicial de Miguel.
Juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife, Élio Braz explica que a movimentação pela tutela das avós é legítima. “Os irmãos e os avós não podem adotar. Só podem pedir a guarda. O que estão fazendo é correto. Já os tios, primos e demais pessoas podem pedir adoção”, disse. O magistrado ressalta que a guarda judicial pode ajudar as avós a incluírem as crianças em planos de saúde, colocar na escolar e viajar.
ADOÇÃO
Uma casa. Pais. Após sete meses morando no Lar Rejane Marques, no bairro de Campo Grande, no Recife, o bebê entregue para adoção com apenas 13 dias de vida encontrou abrigo em outros corações. A mãe biológica, uma jovem de mais de 18 anos, já tinha outro filho com deficiência. Declarou à Justiça não ter condições de cuidar da pequena.
Na semana passada, o bebê iniciou estágio de convivência com um casal que entrou com processo de adoção. Ele já está convivendo com os novos pais na residência da família. O casal já estava no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) como pretendente.
A primeira visita da equipe de assistentes sociais da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife, onde tramita o processo de adoção, ocorrerá até o fim deste mês. Não há previsão de quando a sentença sairá. “Eles estão com a criança. Estão no estágio de convivência. Já entraram com a petição inicial. E já autorizei a adoção. Essa era nossa única criança com microcefalia no cadastro”, comenta Élio Braz.
CELERIDADE
O juiz destacou que a Justiça busca dar maior celeridade aos processos de adoção que envolve crianças com alguma deficiência, assim como outras crianças de “difícil colocação familiar”, como as maiores de 7 anos ou portadoras de HIV. Segundo ele, apesar das dificuldades que cercam esses processos, nos últimos anos essa realidade tem mudado. “O perfil das famílias mudou. Eu acabei de fazer adoção de um menino de 18 anos, quando antes era impossível. O perfil está mudando, estão aceitando crianças mais velhas e estão aceitando crianças com doenças mentais, HIV. E, agora, com microcefalia”, comemorou.
Original disponível em: http://www.folhape.com.br/cotidiano/2016/5/com-maes-assustadas-avos-viram-guardias-de-bebes-0132.html
Reproduzido por: Lucas H
Nenhum comentário:
Postar um comentário