30/05/2016
Familiares compartilham os momentos até a chegada do novo ente querido
Sul Fluminense
Cidades
“Conheci o meu marido em 2003 e em 2007 me casei com ele. Desde a época de namoro era plano nosso a adoção, a gente brincava que queríamos dois filhos: um da barriga e outro do coração. Depois de casados, com tudo estabilizado, pensamos que já era a hora de encomendar o nosso filho. Tivemos um período difícil de um ano de tentativas e angustias. Começamos a investigar o que tinha ocorrido e pensamos em inseminação, quando um especialista de Volta Redonda detectou um problema que não permitia que engravidássemos. Foi um baque, mas depois de um tempo eu disse: chega! Pensei comigo mesmo: quero ser mãe ou quero engravidar? Eu quero ser mãe!”, o relado é da moradora de Barra Mansa, Marcília Leites Arantes, coordenadora do Grupo de Apoio à Adoção de Barra Mansa – Nós Adotamos essa Ideia. Hoje ela é uma das personagens do Especial do Jornal A VOZ DA CIDADE, que abordará o tema: adoção.
“Esperamos dois anos até a chegada dos nossos filhos. Eles estavam em um abrigo em Resende e um dia eu estava no trabalho e recebi a notícia. Me ligaram e disseram, são dois. Liguei para o meu pai, que morreu recentemente, e contei pra ele. Como pai amoroso e sábio ele disse o que eu precisava ouvir: minha filha, você esperou por tanto tempo. Vai buscar seus filhos”, relatou, completando: “Liguei para o meu marido e dei a notícia. Fomos conhecer os dois no abrigo, mas quando chegamos eles estavam na escola. Foi quando encontramos dois irmãos dormindo, o Arthur e o Otávio (hoje com sete e seis anos, respectivamente), que também estavam para adoção. Por mim teria voltado com os quatro. Levamos o Arthur e o Otávio para um passeio, e no dia o Arthur olhou para o meu marido e disse: sabia que você é o meu pai? Choramos muito. Deus confirmou que estávamos no caminho certo, e assim aconteceu”, expôs.
Marcília conta que a adoção aconteceu em outubro de 2012 e que os dois chegaram em seus braços, e do marido (Marcus Vinicius Silva Arantes, coordenador do GAABM), em novembro. “Graças a Deus a espera acabou e foi aquele alvoroço todo. Todo mundo adotou a causa com a agente. Não tive dificuldade de adaptação. Logo eles começaram a nos chamar de mãe e pai e sabem toda a história deles”, contou.
Ano passado, Marcília e Marcus conheceram o Cláudio Mendonça, que é do Grupo de Apoio à Adoção de Resende, que motivou o casal a criar o mesmo grupo em Barra Mansa. “Os grupos existem no Brasil inteiro, são mais de 130. Iniciamos em outubro do ano passado a nossa primeira reunião no salão da Paróquia do bairro Saudade. Orientamos quem quer adotar e não sabe por onde começar; damos todo o apoio pra quem já adotou; temos uma advogada voluntária, a Kamila Ramos, que nos orienta. Conseguimos um psicólogo, o Luís Pereira, que da apoio emocional as famílias. Nós pedimos na Câmara uma Lei Municipal da Adoção, para que a gente possa todo ano em maio dia 25, comemorar e dar ênfase a adoção. O vereador Luís Furlane foi a nossa ponte, e a mesma já foi votada na Câmara e aprovada, só precisa agora ser sancionada pelo prefeito Jonas Marins”, ressaltou a coordenadora do GAABM, frisando: “Nesses meses de grupo já temos várias conquistas. Em Resende tivemos a oportunidade de ajudar um adolescente de 18 anos. Quando se chega a essa idade o jovem tem que ir embora do abrigo. O Estado paga um aluguel social pra ele durante seis meses. Ele não tinha nada. Com ajuda do nosso grupo conseguimos tudo pra ele. Cama, guarda-roupa, armário, botijão de gás, compra, roupa de cama, mesa e banho”, relatou.
O trabalho da GAABM é conscientizar as pessoas sobre a importância da adoção. A coordenadora lembra que existem casais há muitos anos juntos e que encontram dificuldades em ter filhos, mas acabam não adotando por falta de conhecimento ou por preconceito. “Queria deixar claro que não somos heróis pelo que fazemos, eles são os protagonistas, os verdadeiros heróis da história. São eles que salvam as nossas vidas. Eles passam tanto tempo em abrigos, esperando por colinho, por amor, eles são guerreiros”, disse Marcília, lembrando que o GAABM funciona todo o quarto sábado do mês na Paróquia de Saudade, às 16 horas. “Podem vir para o grupo todas as pessoas que já adotaram; que querem adotar, ou querem ser voluntários do amor. Temos apoio da Vara da Infância de Juventude, na pessoa do Doutora Lorena Boccia. A gente quer fazer ainda um trabalho de conscientização junto aos hospitais e outros meios de saúde, porque se você conhece uma gestante que não quer ou não pode, tem que auxiliar que ela procure a Vara da Infância. Crime é abandonar, se você não quer, ou não pode, entregue o seu filho da maneira correta para que possamos encontrar uma família para ele”, alertou.
CLAUDIA E JOÃO CARLOS
Casados há 17 anos, Claudia Luciana da Silva Ferreira, 42, e João Carlos Alves Ferreira, 45 anos, moram em Volta Redonda e não têm filhos. Eles optaram pela adoção por que há dez anos ela teve uma gravidez de risco que não chegou ao fim. Eles fizeram vários exames, mas Claudia não engravidou e há seis anos aguarda pela a adoção. “Acredito que a demora seja pelo perfil. A principio escolhemos de zero a três anos e meio. Depois mudamos, colocando preferência para irmãos. Quando completou cinco anos, fomos ao Fórum renovar o processo e mudamos o perfil novamente. Colocamos de zero a cinco anos e meio, irmãos, branco ou pardos”, contou.
Claudia fala sobre a angustia da espera. “É muito ruim esperar, mas uma coisa boa aconteceu. Em outubro do ano passado conhecemos o trabalho da Marcília e do Marcus no programa da Fátima Bernardes. Fizemos contato com eles e começamos a fazer parte do GAABM. Agora, como o apoio, a espera não é tão angustiante. Estou mais calma e sei que tudo vai acontecer no momento certo. Era o que precisava acontecer na minha vida. É muito bom conhecer outras famílias que estão passando pelo mesmo processo de espera que eu e meu marido”, relatou.
CÉLIA E LUCIANO
Há 10 anos juntos, Célia Regina de Oliveira Bernardes, 35, e Luciano Bernardes, de 32, também optaram pela adoção. Eles moram em Volta Redonda e há dois anos aguardam o processo, estando habilitados à adoção há oito meses. “Como qualquer casal tínhamos um plano de uma gestação convencional, mas Deus tinha outros planos para nossas vidas e nós aceitamos o seu chamado de coração aberto, que é a adoção. Temos consciência que é uma outra maneira de constituir uma família feliz. Estamos cheios de amor e carinho já, por um ser que ainda nem conhecemos”, desabafou.
ADOÇÃO NO BRASIL
O tema da adoção no Brasil é um desafio de enormes dimensões, como comprova a análise dos dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Existem hoje cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do CNA. O Brasil tem 44 mil crianças e adolescentes atualmente vivendo em abrigos, segundo o CNCA — em fevereiro do ano passado, eram 37 mil.
GESTAÇÃO DO AMOR
Com o tema Gestação do amor – Porque todos os filhos são do coração, a fotógrafa de Resende, Bia Peace, mostra o ensaio fotográfico contando um pouco da história de seis casais da região Sul Fluminense que estão à espera dos filhos adotivos. A exposição, que pode ser visitada até amanhã, faz parte do programa Seleto Cultural, promovida pelo Hotel Seleto, em Volta Redonda, e conta com a parceria de Davi Tedesco, da Agencia Foco. “Aceitei este desafio na minha carreira. Foi muito emocionante fazer todo o ensaio fotográfico. No começo eu não sabia como montar a produção, pois nesse caso de adoção é uma gestação que pode durar até quatro anos. Além disso, não entendia como uma mulher podia gestar no coração. Comecei a pesquisar sobre uma gestante do coração e fui entendendo que era muito mais sentimento do que qualquer outra coisa é através do amor incondicional. Coloquei todo sentimento possível em todos os detalhes de produção do ensaio. Foi uma sensação diferente, o amor constrange a gente e em cada ensaio feito fui constrangida pelo amor”, revela a fotógrafa que se prepara para fotografar mais um casal que também está na fila de espera de seu filho adotivo.
Participaram da exposição os casais: Cláudio e João; Célia e Luciano; Cristiane, Laércio e o filho, Marcos Vinicios; Kelly Carvalho; Lucilene e Jorge, e Marcília, Marcus e os filhos, Arthur e Otávio.
Original disponível em: http://avozdacidade.com/site/noticias/cidades/51712/
Reproduzido por: Lucas H.
Familiares compartilham os momentos até a chegada do novo ente querido
Sul Fluminense
Cidades
“Conheci o meu marido em 2003 e em 2007 me casei com ele. Desde a época de namoro era plano nosso a adoção, a gente brincava que queríamos dois filhos: um da barriga e outro do coração. Depois de casados, com tudo estabilizado, pensamos que já era a hora de encomendar o nosso filho. Tivemos um período difícil de um ano de tentativas e angustias. Começamos a investigar o que tinha ocorrido e pensamos em inseminação, quando um especialista de Volta Redonda detectou um problema que não permitia que engravidássemos. Foi um baque, mas depois de um tempo eu disse: chega! Pensei comigo mesmo: quero ser mãe ou quero engravidar? Eu quero ser mãe!”, o relado é da moradora de Barra Mansa, Marcília Leites Arantes, coordenadora do Grupo de Apoio à Adoção de Barra Mansa – Nós Adotamos essa Ideia. Hoje ela é uma das personagens do Especial do Jornal A VOZ DA CIDADE, que abordará o tema: adoção.
“Esperamos dois anos até a chegada dos nossos filhos. Eles estavam em um abrigo em Resende e um dia eu estava no trabalho e recebi a notícia. Me ligaram e disseram, são dois. Liguei para o meu pai, que morreu recentemente, e contei pra ele. Como pai amoroso e sábio ele disse o que eu precisava ouvir: minha filha, você esperou por tanto tempo. Vai buscar seus filhos”, relatou, completando: “Liguei para o meu marido e dei a notícia. Fomos conhecer os dois no abrigo, mas quando chegamos eles estavam na escola. Foi quando encontramos dois irmãos dormindo, o Arthur e o Otávio (hoje com sete e seis anos, respectivamente), que também estavam para adoção. Por mim teria voltado com os quatro. Levamos o Arthur e o Otávio para um passeio, e no dia o Arthur olhou para o meu marido e disse: sabia que você é o meu pai? Choramos muito. Deus confirmou que estávamos no caminho certo, e assim aconteceu”, expôs.
Marcília conta que a adoção aconteceu em outubro de 2012 e que os dois chegaram em seus braços, e do marido (Marcus Vinicius Silva Arantes, coordenador do GAABM), em novembro. “Graças a Deus a espera acabou e foi aquele alvoroço todo. Todo mundo adotou a causa com a agente. Não tive dificuldade de adaptação. Logo eles começaram a nos chamar de mãe e pai e sabem toda a história deles”, contou.
Ano passado, Marcília e Marcus conheceram o Cláudio Mendonça, que é do Grupo de Apoio à Adoção de Resende, que motivou o casal a criar o mesmo grupo em Barra Mansa. “Os grupos existem no Brasil inteiro, são mais de 130. Iniciamos em outubro do ano passado a nossa primeira reunião no salão da Paróquia do bairro Saudade. Orientamos quem quer adotar e não sabe por onde começar; damos todo o apoio pra quem já adotou; temos uma advogada voluntária, a Kamila Ramos, que nos orienta. Conseguimos um psicólogo, o Luís Pereira, que da apoio emocional as famílias. Nós pedimos na Câmara uma Lei Municipal da Adoção, para que a gente possa todo ano em maio dia 25, comemorar e dar ênfase a adoção. O vereador Luís Furlane foi a nossa ponte, e a mesma já foi votada na Câmara e aprovada, só precisa agora ser sancionada pelo prefeito Jonas Marins”, ressaltou a coordenadora do GAABM, frisando: “Nesses meses de grupo já temos várias conquistas. Em Resende tivemos a oportunidade de ajudar um adolescente de 18 anos. Quando se chega a essa idade o jovem tem que ir embora do abrigo. O Estado paga um aluguel social pra ele durante seis meses. Ele não tinha nada. Com ajuda do nosso grupo conseguimos tudo pra ele. Cama, guarda-roupa, armário, botijão de gás, compra, roupa de cama, mesa e banho”, relatou.
O trabalho da GAABM é conscientizar as pessoas sobre a importância da adoção. A coordenadora lembra que existem casais há muitos anos juntos e que encontram dificuldades em ter filhos, mas acabam não adotando por falta de conhecimento ou por preconceito. “Queria deixar claro que não somos heróis pelo que fazemos, eles são os protagonistas, os verdadeiros heróis da história. São eles que salvam as nossas vidas. Eles passam tanto tempo em abrigos, esperando por colinho, por amor, eles são guerreiros”, disse Marcília, lembrando que o GAABM funciona todo o quarto sábado do mês na Paróquia de Saudade, às 16 horas. “Podem vir para o grupo todas as pessoas que já adotaram; que querem adotar, ou querem ser voluntários do amor. Temos apoio da Vara da Infância de Juventude, na pessoa do Doutora Lorena Boccia. A gente quer fazer ainda um trabalho de conscientização junto aos hospitais e outros meios de saúde, porque se você conhece uma gestante que não quer ou não pode, tem que auxiliar que ela procure a Vara da Infância. Crime é abandonar, se você não quer, ou não pode, entregue o seu filho da maneira correta para que possamos encontrar uma família para ele”, alertou.
CLAUDIA E JOÃO CARLOS
Casados há 17 anos, Claudia Luciana da Silva Ferreira, 42, e João Carlos Alves Ferreira, 45 anos, moram em Volta Redonda e não têm filhos. Eles optaram pela adoção por que há dez anos ela teve uma gravidez de risco que não chegou ao fim. Eles fizeram vários exames, mas Claudia não engravidou e há seis anos aguarda pela a adoção. “Acredito que a demora seja pelo perfil. A principio escolhemos de zero a três anos e meio. Depois mudamos, colocando preferência para irmãos. Quando completou cinco anos, fomos ao Fórum renovar o processo e mudamos o perfil novamente. Colocamos de zero a cinco anos e meio, irmãos, branco ou pardos”, contou.
Claudia fala sobre a angustia da espera. “É muito ruim esperar, mas uma coisa boa aconteceu. Em outubro do ano passado conhecemos o trabalho da Marcília e do Marcus no programa da Fátima Bernardes. Fizemos contato com eles e começamos a fazer parte do GAABM. Agora, como o apoio, a espera não é tão angustiante. Estou mais calma e sei que tudo vai acontecer no momento certo. Era o que precisava acontecer na minha vida. É muito bom conhecer outras famílias que estão passando pelo mesmo processo de espera que eu e meu marido”, relatou.
CÉLIA E LUCIANO
Há 10 anos juntos, Célia Regina de Oliveira Bernardes, 35, e Luciano Bernardes, de 32, também optaram pela adoção. Eles moram em Volta Redonda e há dois anos aguardam o processo, estando habilitados à adoção há oito meses. “Como qualquer casal tínhamos um plano de uma gestação convencional, mas Deus tinha outros planos para nossas vidas e nós aceitamos o seu chamado de coração aberto, que é a adoção. Temos consciência que é uma outra maneira de constituir uma família feliz. Estamos cheios de amor e carinho já, por um ser que ainda nem conhecemos”, desabafou.
ADOÇÃO NO BRASIL
O tema da adoção no Brasil é um desafio de enormes dimensões, como comprova a análise dos dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Existem hoje cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do CNA. O Brasil tem 44 mil crianças e adolescentes atualmente vivendo em abrigos, segundo o CNCA — em fevereiro do ano passado, eram 37 mil.
GESTAÇÃO DO AMOR
Com o tema Gestação do amor – Porque todos os filhos são do coração, a fotógrafa de Resende, Bia Peace, mostra o ensaio fotográfico contando um pouco da história de seis casais da região Sul Fluminense que estão à espera dos filhos adotivos. A exposição, que pode ser visitada até amanhã, faz parte do programa Seleto Cultural, promovida pelo Hotel Seleto, em Volta Redonda, e conta com a parceria de Davi Tedesco, da Agencia Foco. “Aceitei este desafio na minha carreira. Foi muito emocionante fazer todo o ensaio fotográfico. No começo eu não sabia como montar a produção, pois nesse caso de adoção é uma gestação que pode durar até quatro anos. Além disso, não entendia como uma mulher podia gestar no coração. Comecei a pesquisar sobre uma gestante do coração e fui entendendo que era muito mais sentimento do que qualquer outra coisa é através do amor incondicional. Coloquei todo sentimento possível em todos os detalhes de produção do ensaio. Foi uma sensação diferente, o amor constrange a gente e em cada ensaio feito fui constrangida pelo amor”, revela a fotógrafa que se prepara para fotografar mais um casal que também está na fila de espera de seu filho adotivo.
Participaram da exposição os casais: Cláudio e João; Célia e Luciano; Cristiane, Laércio e o filho, Marcos Vinicios; Kelly Carvalho; Lucilene e Jorge, e Marcília, Marcus e os filhos, Arthur e Otávio.
Original disponível em: http://avozdacidade.com/site/noticias/cidades/51712/
Reproduzido por: Lucas H.
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