31/03/2017
Conforme dados disponíveis no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) atualmente, no Brasil, são 4.760 crianças e adolescentes disponíveis para adoção nas casas de acolhimento e 37.019 pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Só em Pernambuco, são 204 crianças e adolescentes para 942 pretendentes cadastrados.
Ao se inscreverem no CNA, os candidatos devem selecionar os perfis exigidos. No site do CNJ, consta que 92% dos cadastrados aceitam crianças da raça branca, e 77% aceitam crianças da raça parda. 48% dos pretendentes aceitam crianças negras, 51%, crianças da raça amarela, e 47%, da raça indígena.
De acordo com a secretária executiva da Comissão Especial Judiciária Do Estado De Pernambuco (Ceja-PE) e juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude do Recife, Hélia Viegas, a incompatibilidade nos números se deve aos perfis exigidos pelos candidatos, que não correspondem às crianças disponíveis para serem adotadas. “Nas casas de acolhimento, a maioria das crianças são pardas e negras”. A juíza diz que houve muito avanço, mas ainda hoje, “as que restam são as crianças que não refletem o perfil”.
A psicóloga Suzana Schettini, presidenta da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), lembra o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Todas as crianças e todos os adolescentes têm direito a participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação”.
A Associação foi criada por pais adotivos em 1995, sem fins lucrativos, com o objetivo de promover e fortalecer a cultura de adoção no país. Desde então, vem desenvolvendo ações que procuram preparar adotantes, acompanhar os pais na integração familiar e conscientizar sobre o ato, que, segundo a presidenta, ainda é revestido de mitos e preconceitos. São grupos espalhados por todas as regiões do país que trabalham na busca de famílias para adoção de crianças fora do perfil comumente desejado.
Suzana explica que a adoção se trata de um caminho diferente, e existem muitas nuances no processo cultural. “Tem pessoas que ainda nem estão preparadas para adotar, como se o filho não fosse dela”, diz, e garante que a relação de amor e carinho pode ser desenvolvida com crianças adotivas da mesma forma que é com um filho biológico. Ela esclarece que “adotar já é um caminho diferente. Adotar uma criança de cor diferente da sua é um caminho mais diferente ainda. Causa estranhamento e curiosidade nas outras pessoas. E isso não se aplica só à questão racial, como também é muito claro, por exemplo, com crianças e adolescentes que tem alguma deficiência”.
Ela conta que muito já foi feito para aumentar a diversidade no perfil exigido pelos adotantes e que a situação deve ser vista de maneira positiva. “Eu trabalho nisso há 18 anos, e quando entrei na Associação, todo mundo só queria crianças de até seis meses de idade”, conta. Para ela, os dados atuais já representam uma vitória. “Ainda existe um longo caminho a ser percorrido, mas, há 20 anos, não estávamos nem perto de 50% dos pretendentes aceitando crianças de qualquer raça”.
O trabalho de conscientização é feito respeitando os limites pessoais de cada um, de acordo com a explicação de Suzana. “Ninguém pode forçar uma pessoa a adotar uma criança que não quer”. Ela ressalta que não se trata de um ato de caridade, mas da construção de uma família, e que no Brasil ainda existe um longo caminho, diante do panorama social do país.
Está previsto no ECA que garantir os direitos da crianças e adolescentes é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público. Cada um desempenha o seu papel através de programas de conscientização e suporte nas instituições por todo o país. Em Pernambuco, por exemplo, existe o Projeto Família, aprovado pelo Tribunal de Justiça em novembro de 2016, que divulga fotos e histórias de crianças e adolescentes disponíveis na página do Facebook do Ceja-PE, para conscientizar os adotantes sobre a diversidade nos lares adotivos. Já foram realizadas quatro adoções no estado desde que o projeto entrou em vigor. A esperança é que, com programas como esse, as 4.760 crianças e adolescentes brasileiras encontrem um lar.
Original disponível em: http://www.leiaja.com/noticias/2017/03/31/adocao-projetos-procuram-conscientizar-sobre-diversidade/
Reproduzido por: Lucas H.
Conforme dados disponíveis no site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) atualmente, no Brasil, são 4.760 crianças e adolescentes disponíveis para adoção nas casas de acolhimento e 37.019 pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção (CNA). Só em Pernambuco, são 204 crianças e adolescentes para 942 pretendentes cadastrados.
Ao se inscreverem no CNA, os candidatos devem selecionar os perfis exigidos. No site do CNJ, consta que 92% dos cadastrados aceitam crianças da raça branca, e 77% aceitam crianças da raça parda. 48% dos pretendentes aceitam crianças negras, 51%, crianças da raça amarela, e 47%, da raça indígena.
De acordo com a secretária executiva da Comissão Especial Judiciária Do Estado De Pernambuco (Ceja-PE) e juíza da 1ª Vara da Infância e Juventude do Recife, Hélia Viegas, a incompatibilidade nos números se deve aos perfis exigidos pelos candidatos, que não correspondem às crianças disponíveis para serem adotadas. “Nas casas de acolhimento, a maioria das crianças são pardas e negras”. A juíza diz que houve muito avanço, mas ainda hoje, “as que restam são as crianças que não refletem o perfil”.
A psicóloga Suzana Schettini, presidenta da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), lembra o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Todas as crianças e todos os adolescentes têm direito a participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação”.
A Associação foi criada por pais adotivos em 1995, sem fins lucrativos, com o objetivo de promover e fortalecer a cultura de adoção no país. Desde então, vem desenvolvendo ações que procuram preparar adotantes, acompanhar os pais na integração familiar e conscientizar sobre o ato, que, segundo a presidenta, ainda é revestido de mitos e preconceitos. São grupos espalhados por todas as regiões do país que trabalham na busca de famílias para adoção de crianças fora do perfil comumente desejado.
Suzana explica que a adoção se trata de um caminho diferente, e existem muitas nuances no processo cultural. “Tem pessoas que ainda nem estão preparadas para adotar, como se o filho não fosse dela”, diz, e garante que a relação de amor e carinho pode ser desenvolvida com crianças adotivas da mesma forma que é com um filho biológico. Ela esclarece que “adotar já é um caminho diferente. Adotar uma criança de cor diferente da sua é um caminho mais diferente ainda. Causa estranhamento e curiosidade nas outras pessoas. E isso não se aplica só à questão racial, como também é muito claro, por exemplo, com crianças e adolescentes que tem alguma deficiência”.
Ela conta que muito já foi feito para aumentar a diversidade no perfil exigido pelos adotantes e que a situação deve ser vista de maneira positiva. “Eu trabalho nisso há 18 anos, e quando entrei na Associação, todo mundo só queria crianças de até seis meses de idade”, conta. Para ela, os dados atuais já representam uma vitória. “Ainda existe um longo caminho a ser percorrido, mas, há 20 anos, não estávamos nem perto de 50% dos pretendentes aceitando crianças de qualquer raça”.
O trabalho de conscientização é feito respeitando os limites pessoais de cada um, de acordo com a explicação de Suzana. “Ninguém pode forçar uma pessoa a adotar uma criança que não quer”. Ela ressalta que não se trata de um ato de caridade, mas da construção de uma família, e que no Brasil ainda existe um longo caminho, diante do panorama social do país.
Está previsto no ECA que garantir os direitos da crianças e adolescentes é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público. Cada um desempenha o seu papel através de programas de conscientização e suporte nas instituições por todo o país. Em Pernambuco, por exemplo, existe o Projeto Família, aprovado pelo Tribunal de Justiça em novembro de 2016, que divulga fotos e histórias de crianças e adolescentes disponíveis na página do Facebook do Ceja-PE, para conscientizar os adotantes sobre a diversidade nos lares adotivos. Já foram realizadas quatro adoções no estado desde que o projeto entrou em vigor. A esperança é que, com programas como esse, as 4.760 crianças e adolescentes brasileiras encontrem um lar.
Original disponível em: http://www.leiaja.com/noticias/2017/03/31/adocao-projetos-procuram-conscientizar-sobre-diversidade/
Reproduzido por: Lucas H.
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