06/04/2017
“Este menino precisa ser esquecido”, disse na manhã desta quinta-feira (6), por telefone, a juíza Katy Braun, ao ser questionada sobre o paradeiro da criança que há pouco mais de 1 ano foi protagonista de uma história de maus-tratos que chocou Campo Grande.
O caso veio à tona na noite do dia 23 de fevereiro do ano passado, quando o menino de 4 anos foi internado na Santa Casa com um dos braços quebrados, ferimentos nos olhos, queimaduras e várias lesões pelo corpo. Ele foi torturado, durante nove meses, pelos tios e um primo em ritual de magia negra.
A criança foi adotada. Segundo a magistrada, que responde pela CIJ (Coordenadoria da Infância e Juventude de MS), além do processo estar em segredo de Justiça, a família que tem a guarda não quer que nenhuma informação sobre a adoção seja divulgada.
“A única coisa que posso dizer é que ele está protegido”, afirma Katy Braun.
Em nota, a assessoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul informa que o garoto está recebendo todo amparo e proteção da Justiça. “Devemos preservar a identidade e a localização dele. A criança está bem e com seus direitos fundamentais garantidos por lei, recebendo todo amparo e proteção da Justiça”.
A reportagem também entrou em contato com o abrigo que a criança vivia na Capital, mas a única informação é de que o menino foi adotado em maio de 2016.
Nos 14 dias em que ficou internado na Santa Casa, a criança conquistou a equipe médica e mobilizou várias famílias, que iam à unidade levar presentes. Na ocasião, surgiram várias pessoas interessadas em adotá-lo. “Até hoje as enfermeiras perguntam dele, mas a gente não tem notícia", disse João Marcheza, assessor de imprensa da unidade de saúde.
Após receber alta, o pequeno herói, como ficou conhecido, voltou para o abrigo onde morava antes de ser levado pelos tios e reencontrar a irmã, de 15 anos. A informação é de que só o garoto foi adotado por uma família do Estado de Minas Gerais.
Abandono - O menino e a irmã foram encontrados em situação de abandono no local onde viviam com os pais. Na época, a guarda dos dois foi passada a avó, que ficou seis meses com os netos e depois procurou a Justiça informando que não tinha condição de criá-los por motivo de saúde.
Em maio de 2015, a guarda da criança foi entregue aos tios, uma mulher de 31 anos, que depois de presa confessou que junto com o marido de 46 anos, torturava o menino em ritual de magia negra. As agressões ocorriam com cabo de vassoura e o garoto era queimado com charutos e água quente, além de tapas e socos.
Condenados - Os tios e o primo da criança foram condenadas a prisão pela Justiça Estadual no começo deste ano. As penas variam de 15 anos a 18 anos, ambas começando em regime fechado. O caso foi julgado pela 7ª Vara Criminal de Campo Grande e foi desmembrado do processo que julga a avó da criança, acusada também de participar dos rituais de tortura contra o neto.
A maior pena foi para a tia do garoto, que foi condenada a 18 anos, seis meses e 20 dias de reclusão. Já o marido dela teve sentença de 17 anos, cinco meses e 10 dias de prisão, enquanto o primo da vítima, que tem 18 anos, terá que cumprir pena de 15 anos, dois meses e 20 dias de reclusão.
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