segunda-feira, 29 de maio de 2017

Pretendentes à adoção contam expectativas e a ansiedade vivida durante processo no RJ (Reprodução)

25/05/2017

Terça-feira (23) às 18h, sala lotada de pretendentes a papais e mamães na igreja Santo Afonso, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Na semana do Dia Nacional da Adoção, o G1 acompanhou a reunião do grupo de apoio Flor de Maio e conversou com pretendentes e também papais que já adotaram crianças sobre as expectativas e ansiedade vivida durante o processo. No Rio de Janeiro são 3.588 pretendentes à Adoção e cerca de 570 crianças disponíveis, segundo o Conselho Nacional de Justiça.
Quem quer adotar uma criança deve procurar a Vara da Infância e Juventude mais próxima para saber sobre o procedimento, pois o processo varia de comarca para comarca. Por exemplo, na 1ª Vara do RJ, que atende bairros como Centro, Tijuca, Méier, Vila Isabel, Barra, Recreio e outros, o processo começa com uma reunião informativa. Depois, os pretendentes têm que frequentar quatro reuniões no mesmo grupo de apoio à adoção. Após esse processo, dar entrada na documentação. Outras varas podem ser diferentes. O Rio conta com quatro varas na cidade.

A ansiedade para cada passo do processo é tão grande que há pais que, esperando boas notícias, não largam o celular nem para ir ao banheiro. “Eu recebi o telefone de habilitação no dia 6 de março desse ano, de 2017. Só que a certidão, a gente vai pegar agora no dia 31 de maio, que nós recebemos hoje (23) um telefonema da Vara. Mas podia ser um telefonema da nossa filha”, conta Fátima Pereira Medeiros, analista de sistemas.

Entre as histórias dos pais, há casos de candidatos para quem os prazos entre os procedimentos ajudar a curar dores do passado antes da adoção.

“Eu perdi meu filho ano passado. Perdi meu filho de 4 anos de uma leucemia. Hoje (dia 23) é aniversário dele. Hoje, ele faria cinco anos. Para mim, é muito doloroso. Então, o processo de adoção tem que amadurecer um pouquinho para mim ainda”, declara a francesa Sandrine Brustier.

Pais adotivos mais experientes, então, dão dicas sobre a preparação durante o processo. “Qual é o tempo da minha espera? Não sei. Mas se você ficar aberto, quando uma criança precisar, você estará aberto para ela. É isso que se pretende”, destaca Marisa de Menezes Marques, psicóloga e coordenadora do Flor de Maio.

A adoção faz parte da história da Marisa, que é mãe da Gabi há 13 anos: “Foi bem complicado no início, porque ela não queria ficar comigo. E eu bem frustrada, ela aos berros chorando. Então comecei a contar para ela toda a minha história. O que tinha acontecido comigo, porque eu tinha pensado em adoção. Aí, eu comecei a contar o que eu sabia da história dela. Ela tirou a chupeta da boca, me deu um abraço, me deu um beijo e acabou. Naquele momento, eu percebi o tanto que ela estava angustiada”.

Além de um ambiente para informações do processo, a reunião conta com palestras de papais e mamães que já passaram pelo processo. Maria Delfina, a Tita, é uma delas, que arrancou gargalhadas com suas histórias de ansiedade antes da chegada da Maria Cristina: “Nós estamos juntas há 5 anos e três meses. O processo de adoção é bem desgastante, uma expectativa muito grande, sem previsão. Gravei todos os números da Vara da Infância no celular e quando o telefone tocou o meu coração quase saiu pela boca”.

Os grupos são abertos e a intenção é que a participação seja voluntária. “Nossa, quantas crianças eu vi chegar, quantas famílias eu vi formar, com quantas pessoas eu esperei! Com quantas pessoas, eu esperei o filho”, declara Marisa.

Procedimento para adoção:

Segundo o Ministério Público do RJ, a pessoa ou casal interessado em se habilitar deve procurar a Vara da Infância e Juventude do local em que reside. Em geral, nas varas, deverá apresentar petição ou preencher formulário com os seus dados e o perfil da criança pretendida, dando início ao processo de habilitação à adoção.

Os documentos necessários são identidade, CPF, comprovante de residência, atestados de saúde física e mental dos requerentes, certidões dos distribuidores cíveis e criminais dos requerentes.

Após toda a documentação, o processo é encaminhado para a equipe técnica da Vara para entrevista ou visita domiciliar aos requerentes e elaboração de relatório social e psicológico.

Em seguida, o processo segue ao MP e o promotor de Justiça irá opinar acerca do pedido de habilitação à adoção. Depois, o processo irá para o juiz que profere sentença declarando os requerentes habilitados ou não.

Caso seja deferida a habilitação, será expedido o certificado de habilitação, com duração média de 2 anos, e o nome dos requerentes será incluído no Cadastro Nacional de Adoção.


Reproduzido por: Lucas H.

Nenhum comentário: