quarta-feira, 26 de julho de 2017

Grupo de Preparação Psicossocial para pretendentes à adoção realiza encontro na comarca de Ji-Paraná (Reprodução)

24/07/17

            A comarca de Ji-Paraná realizou no último sábado, 22, no auditório da OAB, o encontro do Grupo de Preparação Psicossocial para pretendentes à adoção, organizado pelo Núcleo Psicossocial da comarca e o Juizado da Infância e da Juventude. As pessoas que buscam a habilitação no cadastro de pretendentes à adoção foram o público-alvo deste encontro, sendo a participação um pré-requisito legal previsto no artigo 197, do Estatuto da Criança e do Adolescente.

O curso tratou de vários temas referentes ao projeto adotivo e serviu para auxiliar os pretendentes a clarear suas motivações para adotar. “A clarificação das intenções em adotar atua como um fator protetor, não só evitando fracassos no processo de adoção como também servindo de alicerce para um relacionamento saudável entre pais e filhos”, disse Andressa Pacheco, Psicóloga Chefe do Núcleo Psicossocial do Fórum

O encontro promoveu junto aos pretendentes à adoção, uma reflexão sobre a construção de seus perfis parentais, considerando as peculiaridades dessa forma de construção de relação familiar. Para tanto foram realizadas atividades vivenciais, diálogos abertos, trocas de experiências e percepções quanto a esse projeto familiar, com preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção interracial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.


Relato


Para depor sobre relato de experiência, o casal Luiz e Rose apresentou sua família, que hoje é composta por duas meninas e um menino. As meninas foram adotadas com 8 e 9 anos de idade, já o menino com 1 ano e meio. Luiz é espanhol e em poucas palavras relatou sobre a escolha de proceder à chamada adoção tardia, que é a adoção de crianças maiores de 7 anos. Segundo ele, levou em consideração sua própria idade na época e quantos anos teriam na fase adulta.

Já Rose relatou como foi a fase de adaptação com as meninas, que saíram da institucionalização com uma experiência frustrada de adoção, o que gerou resistência por parte das crianças. “Apesar de adotarmos em seguida um bebê, notamos nele traços do sofrimento que passou, mas o arrependimento não existe e somos uma família linda e feliz. Não por que todos os dias foram ou serão perfeitos, mas por que estaremos sempre juntos, aproveitando o agora”, disse.

Foi possível observar nesse encontro que o desejo dos pretendentes de ampliar a família por meio da adoção se reforça e também se altera, ampliando as possibilidades para adoções diferentes do perfil inicialmente expresso na abertura do processo de habilitação.

A Juíza Ana Valéria de Queiroz Santiago Zipparro diz que “A adoção deve acontecer no momento certo e ser tratada como um importante projeto da vida. É preciso que a família amadureça a ideia antes de receber a criança no lar, o que implica em refletir sobre questões centrais que envolvem a criação e educação de um filho. Na adoção existe uma expectativa fundada muitas vezes apenas no desejo e no sonho idealizado, dissociado da realidade. A pessoa interessada precisa ter consciência das dificuldades que enfrentará no dia a dia. A frustração na falha da adoção não pode ser debitada à criança ou ao adolescente, mas à falta de preparo e devida orientação de quem a recebe em adoção. Percebo que não há ausência de '‘consciência de responsabilidade’', mas de realidade".

A juíza expôs, na condição de membro do grupo de trabalho da área da infância, as modificações que estão sendo formuladas pela Corregedoria Nacional de Justiça no Cadastro Nacional de Adoção - CNJ, por meio de workshops regionais com participação dos magistrados e técnicos usuários de todo o país, com previsão de lançamento no dia 25 de agosto de 2017, em Brasília-DF. Destacou como uma das principais mudanças a possibilidade de acesso dos próprios pretendentes ao cadastro, por meio de senha própria.

A assistente social Philiane Paulino, ressaltou que para a Associação dos Magistrados Brasileiros “a adoção jurídica, por si só, não pode garantir que uma opção amorosa entre pais e filhos se dê, o que nem mesmo a paternidade biológica garante. Mesmo assim, no processo jurídico são tomadas algumas medidas na aposta de que uma adoção mútua aconteça”.

Participaram, ainda, do evento a psicóloga Cristina Prado e as assistentes sociais Cláudia Barbosa, Clair Freitag e Carmem Giroldo.

Original disponível em: https://www.tjro.jus.br/noticias/item/7848-grupo-de-preparacao-psicossocial-para-pretendentes-a-adocao-realiza-encontro-na-comarca-de-ji-parana

Reproduzido por: Lucas H.



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