30/07/2017
As instituições acolhedoras, conhecidas no passado como orfanatos, em sua maioria recebem crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violação de direitos, como violência física, sexual, psicológica e negligência por parte dos pais. Em Petrópolis, o Lar de Crianças Nossa Senhora das Graças atende esses menores, desde os recém-nascidos, até aos 12 anos de idade. Enquanto não encontram uma nova família, eles se alegram com a atenção e carinho que recebem dos desconhecidos.
Luciana Marcia da Conceição é gerente do Lar em Corrêas há 15 anos. Com uma equipe de quase 40 funcionários, ela destaca a importância do cuidado com as crianças.
- É muito bom e importante estar ajudando a fazer a diferença na vida deles. São crianças que sofreram com a dor da perda, tanto dos pais, e em alguns casos dos irmãos, que precisam ser encaminhados para outra instituição quando ultrapassam a idade máxima de estar aqui.
Atendendo atualmente 29 crianças encaminhadas pelo Conselho Tutelar e Vara da Infância e da Juventude, a instituição possui atendimento psicológico, dentário e médico. Além disso, o Lar, que completou 60 anos de história realiza atividades recreativas, esportivas, e eventos em datas comemorativas. Com um gasto mensal de R$ 100 mil por mês, conta com doações não somente financeira, como também presencial.
- Precisamos de ajuda. Nós já contamos com apoio de pessoas físicas, empresas e voluntários, porém, o mais importante é doar o tempo para as crianças. Elas precisam de carinho, amor e atenção – disse.
Para a psicóloga Rafaela Máximo, retirar uma criança da família é de alguma forma uma violência, e cada caso é preciso ser tratado em sua particularidade.
- Quando ela vem para a instituição, nós tentamos fazer um trabalho até esgotar todas as possibilidades para a criança retornar para a família biológica, e quando percebemos que não existe essa condição, damos um parecer favorável à adoção, em conjunto com a equipe do juizado. Temos todo o cuidado em fazer o trabalho com esses pequenos - disse.
Vítima de negligência, o menor, de 12 anos, que não pôde ter a identidade revelada, contou o que gosta de fazer na casa acolhedora, e ainda disse qual é o seu maior sonho.
- Sonho em entrar numa escolinha de futebol e me tornar jogador. Eu gosto muito de jogar bola. Também amo cantar, desenhar e estudar. Minha matéria preferida é matemática – disse o garoto, que tem outros quatro irmãos na mesma unidade.
As “dificuldades” da adoção
O tema da adoção no Brasil é um desafio de enormes dimensões, como comprova a análise dos dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Existem hoje cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do CNA.
De acordo com o promotor de justiça Odilon Lisboa Medeiros, a resposta para essa desconexão acontece por conta da escolha do perfil de adoção.
- A maioria das pessoas querem um bebê. Às vezes a pessoa fica anos esperando para conseguir adotar uma criança, pois ela diz qual o “perfil de filho” que ela quer. Assim, o cadastro acaba se tornando muito maior que o número de pretendentes – disse.
A jornalista Carla Coelho, e seu esposo, Maurício Araújo, deram entrada na documentação para adotar uma criança em abril de 2015. Até então, o casal queria ter um filho que tivesse até cinco anos de idade. Não obtendo êxito, eles decidiram mudar o perfil da criança, no início deste mês.
- De forma geral, os pais estão procurando um tipo de filho. Eu e meu marido entendemos que isso não é uma prateleira, onde a gente escolhe o que quer. Percebemos que não tínhamos que escolher a criança, e sim um filho que nos receba, e, por isso, estamos conseguindo ampliar o cadastro para adotar uma criança ou adolescente até 15 anos de idade – relatou.
O promotor de justiça esclarece alguns procedimentos para a adoção de uma criança.
- Essa pessoa passa por entrevista, no setor social da Vara da Infância, e participa de alguns grupos para ver se ela está pronta para receber uma criança. Então ela faz o Cadastro Nacional de Adoção, e entra na fila. É uma fase muito bem acompanhada, pois a família biológica tem nove meses para se adequar que está chegando uma criança, diferente de quando adota, pois, é de uma vez só – disse.
Comandante da Guarda Civil Municipal é exemplo de superação
Caçula de cinco irmãos, dos quais conheceu apenas dois, Jeferson da Costa Calomeni é órfão de mãe desde um ano e dez meses de idade, e de pai aos 10 anos. Matriculado em um colégio interno da cidade (orfanato), foi transferido por um período para a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (Funabem), no Rio de Janeiro, após a família passar a sua guarda para o estado.
Atual Comandante da Guarda Civil Municipal em Petrópolis, traz consigo uma bagagem de superação, força de vontade e vitórias.
- Após sair do orfanato, entrei para o quartel, onde fiz um curso e fui promovido. Depois fiz um concurso pela Guarda, onde venho mantendo a vida como comandante. Hoje tenho a minha família, estou casado há 25 anos, e uma filha de 18 anos, que está cursando nutrição em uma faculdade – relatou.
O comandante ainda contou os principais motivos que o influenciaram a vencer na vida.
- Primeiramente Deus. A partir daí mantive a cabeça firme, fugindo das propostas erradas que o mundo oferece. Sempre trabalhando, sou um homem de bem – concluiu.
Original disponível em: http://diariodepetropolis.com.br/integra/criancas-orfas-esperam-por-um-novo-lar-128662
Reproduzido por: Lucas H.
As instituições acolhedoras, conhecidas no passado como orfanatos, em sua maioria recebem crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violação de direitos, como violência física, sexual, psicológica e negligência por parte dos pais. Em Petrópolis, o Lar de Crianças Nossa Senhora das Graças atende esses menores, desde os recém-nascidos, até aos 12 anos de idade. Enquanto não encontram uma nova família, eles se alegram com a atenção e carinho que recebem dos desconhecidos.
Luciana Marcia da Conceição é gerente do Lar em Corrêas há 15 anos. Com uma equipe de quase 40 funcionários, ela destaca a importância do cuidado com as crianças.
- É muito bom e importante estar ajudando a fazer a diferença na vida deles. São crianças que sofreram com a dor da perda, tanto dos pais, e em alguns casos dos irmãos, que precisam ser encaminhados para outra instituição quando ultrapassam a idade máxima de estar aqui.
Atendendo atualmente 29 crianças encaminhadas pelo Conselho Tutelar e Vara da Infância e da Juventude, a instituição possui atendimento psicológico, dentário e médico. Além disso, o Lar, que completou 60 anos de história realiza atividades recreativas, esportivas, e eventos em datas comemorativas. Com um gasto mensal de R$ 100 mil por mês, conta com doações não somente financeira, como também presencial.
- Precisamos de ajuda. Nós já contamos com apoio de pessoas físicas, empresas e voluntários, porém, o mais importante é doar o tempo para as crianças. Elas precisam de carinho, amor e atenção – disse.
Para a psicóloga Rafaela Máximo, retirar uma criança da família é de alguma forma uma violência, e cada caso é preciso ser tratado em sua particularidade.
- Quando ela vem para a instituição, nós tentamos fazer um trabalho até esgotar todas as possibilidades para a criança retornar para a família biológica, e quando percebemos que não existe essa condição, damos um parecer favorável à adoção, em conjunto com a equipe do juizado. Temos todo o cuidado em fazer o trabalho com esses pequenos - disse.
Vítima de negligência, o menor, de 12 anos, que não pôde ter a identidade revelada, contou o que gosta de fazer na casa acolhedora, e ainda disse qual é o seu maior sonho.
- Sonho em entrar numa escolinha de futebol e me tornar jogador. Eu gosto muito de jogar bola. Também amo cantar, desenhar e estudar. Minha matéria preferida é matemática – disse o garoto, que tem outros quatro irmãos na mesma unidade.
As “dificuldades” da adoção
O tema da adoção no Brasil é um desafio de enormes dimensões, como comprova a análise dos dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Existem hoje cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera do CNA.
De acordo com o promotor de justiça Odilon Lisboa Medeiros, a resposta para essa desconexão acontece por conta da escolha do perfil de adoção.
- A maioria das pessoas querem um bebê. Às vezes a pessoa fica anos esperando para conseguir adotar uma criança, pois ela diz qual o “perfil de filho” que ela quer. Assim, o cadastro acaba se tornando muito maior que o número de pretendentes – disse.
A jornalista Carla Coelho, e seu esposo, Maurício Araújo, deram entrada na documentação para adotar uma criança em abril de 2015. Até então, o casal queria ter um filho que tivesse até cinco anos de idade. Não obtendo êxito, eles decidiram mudar o perfil da criança, no início deste mês.
- De forma geral, os pais estão procurando um tipo de filho. Eu e meu marido entendemos que isso não é uma prateleira, onde a gente escolhe o que quer. Percebemos que não tínhamos que escolher a criança, e sim um filho que nos receba, e, por isso, estamos conseguindo ampliar o cadastro para adotar uma criança ou adolescente até 15 anos de idade – relatou.
O promotor de justiça esclarece alguns procedimentos para a adoção de uma criança.
- Essa pessoa passa por entrevista, no setor social da Vara da Infância, e participa de alguns grupos para ver se ela está pronta para receber uma criança. Então ela faz o Cadastro Nacional de Adoção, e entra na fila. É uma fase muito bem acompanhada, pois a família biológica tem nove meses para se adequar que está chegando uma criança, diferente de quando adota, pois, é de uma vez só – disse.
Comandante da Guarda Civil Municipal é exemplo de superação
Caçula de cinco irmãos, dos quais conheceu apenas dois, Jeferson da Costa Calomeni é órfão de mãe desde um ano e dez meses de idade, e de pai aos 10 anos. Matriculado em um colégio interno da cidade (orfanato), foi transferido por um período para a Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (Funabem), no Rio de Janeiro, após a família passar a sua guarda para o estado.
Atual Comandante da Guarda Civil Municipal em Petrópolis, traz consigo uma bagagem de superação, força de vontade e vitórias.
- Após sair do orfanato, entrei para o quartel, onde fiz um curso e fui promovido. Depois fiz um concurso pela Guarda, onde venho mantendo a vida como comandante. Hoje tenho a minha família, estou casado há 25 anos, e uma filha de 18 anos, que está cursando nutrição em uma faculdade – relatou.
O comandante ainda contou os principais motivos que o influenciaram a vencer na vida.
- Primeiramente Deus. A partir daí mantive a cabeça firme, fugindo das propostas erradas que o mundo oferece. Sempre trabalhando, sou um homem de bem – concluiu.
Original disponível em: http://diariodepetropolis.com.br/integra/criancas-orfas-esperam-por-um-novo-lar-128662
Reproduzido por: Lucas H.
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