segunda-feira, 17 de julho de 2017

Um novo Adão em um mundo cada vez mais mutante (Reprodução)

14/07/17

Desrotulados e vaidosos. Essas são as facetas do homem contemporâneo e que têm remexido na percepção de si mesmo e dos comportamentos deles diante da sociedade. Um novo Adão em um mundo cada vez mais mutante, onde surgem vários espectros sobre o que é a figura masculina no século 21.

Empoderamento masculino, por que não? Longe do determinismo genético macho e fêmea que por séculos conduziu a etiqueta social, eles têm experimentado condições psicológicas e cotidianas que colocam em xeque qualquer roteiro de narrativas machistas. Agora femininos, contraditórios, incompreendidos. Quem disse que seria fácil evoluir, Adão? Neste sábado (15), Dia do Homem é uma data para refletir sobre esse perfil.

O professor Sílvio Ferreira, 45 anos, vive a experiência da paternidade solteiro. Assunto que deu o que falar entre algumas pessoas da cidade onde mora, Bom Jardim, no Agreste Pernambuco. Como um homem sozinho iria criar duas crianças? Aliás, um homem saberia fazer isso? Essas eram as principais interrogações sobre o papel que ele estava assumindo com a adoção de Gustavo, 11 anos, e Welson, 14.

“Escutei isso muitas vezes. Mas eu digo que homem sabe criar sim e estou mostrando isso”, afirmou. Os meninos chegaram há cinco anos e de lá para cá reforçaram o sentimento de paternidade que o professor nutria. Tanto que a família deve aumentar. Além de Gustavo e Welson, ele está com a guarda de mais uma criança de 10 anos que oficialmente deve integrar a família logo. “Não vou dizer que não deu trabalho, mas foi muito mais prazeroso que trabalhoso. Organizar o quarto dele, as roupas foi muito bom. Hoje me sinto realizado plenamente como pai. Cada dia que passa sinto que fiz a coisa certa”, contou.

O empresário Fábio Pires, 39 anos, também deu o que falar quando resolveu fazer uma lipoaspiração. “Quando eu disse aos amigos que ia fazer uma cirurgia plástica, o pessoal disse logo que isso não era coisa de homem. Ficaram brincando, mas eu levei na esportiva. Depois que fiz e ficou bom começaram a dizer que também iam fazer”, relembrou.

Fábio já fez duas lipoaspirações e uma cirurgia corretiva no nariz, mas se prepara mais um retoque para tirar gordura na barriga. Se é vaidoso? A resposta vem rápida: “Com certeza”, disse. Com dois casamentos e quatro filhos, beirando os 40, ele sabe que estar bem cuidado é um diferencial para o bem estar próprio e para a imagem social. “A minha atual esposa dá a maior força para eu me cuidar, porque ela acha que eu devo me sentir bem. Mas ele também brinca porque para eu sair de casa é todo um processo. Só saio arrumado e com a roupa combinando senão não sou eu”.

Machos em degradê

“Eu vejo que houve um ganho em termos de flexibilização de comportamentos do homem de hoje. Há mais plasticidades nos comportamentos macho e fêmea. Se antes exista uma predestinada função e missão do comportamento masculino na sociedade, isso acabou ficando mais flexível. Ou seja, os homens podem assumir modalidade de sua masculinidade, num conceito de espectro da sexualidade e da masculinidade, num tipo de degradê”, avaliou o professor de psicologia e analista comportamental, Spencer Junior.

Esse homem contemporâneo, que o especialista denomina de novo Adão, encontra-se recortado por vários dilemas. Ganhou sensibilidade, diminuiu vigor e multiplicou a inquietude das mulheres em alguns pontos. “Eles vêm perdendo características que as próprias mulheres sempre muito estimaram, como traços de potencial erótico e sedução. Por exemplo, os homens que estão perdendo um pouco o vigor da condução, a competência de se posicionar e ser firme em termos de comportamento gerais. Aí a mulher que tanto lutou para que esse homem fosse docilizado, agora ela própria parece padecer dessa nostalgia desse traços”, comentou.

O psicólogo ainda destacou que a sociedade de consumo também tem conduzido o homem numa busca de aceitação estética que antes regrava apenas as mulheres. “É obsessão pela saúde perfeita e o corpo perfeito. Ou seja, as pessoas passaram a depender dos seus corpos para dar alma ao indivíduo”, avaliou.

Um Adão esculpido

Nos últimos cinco anos a participação deles no mercado de pacientes de cirurgias plásticas cresceu de 5% para 30%, segundo a sociedade brasileira da especialidade. “Plástica não tem sexo e não tem idade. Se a pessoa se incomoda, se faz com que haja melhora autoestima é válida”, afirmou o médico da Estetic, Leonardo Rodrigues. O cirurgião acredita que o “boom” do mercado se deve a facilitação de acesso e também ao fato da nova geração, entre 20 e 40 anos, ser mais vaidosa.

“O homem jovem procura mais a lipoaspiração. Em segundo lugar está a rinoplastia (nariz) e a terceira é a correção de orelhas de abano. No adolescente temos muito ginecomastia (redução das mamas)”, comentou. Os implantes de silicone de peitoral e panturrilha também estão entre os desejos masculinos, mas ainda pouco procurados pelo publico recifense. Para os maiores de 45, outra demanda que tem crescido é com procedimentos de consultório como aplicação de botox e preenchimento. Sem falar nas depilações a lazer e cuidados com barba e cabelo. Apesar de não realizarem tratamentos em volume maior que as mulheres, os cuidados estéticos para eles tem um filão para exploração grande pela frente e livre e preconceitos.

A desconstrução de velhos hábitos

Segundo psicólogo, homem da atualidade ganhou sensibilidade, diminuiu vigor e multiplicou a inquietude. “Eu vejo que houve um ganho em termos de comportamento do homem de hoje. Se antes existia uma predestinada função e missão do homem na sociedade, isso acabou ficando mais flexível. Ou seja, os homens podem assumir níveis de masculinidade, num conceito tipo ‘degradê’ ”, avalia o professor de psicologia e analista comportamental, Spencer Junior.

Esse homem contemporâneo, que o especialista denomina de novo Adão, encontra-se cercado por vários dilemas. Ganhou sensibilidade, diminuiu vigor e multiplicou a inquietude das mulheres em alguns pontos. Um novo ser que emerge em meio à uma cultura machista, sem desvalorizar velhos rótulos.

“Eles vêm perdendo características que as próprias mulheres sempre estimaram muito, como o erotismo e a sedução. Os homens que estão perdendo o vigor da condução dos relacionamentos e a competência de se posicionar e ser firme em termos gerais. Aí, a mulher que tanto lutou para que esse homem fosse docilizado, agora padece da nostalgia desses traços”, comentou. O psicólogo ainda destacou que a sociedade de consumo também tem conduzido o homem por caminhos de aceitação estética, que antes regrava apenas as mulheres. “É obsessão pela saúde perfeita e pelo corpo perfeito. Ou seja, as pessoas passaram a depender dos seus corpos para dar alma ao indivíduo”, avaliou.

Nos últimos cinco anos, a participação deles no mercado de pacientes de cirurgias plásticas cresceu de 5% para 30%, segundo a sociedade brasileira da especialidade. “Plástica não tem sexo e não tem idade. Se a pessoa se incomoda, se faz com que haja melhora da autoestima é válida”, afirmou o médico da Estetic, Leonardo Rodrigues. O cirurgião acredita que o “boom” do mercado se deve não só à facilidade de acesso, como também ao fato da nova geração, entre 20 e 40 anos, ser mais vaidosa. “O homem jovem procura mais a lipoaspiração. Em segundo lugar está a rinoplastia (nariz) e a terceira é a correção de "orelhas de abano".

No adolescente temos muito ginecomastia (redução das mamas)”, comentou. Os implantes de silicone de peitoral e panturrilha também estão entre os desejos masculinos, mas ainda pouco procurados pelo público recifense. Para os maiores de 45, outra demanda que tem crescido é com procedimentos de consultório como aplicação de botox e preenchimento. Sem falar nas depilações a laser e cuidados com barba e cabelo. Apesar de não realizarem tratamentos em volume maior que as mulheres, os cuidados estéticos para eles representam um novo filão para o mercado de estética.


Reproduzido por: Lucas H.

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