quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Juízes completam quatro anos de magistratura e falam sobre a carreira (Reprodução)

24 Janeiro 2018

Com o plenário repleto de autoridades, familiares e amigos, na tarde do dia 22 de janeiro de 2014 foram empossados 15 novos magistrados do Poder Judiciário sul-mato-grossense: Ana Carolina Miranda de Oliveira, André Ricardo, Cézar Fidel Volpi, Evandro Endo, Fábio Kaiut Nunes, Francisco Soliman, Guilherme Henrique Berto de Almada, Idail de Toni Filho, Jessé Cruciol Júnior, Melyna Machado Mescouto Fialho, Rafael Gustavo Mateucci Cassia, Roberto Hipólito da Silva Júnior, Valter Tadeu Carvalho, Victor Curado Silva Pereira e Vitor Dias Zampieri.
Desses, Ana Carolina, Fábio Kaiut e Victor Curado deixaram a magistratura em MS para judicar em outros estados. Dos 12 que permaneceram em território sul-mato-grossense, realizando o sonho de integrar a magistratura que se destaca em todo o país, a afirmação é unânime: não se arrependem da escolha dessa carreira.
Mas qual seria o fato que marcou esse período na magistratura para cada um? Aquele que, quando se pensa na escolha da carreira, tem-se a certeza de ter escolhido o melhor. Será que quando se preparavam para o concurso, imaginaram que teriam tanto trabalho ou que o poder de decidir fatos que alcançam tantas vidas fosse tão difícil?
Guilherme Almada conta que durante esse tempo na magistratura muitos casos marcaram. Ele destacou as adoções, já que nesse tipo de demanda e, diante do contato próximo com os envolvidos, é possível perceber de forma concreta como a atividade do Poder Judiciário pode colaborar positivamente na melhoria da vida de uma criança e/ou adolescente.
O juiz apontou também que as questões jurídicas/sociais são um desafio, além da sempre necessária atenção à administração judiciária (gestão de gabinete, processos, pessoas, estrutura física, etc) pois, afinal, magistrado não é especialista no assunto.
“Antes de ser magistrado, fui estagiário e servidor no interior do Estado (Naviraí e Itaquiraí), então, tinha dimensão da quantidade, praticamente invencível, de trabalho e do tamanho da responsabilidade da função de resolver conflitos, situações que alteram sensivelmente a vida das pessoas. Evidentemente que ao assumir a função você se depara, de forma direta e pessoal, com as responsabilidades do cargo, mas essa experiência pretérita foi muito importante para os desafios de hoje”, contou.
A situação que marcou esses quatro anos para rafael Mateucci foi também um processo de adoção. Segundo ele, um grupo de três irmãos, uma menina e dois meninos, com idades de 6, 5 e 3 anos, que estavam acolhidos desde tenra idade.
“Foi muito marcante pela dificuldade em conseguir a adoção de grupo de irmãos e muito gratificante, porque pude perceber a felicidade das crianças em irem para um novo lar. Inclusive, recentemente a equipe técnica me mandou fotos das crianças, todas muito felizes. Foram adotadas por um casal de Bonito. Essa adoção me fez perceber o quanto podemos influenciar positivamente na vida dos jurisdicionados”, relatou Rafael.
Francisco Soliman lembra que, em razão de experiências profissionais anteriores, sempre soube que a magistratura exigia enorme dedicação diante das inúmeras demandas que aportam ao Judiciário diariamente. No entanto, ele não imaginava que que a sobrecarga de trabalho seria tão intensa.


“Além de decidir as diversas questões que aguardam julgamento, os juízes assumem outras tantas responsabilidades, que vão desde a gestão interna da Comarca até a interlocução com a sociedade em seus mais diversos segmentos. O exercício do cargo, especialmente nos dias atuais, requer esforço redobrado dos juízes. Decidir conflitos alheios, materializados em uma relação processual, é uma arte que requer muito conhecimento técnico (jurídico), mas também sensibilidade”, explicou.
Para Soliman é necessário compreender o drama vivido pelas partes e vislumbrar as consequências da decisão, sempre tendo como norte o ideal de justiça. “As decisões proferidas repercutem de maneira muito significativa na vida das pessoas, razão pela qual devem ser criteriosas e responsáveis. Antes de ingressar na magistratura e me colocar na posição de julgador,  não tinha consciência de quão difícil é função de decidir”.
De acordo com Francisco, nestes quatro anos de magistratura, várias foram as situações marcantes. Em especial, lembrou de um senhor idoso, com uma doença gravíssima, que  aguardava vaga para internação hospitalar e, segundo relato médico, a internação era urgente porque ele sequer conseguia se alimentar.
Na comarca não existia hospital com estrutura para o procedimento cirúrgico necessário e havia risco iminente de óbito. “A partir do requerimento da parte, determinei a imediata internação do idoso, no entanto, era final de tarde de uma sexta-feira, o que tornava mais difícil a comunicação da decisão ao responsável e seu efetivo cumprimento. A servidora plantonista fez o que pode, até que, na madrugada, recebi a ligação de que a decisão foi cumprida e a internação ocorreu. Na segunda-feira, recebi a visita dos familiares do idoso, que emocionados agradeceram a atenção dedicada e informaram que o idoso estava bem. Isso me fez pensar que a escolha pela magistratura foi correta”, concluiu.
Guilherme foi outra a afirmar que a escolha da carreira foi acertada. “Todo o esforço feito durante os anos de estudo valeu a pena, afinal de contas é a profissão que eu sempre quis seguir e sou bastante realizado com a função judicante e consciente que as dificuldades, por inúmeros motivos, são crescentes para exercer de forma satisfatória a atividade de julgar. Tenho certeza que, com dedicação e o trabalho árduo, além do apoio sempre colaborativo e empenhado dos servidores com quem trabalhei e trabalho, sinto-me preparado para elas”.
Reproduzido por: Lucas H.


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