quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Notícias - Projeto social leva estudantes do Naça para instituíções de acolhimento de menores. (Reprodução)

A construção do bem comum por meio da educação, preconizada na Missão do Colégio Nacional, visa possibilitar a formação de jovens que buscam meios para alcançar a autonomia. É por isso que a parceria realizada com a Pontes de Amor é uma aliada para imergir os estudantes na realidade de crianças que frequentam instituições de acolhimento, formando vínculos e favorecendo a socialização.
Em 2017, 26 alunos do 2º ano do Ensino Médio foram selecionados como voluntários para o projeto “Missões de amor”. Bruna Magalhães, psicóloga da organização, afirmou que a escolha deste nível foi de extrema importância para a realização das atividades de maneira acertiva. “Nós pensamos no 2º ano por acharmos que o 1º ainda não estaria maduro para lidar com as questões que envolvem o projeto, enquanto que o 3º estaria focado no encerramento do ensino regular e na realização de processos seletivos, como o Enem e o vestibular”, disse Bruna.
Devido à sensibilidade das ações a serem realizadas, a equipe formada pela psicóloga, pela assistente social Oliviana Silva e pela psicopedagoga Fernanda Nascimento, convocou os pais dos alunos para conhecer mais sobre o projeto e assinar um termo de voluntariado. As atividades foram realizadas em dois sábados por mês nas instituições, onde os estudantes desenvolviam três oficinas: bate papo, contação de historia e criatividade, todas visando fornecer atendimento psicopedagógico e fortalecer o senso de convivência comunitária, uma vez que as crianças geralmente vão do abrigo para a escola e vice-versa.
Uma vez por mês, também havia uma reunião mensal de planejamento e acolhimento com os voluntários. “Durante o contato com as crianças, os estudantes são expostos às vivências deles, as reuniões servem para lidar com essas histórias. Acompanhamos tanto a promoção das atividades, quanto o aspecto psicológico desenvolvido da convivência com as diferentes realidades”, afirmou Bruna.
A reunião de devolutiva é realizada todo semestre, um modo de levantar se os objetivos estão sendo cumpridos. A psicóloga confirmou que o projeto superou todas as expectativas. “Estamos impressionados com o vínculo dos estudantes com as crianças. Eles brincam, conversam. É diferente quando um adulto chega para conversar com eles e quando um adolescente da mesma faixa etária o faz”, disse ela. Ainda segundo Bruna, esta quebra de confiança se dá devido à violação de direitos (no caso o direito a um lar, a ter pais) sofrida pelas crianças. Resultados mais visíveis surgiram em pouco tempo, crianças, antes tímidas, passaram a se socializar melhor e algumas agressivas passaram a entender o conceito de responsabilidade e compromisso com o projeto.

  • Depoimento de Beatriz P. B. Alvarenga – estudante do 2º ano do Ensino Médio.
“Me sinto especialmente grata ao refletir sobre  a travessia que eu, com os outros alunos do Colégio Nacional envolvidos no projeto, fazemos pela Pontes de Amor. Em tempos em que o tempo em si parece constantemente progredir a pesadas, porém rasas, inutilidades, encontrei com as crianças e companheiros um espaço para profunda e eterna existência.
A perda em dor e suas consequências são desafios desesperadores e as crianças que conhecemos nas Instituições de Acolhimento são admiráveis, das mais amáveis inspirações. Minha felicidade está em poder doar-me a elas em nossos encontros. Um simples sorriso é  infinito. A oportunidade do Pontes de Amor é repleta de diversos infinitos.
Percebo explicitamente meu crescimento pessoal e sinto que, no mínimo, proporcionamos o mais que bem merecido acalanto ao coração dos pequenos. Reavalio minhas prioridades e valores quando estou em contato com símbolos de resistência. A linguagem, a segurança de si e a perspectiva é questionada quando temos tamanha responsabilidade. Sou grata porque assim nossa inteligência emocional desenvolve com a comunicação e nossos recursos interpessoais expandem. Sou grata pois é na simplicidade do escutar, da delicadeza, da paciência, da empatia e do amar que está a complexidade da resposta.
As dificuldades são reais e intensas para todos nós, porém, o fácil e o confortável não costumam ser os mais positivos e enriquecedores em perpetuar o bem. Quando presenteamos tempo a nós mesmos para sermos felizes, fazendo os outros felizes, conhecemos as maiores preciosidades. Essa tem sido a Pontes de Amor para mim.”
  • O que é a Pontes de Amor?
Criada em 2012, a Pontes de Amor é uma Organização Filantrópica sem fins lucrativos, filiada à Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (ANGAAD), que atua em Uberlândia e no Triângulo Mineiro em sintonia com a Vara da Infância e da Juventude, Órgãos e Conselhos de Direito da Criança e do Adolescente. Surgiu diante da preocupação com a garantia dos direitos de crianças/adolescentes institucionalizados e dos altos índices de devolução de crianças por famílias adotivas no Brasil e de crises familiares no pós adoção por falta de apoio ou acompanhamento psicológico, psicopedagógico.



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