quarta-feira, 21 de setembro de 2016

A CHEGADA DE ALICE (Reprodução)

19 de setembro de 2016

Acredito, com toda a força do meu ser, que nasci para ser mãe. Sempre foi meu maior sonho, maior ambição, minha meta de vida! Saber que meu esposo também sonhava com a paternidade, foi fundamental para seguirmos juntos e determinados em busca do(a) nosso(a) filho(a). Mas quando decidimos que era chegada a hora de aumentar a família, as coisas não saíram como o esperado…eu não engravidei. Deus tinha outros planos para nós e eu comecei a sentir isto logo nos primeiros insucessos dos diversos tratamentos de fertilidade aos quais nos submetemos. Descobrir que eu tinha endometriose e que a mesma havia afetado consideravelmente minha fertilidade, ao ponto de ouvir que “só um milagre” me tornaria mãe…Foi indescritivelmente doloroso e difícil de digerir. Aceitar a infertilidade foi como viver um luto. Uma angustia enorme parecia querer me engolir… Mas a medida em que a possibilidade de gerar, morria dentro de mim, nascia muito forte e evidente, a esperança da Adoção. Isso mesmo, “esperança”! Nós passamos a ver na Adoção a esperança do milagre que nos tornaria pais, pois não havia como arrancar da alma o sonho que nos movia. Nada poderia tirar do nosso coração todo o amor que tínhamos guardado para um filho. A estas alturas, não importava se meu filho (ou filha) nasceria da minha barriga ou da barriga de uma outra pessoa. Eu só queria ser mãe! Sabíamos que o maior vinculo que une uma pessoa a outra, é o amor … e amor nasce no coração…e o nosso coração estava transbordando de amor. Então, decidimos não perder mais o tempo que parecia voar; enxugar as lágrimas que pareciam que não iriam parar de cair; cessar o sofrimento que parecia ser o pior para uma mulher; parar de buscar respostas para tantos questionamentos; seguir adiante, olhar para frente; confiar e ouvir nosso coração que nos dizia a todo tempo que Deus havia escrito uma linda história para nós. E nosso coração estava certo!
Demos entrada no CNA (Cadastro Nacional de Adoção) e passamos a vivenciar uma espera não menos angustiante pois agora, nada mais poderíamos fazer além de esperar, por tempo indeterminado, alguém que não sabíamos se chegaria. Durante esta habitação, ouvimos coisas extremamente desestimulantes de pessoas (profissionais) que deveriam estar nos instruindo, apoiando e incentivando. Neste período, procuramos ler e participar de reuniões sobre Adoção. Isto sim, foi estimulante e engrandecedor. Nos fortaleceu a certeza de que na Adoção nos realizaríamos.

Vivemos um longo tempo de buscas, de desencontros e de grandes encontros. Um belo dia, nosso telefone tocou! Um anjo desceria do céu, mas não sabia aonde iria fazer morada. Não tivemos dúvida! “Seu lugar é aqui, conosco! Somos tão inteiramente seus, quanto você é nossa! Bem-vinda, nossa tão esperada filha, Alice! Papai e mamãe não veem a hora de te afagar em nossos braços e te dar todo o amor que guardamos para você”. Nunca imaginei ser capaz de sentir tanta coisa ao mesmo tempo como no dia em que fomos buscar nossa filha. Um medo avassalador e ao mesmo tempo, uma felicidade infinita que nos encorajava a cada passo a maternidade tão sonhada. Temos a certeza de que Alice nasceu para nós e mais ainda, de que fomos criados para sermos o Pai e a Mãe de Alice!
Ser mãe é, sem dúvida, o maior aprendizado, a melhor e maior experiência da minha vida. Ser mãe “por adoção”, é exatamente a mesma coisa, porém, acredito ser mais potencializado, mais intenso.

Pois nos obriga a enxergar um outro mundo…ou o mesmo mundo com outros olhos. Enxergar o mundo pelos olhos de uma criança que vive em uma casa de acolhimento com poucas ou quase nenhuma chance de um dia ter um lar e/ou uma família; crianças órfãs dentro de suas próprias casas; mães que, abandonadas (pelo companheiro, família, sociedade) num ato de desespero abandonam também suas crias; mães, que diante deste abandono, se vêm na obrigação de entregar seus filhos para adoção na esperança de que tenham uma vida de amor e melhores oportunidades; e ainda, o mundo de milhares de pais que, como nós, buscam desesperadamente seus filhos na Adoção, mesmo diante de todas as dificuldades, incertezas e desestímulos que um processo de adoção nos faz viver. Enxergar este mundo não nos basta! Queremos ser uma gota de esperança na vida destas pessoas. Milagre? Pode ser! Eu acredito em milagres…Deus e Nossa Senhora realizou um em nossa vida, esqueceu?

Todo nosso respeito, gratidão e carinho a mãe biológica da nossa filha…um anjo a quem Deus deu a missão de trazê-la ao mundo!

Nossos eternos agradecimentos ao Acalanto, que nos auxiliou no processo de regularização.
A Deus e Nossa Senhora, nosso amor, devoção, gratidão e comprometimento em darmos sempre o melhor que existe em nós para o tesouro que nos foi confiado, nossa filha!
Que Deus nos conceda a graça de aumentar a família (através da Adoção, claro!)!
“Não habitou meu ventre, mas mergulhou nas entranhas da minha alma.
Não foi plasmado do meu sangue, mas alimenta-se no néctar de meus sonhos.
Não é fruto de minha hereditariedade, mas molda-se no valor de meu caráter.
Se não nasceu de mim, certamente nasceu para mim”
(autor desconhecido)

Original disponível em: http://projetoacalantonatal.com.br/historias/a-chegada-de-alice/

Reproduzido por: Lucas H.

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