03 Out, 2016
A adoção legal de crianças na China não é simples. Nem toda a gente se encontra qualificada para adotar e as listas de espera dificultam o processo. É também difícil dar crianças para adoção através do sistema público, até porque os pais biológicos ficam desmotivados pelo facto de não receberem recompensas monetárias.
O número de bebés com deficiências que fazem parte do sistema legal de adoção são uma das razões apontadas pelos casais para a desistência do processo, afirmando preferir bebés saudáveis. É o caso de Xue, mulher de 38 anos residente em Chongqing, no centro da China. “Tentámos adotar pelo método oficial, mas as crianças disponíveis estavam doentes ou incapacitadas”, confessa, segundo citação do diário El Pais.
Tentou, então, o método ilegal através da Internet. Porém, ficou desiludida ao verificar que “a maioria dos anúncios era fraudulenta” e que eram elevadas as quantias exigidas em troca dos bebés. “Pediram cerca de 100 mil iuanes (o equivalente a 13.350 euros) e nada me garantia que os bebés eram realmente daquelas pessoas”, confessa. No entanto, acha que não tem outra alternativa.
Um fenómeno em crescimento
Estas limitações têm provocado um auge na venda de bebés através da Internet, fenómeno ilegal que promove a fraude e fragiliza a segurança infantil, uma vez que representa um veículo para o tráfico de menores. Jiang Quanbao, especialista em demografia na Universidade Xi’na Jiaotong, afirma que “as adoções através da Internet começaram há uma década e cresceram velozmente” desde então.
A evolução do fenómeno deu-se com a criação de plataformas online e aplicações especificamente criadas para este propósito. Yuan Meng Zhi Jia – “Casa para tornar os sonhos realidade” – é o nome da plataforma criada em 2007 que conta já com 70 mil pessoas inscritas e mais de uma centena de grupos associados em redes sociais. Um desses grupos, composto por 470 membros, utiliza uma aplicação de troca de mensagens para comprar e vender bebés saudáveis.
Zhang Zhiwei, advogado especializado na área do tráfico humano, declara que “a adoção através da Internet encobre uma grande quantidade de tráfico de menores”, sendo difícil determinar qual a origem das crianças vendidas. Estima-se que cerca de 20 mil menores sejam traficados anualmente na China, na maioria em zonas pobres onde os próprios pais vendem os filhos.
Um dos obstáculos à adoção ilegal é a obtenção de certificados de nascimento para os bebés comprados. No entanto, são várias as plataformas online dedicadas ao fabrico de falsificações que podem custar milhares de iuanes.
Segundo o Ministério de Assuntos Civis, no final de 2015 apenas 92 mil dos 502 mil órfãos da China se encontravam para adoção em centros de acolhimento públicos. No mesmo ano, apenas foram realizadas 22 mil adoções legais.
Original disponível em: http://www.rtp.pt/noticias/mundo/mercado-de-adocao-ilegal-na-china-chega-a-internet_n951470
Reproduzido por: Lucas H.
A adoção legal de crianças na China não é simples. Nem toda a gente se encontra qualificada para adotar e as listas de espera dificultam o processo. É também difícil dar crianças para adoção através do sistema público, até porque os pais biológicos ficam desmotivados pelo facto de não receberem recompensas monetárias.
O número de bebés com deficiências que fazem parte do sistema legal de adoção são uma das razões apontadas pelos casais para a desistência do processo, afirmando preferir bebés saudáveis. É o caso de Xue, mulher de 38 anos residente em Chongqing, no centro da China. “Tentámos adotar pelo método oficial, mas as crianças disponíveis estavam doentes ou incapacitadas”, confessa, segundo citação do diário El Pais.
Tentou, então, o método ilegal através da Internet. Porém, ficou desiludida ao verificar que “a maioria dos anúncios era fraudulenta” e que eram elevadas as quantias exigidas em troca dos bebés. “Pediram cerca de 100 mil iuanes (o equivalente a 13.350 euros) e nada me garantia que os bebés eram realmente daquelas pessoas”, confessa. No entanto, acha que não tem outra alternativa.
Um fenómeno em crescimento
Estas limitações têm provocado um auge na venda de bebés através da Internet, fenómeno ilegal que promove a fraude e fragiliza a segurança infantil, uma vez que representa um veículo para o tráfico de menores. Jiang Quanbao, especialista em demografia na Universidade Xi’na Jiaotong, afirma que “as adoções através da Internet começaram há uma década e cresceram velozmente” desde então.
A evolução do fenómeno deu-se com a criação de plataformas online e aplicações especificamente criadas para este propósito. Yuan Meng Zhi Jia – “Casa para tornar os sonhos realidade” – é o nome da plataforma criada em 2007 que conta já com 70 mil pessoas inscritas e mais de uma centena de grupos associados em redes sociais. Um desses grupos, composto por 470 membros, utiliza uma aplicação de troca de mensagens para comprar e vender bebés saudáveis.
Zhang Zhiwei, advogado especializado na área do tráfico humano, declara que “a adoção através da Internet encobre uma grande quantidade de tráfico de menores”, sendo difícil determinar qual a origem das crianças vendidas. Estima-se que cerca de 20 mil menores sejam traficados anualmente na China, na maioria em zonas pobres onde os próprios pais vendem os filhos.
Um dos obstáculos à adoção ilegal é a obtenção de certificados de nascimento para os bebés comprados. No entanto, são várias as plataformas online dedicadas ao fabrico de falsificações que podem custar milhares de iuanes.
Segundo o Ministério de Assuntos Civis, no final de 2015 apenas 92 mil dos 502 mil órfãos da China se encontravam para adoção em centros de acolhimento públicos. No mesmo ano, apenas foram realizadas 22 mil adoções legais.
Original disponível em: http://www.rtp.pt/noticias/mundo/mercado-de-adocao-ilegal-na-china-chega-a-internet_n951470
Reproduzido por: Lucas H.
Nenhum comentário:
Postar um comentário