janeiro 13, 2017
A separação dos pais após a chegada de um filho por meio da adoção
A chegada de uma criança é sempre uma aventura para um casal, e até mesmo para os outros membros família, como os irmãos. A adaptação à nova estrutura e demandas é sempre um desafio para aqueles que vivenciam essa transformação.
O filho recém-chegado solicita à família uma gama de cuidados por um longo tempo, muitas vezes ininterrupto, o que pode causar estranheza e exaustão. Nesse balaio de adaptação, do tempo, dos horários, das obrigações, das necessidades, há uma sucessão de emoções, em todas as suas categorias e nuanças, à serem harmonizadas. Essa metamorfose desarranja a armação que respaldava e assegurava as relações familiares, propiciando a instabilidade dos membros.
Engana-se quem crê que essa circunstância ocorre apenas nas famílias formadas através da adoção. Essa vivência é comum em todos os lares que estejam recebendo um novo membro. As atenções são todas voltadas para o acolhimento da criança. Todos querem conhecer e também se apresentar. É um momento de cultivar os afetos, construir um laço, encontrar uma sintonia. Uma construção mútua do pertencimento.
As emoções que envolvem a chegada de um filho, o amor, alegria, esperança e euforia vêm acompanhadas também pelo medo, insegurança, ciúmes, angustia, arrependimento, desamparo, além da culpa, por sentir sentimentos tão ambíguos.
Essa instabilidade estrutural e emocional nesse momento de reconhecimento e estranheza pode afetar de forma negativa a vida do casal, que outrora não haviam se conscientizado das demandas e vivências que um filho ocasiona no arranjo familiar. Diante de tais circunstâncias há casais que encontram a reconciliação através da compreensão e companheirismo possibilitado pelo diálogo. Alguns buscam auxílio em grupos religiosos ou terapêuticos. Há também aqueles que encontram no divórcio o caminho para alcançar a harmonia que tanto almejam. Esse último desfecho não é, de forma alguma, responsabilidade do filho que chegou através da adoção. É consequência da inabilidade da família de se ajustar à nova estrutura.
Claro, o divórcio pode ser ocasionado por diversos e distintos fatores. Sendo ele o caminho escolhido, o casal deverá construir uma nova forma de relação, não mais amorosa, mas permanentemente respeitosa. Só assim poderão continuar a promover o desenvolvimento emocional aos filhos.
Um novo arranjo familiar se instaura, e uma nova fase de adaptação e estranheza se inicia. O diálogo honesto, gentil e atencioso é a chave para o sucesso das relações, inclusive diante de um divórcio. A relação cortês, assim como a presença continua dos pais na vida dos filhos é importantíssima para o desenvolvimento emocional desses.
O divórcio é uma ação na relação de um casal e jamais na relação parental. Não existe a possibilidade de se divorciar dos filhos, e isso precisa ficar bem claro para todos os membros da família, inclusive para a criança. O filho, sendo fruto da escolha pela adoção não dá ao pai ou à mãe o direito de se abster dos cuidados com os filhos. É certo que não podemos exigir amor, mas podemos sim, até mesmo devemos exigir o cuidado daquele que se comprometeu em se responsabilizar pelo bem-estar de uma criança.
Vale ressaltar que durante a fase de adaptação da criança, ou seja, quando a adoção ainda não foi concluída, o divórcio do casal requerente a adoção é um obstáculo no processo, assim como a encenação de um casal feliz, quando já não é na prática. A honestidade é indispensável para que os profissionais do judiciário envolvidos no processo de adoção e para Juiz responsável por conceder ou não a adoção, consigam analisar e avaliar se o ambiente familiar oferecer à criança um ambiente saudável para seu desenvolvimento integral.
Heloísa Sampaio
Original disponível em: http://www.gravidezinvisivel.com/adocao-divorcio-a-separacao-dos-pais-apos-a-chegada-de-um-filho-por-meio-da-adocao/
Reproduzido por: Lucas H.
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