04/01/2017
A artesã Rosângela Batista Tatin, 39 anos, sempre se virou bem com o fato de ser filha adotiva. Mas, aos 35 anos, quando a mãe adotiva morreu, sentiu um vazio que não sabia explicar: precisava saber mais das origens e de sua família biológica. Em abril do ano passado, contou sua história em um grupo fechado do Facebook, em que deixou todos os dados de sua certidão de nascimento. O resultado veio poucos dias depois: um telefone e um endereço.
Como Rosângela, centenas de filhos adotivos têm recorrido a grupos fechados e páginas na rede social para pedir informações do paradeiro de seus pais biológicos. Há ao menos dez grupos do gênero, com entre 1 mil e 3 mil membros, mas seus criadores dizem que há mais de cem na rede. As páginas têm em comum depoimentos emocionados e desesperados daqueles que tentam entender mais de seu passado. Quem as controla são usuários da rede, voluntários de todo o País, de advogada a bancária aposentada. Sem cobrar nada, os grupos fazem uso de ferramentas virtuais que usam cadastros comerciais.
Ilegalidade
A ação é vista com ressalvas pelo Ministério Público, já que as informações divulgadas por terceiros podem ser sigilosas. No entanto, Rosângela não esperou nem um dia: ligou em seguida para o número que recebeu. “Aqui é a filha da senhora”, disse, sem nem saber direito quem estava do outro lado. E assim começou uma conversa que duraria horas e levaria mãe e filha a se conhecerem. “Hoje, eu a chamo de mãe e nossa relação é de amizade. Vamos nos ver de novo na Páscoa.”
Apesar da distância de quase 800 quilômetros – a filha mora no Paraná, e a mãe, em Santa Catarina – marcaram um encontro que aconteceria meses depois. Não havia rancor: Rosângela conta que a mãe adotiva havia contado todos os detalhes – depois, confirmados.
A mãe biológica, Lorena, sofreu nas mãos de dois homens quando engravidou: primeiro pelo próprio companheiro, que “mandou ela se virar”. Depois, do pai, que bateu na filha ao descobrir a gravidez e a fez fugir de casa. Teve que mudar de cidade e trabalhar como enfermeira. “Ela precisava me dar para alguém, senão o pai não a aceitaria de volta”, contou Rosângela. Doou a criança no mesmo hospital onde a teve.
Rede
Rosângela decidiu retribuir a ajuda que teve e criou uma página no Facebook para ajudar outras pessoas. Trata-se de uma trajetória comum nos grupos: a dona da página em que ela publicou sua história também já tinha sido ajudada. A sua progenitora, porém, não se interessou pelo contato e logo se esquivou. “Você é minha filha? Mas qual das que eu dei pra adoção?”, disse ao telefone.
São minoria os casos que resultam em sucesso. A dona de casa Ana Santos, 40 anos, de São Paulo, diz que já recorreu a diversos grupos e até hoje não conseguiu localizar o pai biológico. Apesar de ter todos os documentos do homem e seu nome, só obteve um endereço antigo. “Até procurei na rua, perguntei, mas ninguém sabia.” (AE)
Original disponível em: http://www.osul.com.br/filhos-adotados-conseguem-encontrar-os-pais-biologicos-usando-as-redes-sociais/
Reproduzido por: Lucas H.
A artesã Rosângela Batista Tatin, 39 anos, sempre se virou bem com o fato de ser filha adotiva. Mas, aos 35 anos, quando a mãe adotiva morreu, sentiu um vazio que não sabia explicar: precisava saber mais das origens e de sua família biológica. Em abril do ano passado, contou sua história em um grupo fechado do Facebook, em que deixou todos os dados de sua certidão de nascimento. O resultado veio poucos dias depois: um telefone e um endereço.
Como Rosângela, centenas de filhos adotivos têm recorrido a grupos fechados e páginas na rede social para pedir informações do paradeiro de seus pais biológicos. Há ao menos dez grupos do gênero, com entre 1 mil e 3 mil membros, mas seus criadores dizem que há mais de cem na rede. As páginas têm em comum depoimentos emocionados e desesperados daqueles que tentam entender mais de seu passado. Quem as controla são usuários da rede, voluntários de todo o País, de advogada a bancária aposentada. Sem cobrar nada, os grupos fazem uso de ferramentas virtuais que usam cadastros comerciais.
Ilegalidade
A ação é vista com ressalvas pelo Ministério Público, já que as informações divulgadas por terceiros podem ser sigilosas. No entanto, Rosângela não esperou nem um dia: ligou em seguida para o número que recebeu. “Aqui é a filha da senhora”, disse, sem nem saber direito quem estava do outro lado. E assim começou uma conversa que duraria horas e levaria mãe e filha a se conhecerem. “Hoje, eu a chamo de mãe e nossa relação é de amizade. Vamos nos ver de novo na Páscoa.”
Apesar da distância de quase 800 quilômetros – a filha mora no Paraná, e a mãe, em Santa Catarina – marcaram um encontro que aconteceria meses depois. Não havia rancor: Rosângela conta que a mãe adotiva havia contado todos os detalhes – depois, confirmados.
A mãe biológica, Lorena, sofreu nas mãos de dois homens quando engravidou: primeiro pelo próprio companheiro, que “mandou ela se virar”. Depois, do pai, que bateu na filha ao descobrir a gravidez e a fez fugir de casa. Teve que mudar de cidade e trabalhar como enfermeira. “Ela precisava me dar para alguém, senão o pai não a aceitaria de volta”, contou Rosângela. Doou a criança no mesmo hospital onde a teve.
Rede
Rosângela decidiu retribuir a ajuda que teve e criou uma página no Facebook para ajudar outras pessoas. Trata-se de uma trajetória comum nos grupos: a dona da página em que ela publicou sua história também já tinha sido ajudada. A sua progenitora, porém, não se interessou pelo contato e logo se esquivou. “Você é minha filha? Mas qual das que eu dei pra adoção?”, disse ao telefone.
São minoria os casos que resultam em sucesso. A dona de casa Ana Santos, 40 anos, de São Paulo, diz que já recorreu a diversos grupos e até hoje não conseguiu localizar o pai biológico. Apesar de ter todos os documentos do homem e seu nome, só obteve um endereço antigo. “Até procurei na rua, perguntei, mas ninguém sabia.” (AE)
Original disponível em: http://www.osul.com.br/filhos-adotados-conseguem-encontrar-os-pais-biologicos-usando-as-redes-sociais/
Reproduzido por: Lucas H.
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