segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Adotar no estrangeiro: Quando a cegonha vem da Bulgária (Reprodução)

27 de JANEIRO de 2017

Rosália e Leonel são um casal que se juntou tarde, já depois dos 40. Queriam ser pais, adotar, mas em Portugal sabiam que pelas leis teriam de viver juntos há mais de quatro anos e pelo tempo que o processo demora dificilmente conseguiriam fazê-lo, se chegasse a ser possível, antes dos 50.

Cristina Silva, fundadora da Bem Me Queres - Associação de Apoio à Adoção, que este sábado realiza um encontro nacional de Famílias Adotivas e Candidatos à Adoção, fala numa demora média que ronda os quatro anos em Portugal. A decisão da justiça é lenta e há todo um processo burocrático, naturalmente demorado, de avaliação dos candidatos.

A solução de Rosário e Leonel foi a adoção internacional, um caminho mais rápido mas sem apoios do Estado e bastante caro que lhes custou entre 10 a 15 mil euros. Este é um dos três casais que a associação ajudou, nos últimos anos, a adotar crianças na Bulgária, onde há mais dez processos em andamento pois é o único país com acordo com uma instituição portuguesa.

Todo o processo de adoção no estrangeiro é, aliás, bastante complexo e tem de passar, por norma, por uma agência de intermediação que conhece bem o país de origem da criança. Para a Bulgária, por exemplo, é preciso traduzir todos os documentos de português para búlgaro e vice-versa, o que tem elevados custos.

Rosário e Leonel são hoje dois pais babados de uma criança com quase quatro anos, nascida na Bulgária, que veio para Portugal há cerca de dois anos e que tem um primeiro nome português, um segundo nome búlgaro (o primeiro que conheceu) e os dois apelidos portugueses dos pais adotivos.
A mãe recorda que recebeu por telefone a notícia de que tinha sido encontrada uma criança com as características que pretendiam, e foi, conta, emocionada, como saber que estava grávida. Depois foi preciso ir à Bulgária, fazer uma atribulada viagem de carro de 150 quilómetros a partir de Sofia, a capital, conhecer o futuro filho com quem passaram uma semana numa espécie de teste para ver se os pais e a criança se podiam mesmo dar bem.

Correu tudo bem e dizem que voltaram a Portugal com o coração nas mãos sabendo que pelo tempo habitual teriam de esperar mais meio ano até à segunda viagem para trazê-lo para a nova casa. A primeiro viagem tinha sido em julho e próximo do Natal de 2014 Rosário e Leonel voltaram a voar para Sofia para trazer, de vez, o filho para Lisboa.

Cristina Silva, da associação Bem Me Queres, explica que infelizmente nem todos os casais que querem podem seguir este caminho da adoção internacional que apesar não ser rápido consegue ser muito menos demorado do que em Portugal.

A responsável da associação de apoio à adoção adianta que os processos são muito lentos em Portugal e a lista de espera é longa e vai continuar a ser porque há muito menos crianças do que os casais ou candidatos singulares que querem adotar.

Por ano, Cristina Silva diz que são adotadas cerca de 400 crianças portuguesas e há 2000 candidatos à espera. Além da falta de crianças para adoção, a associação lamenta que muitas das que estão institucionalizadas demorem muito tempo a ter um projeto de vida definido para a adoção.

Original disponível em: http://www.tsf.pt/sociedade/interior/adotar-no-estrangeiro-quando-a-cegonha-vem-da-bulgaria-5631444.html

Reproduzido por: Lucas H.

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