18/06/2017
Depois de passar a infância e a adolescência em casas de acolhimento, jovens da região ainda têm dificuldade durante o processo obrigatório de deixar o ‘lar’ após completarem 18 anos. O problema é reflexo da falta de ações efetivas destinadas ao desenvolvimento da autonomia financeira e da independência dos abrigados. Uma das alternativas defendidas por especialistas é a instalação de repúblicas destinadas à permanência destas pessoas até que consigam se manter sozinhas.
O desempregado Walter de Camargo, 30 anos, viveu na pele essa dificuldade. O morador de São Bernardo revela que se sentiu perdido quando se viu obrigado a deixar a Fundação Criança da cidade, espaço onde viveu por cerca de seis anos. “Eu não tinha para onde ir. Morei quase um ano na rua e só consegui um lar porque, na época, um amigo me falou da república jovem de São Bernardo, que acolhia jovens que saíam dos abrigos. Mas infelizmente o espaço não existe mais”, lembra ele, que passou noites na casa de conhecidos e também em albergues da cidade. Walter chegou à instituição aos 12 anos, após sofrimento devido aos maus-tratos por parte da família adotiva, que o recebeu aos 2 anos.
Luciana da Conceição, 25, também sofreu para conseguir se estruturar após ter de deixar o abrigo onde viveu dos 6 aos 19 anos, em Mauá. O plano da jovem, recolhida à instituição municipal após fugir das agressões do padrasto, era alugar uma casa para morar com a mãe. No entanto, um câncer no fígado vitimou fatalmente a mãe e obrigou Luciana a traçar novo horizonte. “Eu aluguei uma casa e fui morar sozinha. No início foi muito difícil”, revela ela, que atua como monitora no abrigo onde passou a infância e adolescência.
A assistente social Camila Jofre, que atua com crianças e jovens em situação de abrigo, explica que é feito trabalho de inclusão em cursos profissionalizantes e de busca pelo primeiro emprego a partir dos 16 anos. A ideia é que esse processo ajude na busca pela autonomia após os 18 anos, tendo em vista que em média 40% dos abrigados não são adotados e permanecem na instituição até alcançar a maioridade. “O desligamento desses jovens é muito complexo. É uma responsabilidade muito grande para eles, que não vão ter ninguém lá fora para auxiliá-los.”
Entre as sete cidades, cerca de 280 crianças e adolescentes vivem em abrigos municipais atualmente, sendo 116 em seis espaços localizados em Santo André, sete na única instituição de São Caetano, em média 70 menores em três equipamentos de Diadema, 30 em duas casas de Mauá, 30 em duas unidades de Ribeirão Pires e 26 crianças abrigadas em Rio Grande da Serra. São Bernardo não informou os números. Pouco mais de 10% do total de abrigados entre as sete cidades – cerca de 30 menores – estão aptos à adoção. Isso porque os pequenos só podem ser adotados após a destituição do poder familiar (quando há desvínculo da família de origem) – Lei 12.010/2009 – e, geralmente, os processos do tipo demoram de um até três anos na Justiça.
Especialista defende retorno de república no Grande ABC
Depois de passar a infância e a adolescência em casas de acolhimento, jovens da região ainda têm dificuldade durante o processo obrigatório de deixar o ‘lar’ após completarem 18 anos. O problema é reflexo da falta de ações efetivas destinadas ao desenvolvimento da autonomia financeira e da independência dos abrigados. Uma das alternativas defendidas por especialistas é a instalação de repúblicas destinadas à permanência destas pessoas até que consigam se manter sozinhas.
O desempregado Walter de Camargo, 30 anos, viveu na pele essa dificuldade. O morador de São Bernardo revela que se sentiu perdido quando se viu obrigado a deixar a Fundação Criança da cidade, espaço onde viveu por cerca de seis anos. “Eu não tinha para onde ir. Morei quase um ano na rua e só consegui um lar porque, na época, um amigo me falou da república jovem de São Bernardo, que acolhia jovens que saíam dos abrigos. Mas infelizmente o espaço não existe mais”, lembra ele, que passou noites na casa de conhecidos e também em albergues da cidade. Walter chegou à instituição aos 12 anos, após sofrimento devido aos maus-tratos por parte da família adotiva, que o recebeu aos 2 anos.
Luciana da Conceição, 25, também sofreu para conseguir se estruturar após ter de deixar o abrigo onde viveu dos 6 aos 19 anos, em Mauá. O plano da jovem, recolhida à instituição municipal após fugir das agressões do padrasto, era alugar uma casa para morar com a mãe. No entanto, um câncer no fígado vitimou fatalmente a mãe e obrigou Luciana a traçar novo horizonte. “Eu aluguei uma casa e fui morar sozinha. No início foi muito difícil”, revela ela, que atua como monitora no abrigo onde passou a infância e adolescência.
A assistente social Camila Jofre, que atua com crianças e jovens em situação de abrigo, explica que é feito trabalho de inclusão em cursos profissionalizantes e de busca pelo primeiro emprego a partir dos 16 anos. A ideia é que esse processo ajude na busca pela autonomia após os 18 anos, tendo em vista que em média 40% dos abrigados não são adotados e permanecem na instituição até alcançar a maioridade. “O desligamento desses jovens é muito complexo. É uma responsabilidade muito grande para eles, que não vão ter ninguém lá fora para auxiliá-los.”
Entre as sete cidades, cerca de 280 crianças e adolescentes vivem em abrigos municipais atualmente, sendo 116 em seis espaços localizados em Santo André, sete na única instituição de São Caetano, em média 70 menores em três equipamentos de Diadema, 30 em duas casas de Mauá, 30 em duas unidades de Ribeirão Pires e 26 crianças abrigadas em Rio Grande da Serra. São Bernardo não informou os números. Pouco mais de 10% do total de abrigados entre as sete cidades – cerca de 30 menores – estão aptos à adoção. Isso porque os pequenos só podem ser adotados após a destituição do poder familiar (quando há desvínculo da família de origem) – Lei 12.010/2009 – e, geralmente, os processos do tipo demoram de um até três anos na Justiça.
Especialista defende retorno de república no Grande ABC
A existência de repúblicas destinadas ao acolhimento de jovens que completaram 18 anos e foram obrigados a deixar os abrigos, mas ainda não conquistaram autonomia, é vista como solução para especialistas. O coordenador da comissão da criança e do adolescente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Ariel de Castro Alves, lembra que a única experiência que existiu na região foi observada em São Bernardo entre 2011 e 2013.
“Esses jovens precisam de apoio do poder público para conquistar a sua independência e autonomia. Quando não existe república jovem no município, o que ocorre na prática é o abandono do adolescente”, considera Alves.
A Prefeitura de São Bernardo destacou que o fechamento da república foi em consequência da demanda “mínima” de jovens. Conforme a administração, a Fundação Criança acompanha aqueles que deixam os abrigos e “todos os jovens iniciam a vida profissional por projetos sociais, recebendo um salário mínimo”.
“Esses jovens precisam de apoio do poder público para conquistar a sua independência e autonomia. Quando não existe república jovem no município, o que ocorre na prática é o abandono do adolescente”, considera Alves.
A Prefeitura de São Bernardo destacou que o fechamento da república foi em consequência da demanda “mínima” de jovens. Conforme a administração, a Fundação Criança acompanha aqueles que deixam os abrigos e “todos os jovens iniciam a vida profissional por projetos sociais, recebendo um salário mínimo”.
Original disponível em: https://www.dgabc.com.br/Mobile/Noticia/2711134/jovens-destacam-dificuldades-para-se-manter-apos-deixar-abrigo
Reproduzido por: Lucas H.
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