04.03.2017
Nadine Camelo* Às vezes sentia que não tinha forças, que não era capaz de ultrapassar alguns desafios, e muitas vezes algumas pessoas tentaram me fizer crer nisso e quase me convenceram que não merecia “certos tipos de felicidade”. Pois bem, a vida me mostrou que elas estavam erradas!!
Dez anos de casada e oito deles tentando engravidar.
Passamos (meu marido e eu) por consultas médicas, exames e nada de errado aparecia. Realizei alguns procedimentos e nada acontecia. Meu corpo reagia como se nada estivesse sendo feito. Nunca tive problemas para menstruar, mesmo sem tomar anticoncepcional minha menstruação nunca atrasou um dia sequer. Ovulação perfeitamente normal, quantidade de espermatozoides de meu marido acima do desejável. Tudo perfeito para uma gravidez sadia.
Mas qual era o nosso problema afinal? Foi essa pergunta que fiz ao médico especialista em reprodução humana que nos atendia; e ele, com sabedoria e anos de experiência e simplicidade na resposta, me disse: - "Deus ainda não quis. Ele tem algum propósito para você".
Aquelas palavras ficaram na minha cabeça por alguns dias e meus pensamentos me direcionavam a realização de um sonho antigo, afinal eu sempre tive vontade em adotar.
Minha vontade não era de adotar um bebê e sim uma criança com mais idade, como qualquer criança elas nos dão amor; um amor tão grande quanto aquele amor temos por elas.
Foi então senti minhas forças retornarem, me senti determinada, era isso realmente que eu queria, adotar, ser MÃE.
O médico me orientou que eu poderia continuar “tentando”, realizando mais e mais procedimentos para engravidar, mas eu não sentia mais vontade de outras tentativas de fertilização. Eu sentia vontade mesmo de lutar para ser mãe, de lutar pela adoção.
Foi então que conversei com meu marido e nessa hora percebi que a vontade que ele tinha em adotar era tão grande quanto a minha.
Fui até o fórum de minha cidade para dar entrada ao processo de habitação.
Só que ao mesmo tempo em que iniciamos a nossa batalha em busca de nosso (a) filho (a), iniciamos também a reforma de nossa casa, que também estava em nossa lista de desejos, afinal dava para tocar tudo em paralelo.
Sentamos, fizemos as contas, tínhamos algum dinheiro guardado caso acontecesse algum contratempo nessa reforma, e “bingo”, era possível dar continuidade nos dois maiores sonhos de nossas vidas.
Iniciamos a reforma e, buscando conhecer o “dia a dia” das crianças institucionalizadas, paralelamente fomos visitar alguns abrigos. Afinal, até o término do Processo de Habilitação e a chegada do nosso filho (a), a reforma já teria sido concluída a tempo.
Por intermédio de uma amiga, conhecemos um abrigo em uma cidade vizinha, onde, coincidentemente, existiam crianças com a faixa etária que decidimos na habilitação.
No abrigo conhecemos um casal de irmãos, ele com 10 anos e ela com 8 anos, nos encantamos por eles, até pensamos em apadrinhá-los e, quem sabe, adotá-los, mas, infelizmente não foi possível prosseguir por algumas questões legais e até burocráticas ...
Foi então que comecei a pesquisar na internet sobre a existência de outros abrigos na cidade onde moro e também em cidades vizinhas. Mandei e-mail’s para alguns deles me dispondo a ser voluntária em qualquer tipo de atividade. Seria muito legal conviver
com as crianças, saber como é a vida dentro de uma instituição de acolhimento.
Certo dia, quase 1 mês depois das tentativas de contato, recebi a resposta de uma dessas instituições. Era a coordenadora informando que entrariam em contato comigo, pois havia interesse em voluntários. Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo achando que não me ligariam. Passados alguns dias, quando menos eu esperava, veio a ligação. A coordenadora me convidou para a festinha de Halloween das crianças. E não era aquela festinha que costumam fazer para arrecadar dinheiro, lá, eles também costumam fazer pequenos eventos somente para alegrar o dia das crianças. Pois bem, ficamos “hiper” “mega” felizes pelo convite e no final de semana seguinte fomos para a tão esperada festa.
Chegando lá, fomos recebidos pelas crianças, todas fantasiadas e pareciam felizes; fomos então levados para o local onde estavam os doces, a fogueira e as brincadeiras. Fiquei tão feliz em ver que existem lugares que realmente se importam com aquelas “pessoinhas” que passaram e passam por tantos problemas. Naquele dia a coordenadora me falou que estavam precisando de voluntários para aulas de informática, pois existia uma sala cheia de computadores que foram doados ao abrigo, mas que ficava fechada porque não tinha quem arrumasse e nem quem ensinasse aquelas crianças. Parecia que tudo estava se encaixando como uma luva, pois eu e meu marido trabalhamos na área de tecnologia da informação, e é claro que aceitamos o convite.
Na semana seguinte estávamos lá para iniciar a arrumação na sala dos computadores. Chegando lá, nos deparamos com uma pessoa que já frequentava o abrigo há um tempo e que também estava disposta a dar um jeito na sala, nos computadores e nas aulas de informática. Fizemos então uma linda amizade. Ficamos tão amigos que até hoje sempre nos ajuda com algumas orientações.
Com a nossa nova parceira, consertamos alguns computadores que não ligavam mais, montamos outros que estavam sem algumas peças e assessórios, e na semana seguinte conseguimos iniciar as aulas.
Foi aí que ELA apareceu.
Confesso que no dia da festinha de Halloween não tinha percebido sua presença, pois eram muitas crianças brincando e correndo...
Primeiro começamos a ensinar as crianças mais velhas sobre como montar um computador. Chamamos um menino de 15 anos e começamos a mostrar como fazer e ele também se mostrou interessado em nos ajudar e passar o conhecimento aos demais.
De repente, aparece na porta uma menina, que aparentava ter uns 8 anos. Perguntei se ela queria aprender a montar um computador e ela falou que sim. Deixamos então que ela participasse da aula para aprender e posteriormente passar o conhecimento. Para a minha surpresa essa menininha, mirradinha, magrelinha, que aparentava uns 8 anos, na verdade tinha 12 anos. Aprendeu tudo muito rápido, superando as expectativas. Sempre com um brilho no olhar que me encantava. Não comentei sobre ela com meu marido, nem sobre o brilho que ela tinha/tem no olhar, pois achava que era um encantamento momentâneo.
Na semana seguinte, quando iniciamos as aulas para as crianças, ensinando como ligar um computador, abrir um joguinho, ler o que estava sendo pedido e tal..., comecei a reparar mais NELA, na menina dos olhos que brilhavam. No final de uma das aulas, ela veio até mim e me deu um super abraço... Sabe aquele abraço que faz você desmontar? Pois é ...
Antes que eu dissesse qualquer coisa sobre ela para meu marido, ele surpreendentemente comentou que havia algo diferente nela, no olhar dela. Foi neste momento que não tive mais dúvidas.
No dia seguinte, fui até a coordenação do abrigo e perguntei mais sobre a menininha mirradinha e sobre a história dela. Me falaram que ela quase não tinha visitas da família biológica e que a maioria das crianças do abrigo tinha um primo, tio, irmão que os visitavam, mas ela praticamente não tinha ninguém. Perguntei então qual era o procedimento para o apadrinhamento, e informei que estávamos dispostos a apadrinhá-la. Recebemos todas as orientações e, depois de cumprir as exigências burocráticas e processuais, conseguimos autorização para o apadrinhamento e a para que a levássemos para passar o final de semana em casa.
Mesmo com a reforma não concluída, levamos nossa nova amiguinha para passar o final de semana. Tudo foi perfeito, brincamos, passeamos e nos divertimos muito. E isso se repetiu nos finais de semana seguintes.
Decidimos então pedir ao juiz vara de infância que ela passasse as férias escolares conosco e, na semana seguinte já tínhamos a liberação. Pedi férias no serviço para passar esses dias com ela.
Tudo indo bem, conforme o esperado, houve algumas desobediências que já imaginávamos que iriam aparecer, afinal era uma criança que já estava no abrigo há 3 anos, que não tinha visitas de parentes, que enfrentou situações que muitos adultos não teriam estrutura psicológica para enfrentar... Estávamos decididos a conhecê-la melhor, e orientá-la nos momentos de dificuldade.
Após já termos convivido com ela por algum tempo, resolvemos apresentá-la para a família. Alguns familiares ficaram super felizes e a trataram muito bem, já outros não tiveram o mesmo comportamento sem dar tanta importância para a felicidade que estávamos sentindo.
De quem eu esperava mais apoio agiu com indiferença e preconceito, sendo inconveniente em algumas aproximações com nossa ‘filha’. Este encontro familiar que seria um momento de alegria me deixou triste e “sem chão”, me senti desamparada, depois percebi que tudo dependeria somente de mim e de meu marido e de mais ninguém.
Passadas as férias escolares não conseguimos mais vê-la longe de nós. Antes mesmo de terminar o prazo das férias, fomos até o fórum dar entrada no pedido de guarda provisória, e talvez por ser uma cidade pequena, na semana seguinte conseguimos a audiência na qual nos foi concedida a guarda.
Devido a crise no país, no mês de janeiro de 2016 meu marido ficou sem emprego, um mês e meio em casa, conseguindo outro emprego após o carnaval. Logo após isso, para minha surpresa e desespero, eu fui também demitida do emprego, ficando 3 meses em casa.
Com as dívidas da reforma da casa, ocorreram contratempos que não esperávamos, utilizamos todas as nossas economias. Nossas contas viraram de cabeça para baixo, não estávamos mais conseguindo pagar nossas despesas mensais, pois praticamente tínhamos ficado desempregados quase na mesma época.
Tudo isso acontecendo ao mesmo tempo: casa em reforma, desemprego, falta de dinheiro, uma filha pré-adolescente com alguns traumas de infância. Pensei que iria entrar em depressão ou até mesmo surtar. Mas o fato de ser mãe e de que naquele momento alguém estava dependendo de mim, me fez ter forças pra continuar.
Hoje somos uma família completa, minha filha com 13 anos, carinhosa, inteligente e cheia de vida. Meu marido que enfrentou todas as dificuldades do meu lado, orientando e não deixando a “peteca cair”, e meus 3 filhos de quatro patas.
Sou feliz com a família que construí e mais nada fará com que eu me sinta incapaz. E hoje tenho uma menina linda, que respeita os pais e que nos trás muito orgulho. Se fosse preciso passaríamos por tudo novamente, para continuar a tê-la ao nosso lado e ver o sorriso em seu rosto.
*A autora autorizou a publicação no DIÁRIO DA ADOÇÃO.
Original disponível em: https://www.facebook.com/groups/diariodaadocao/permalink/1345317635529260/
Reproduzido por: Lucas H.
Dez anos de casada e oito deles tentando engravidar.
Passamos (meu marido e eu) por consultas médicas, exames e nada de errado aparecia. Realizei alguns procedimentos e nada acontecia. Meu corpo reagia como se nada estivesse sendo feito. Nunca tive problemas para menstruar, mesmo sem tomar anticoncepcional minha menstruação nunca atrasou um dia sequer. Ovulação perfeitamente normal, quantidade de espermatozoides de meu marido acima do desejável. Tudo perfeito para uma gravidez sadia.
Mas qual era o nosso problema afinal? Foi essa pergunta que fiz ao médico especialista em reprodução humana que nos atendia; e ele, com sabedoria e anos de experiência e simplicidade na resposta, me disse: - "Deus ainda não quis. Ele tem algum propósito para você".
Aquelas palavras ficaram na minha cabeça por alguns dias e meus pensamentos me direcionavam a realização de um sonho antigo, afinal eu sempre tive vontade em adotar.
Minha vontade não era de adotar um bebê e sim uma criança com mais idade, como qualquer criança elas nos dão amor; um amor tão grande quanto aquele amor temos por elas.
Foi então senti minhas forças retornarem, me senti determinada, era isso realmente que eu queria, adotar, ser MÃE.
O médico me orientou que eu poderia continuar “tentando”, realizando mais e mais procedimentos para engravidar, mas eu não sentia mais vontade de outras tentativas de fertilização. Eu sentia vontade mesmo de lutar para ser mãe, de lutar pela adoção.
Foi então que conversei com meu marido e nessa hora percebi que a vontade que ele tinha em adotar era tão grande quanto a minha.
Fui até o fórum de minha cidade para dar entrada ao processo de habitação.
Só que ao mesmo tempo em que iniciamos a nossa batalha em busca de nosso (a) filho (a), iniciamos também a reforma de nossa casa, que também estava em nossa lista de desejos, afinal dava para tocar tudo em paralelo.
Sentamos, fizemos as contas, tínhamos algum dinheiro guardado caso acontecesse algum contratempo nessa reforma, e “bingo”, era possível dar continuidade nos dois maiores sonhos de nossas vidas.
Iniciamos a reforma e, buscando conhecer o “dia a dia” das crianças institucionalizadas, paralelamente fomos visitar alguns abrigos. Afinal, até o término do Processo de Habilitação e a chegada do nosso filho (a), a reforma já teria sido concluída a tempo.
Por intermédio de uma amiga, conhecemos um abrigo em uma cidade vizinha, onde, coincidentemente, existiam crianças com a faixa etária que decidimos na habilitação.
No abrigo conhecemos um casal de irmãos, ele com 10 anos e ela com 8 anos, nos encantamos por eles, até pensamos em apadrinhá-los e, quem sabe, adotá-los, mas, infelizmente não foi possível prosseguir por algumas questões legais e até burocráticas ...
Foi então que comecei a pesquisar na internet sobre a existência de outros abrigos na cidade onde moro e também em cidades vizinhas. Mandei e-mail’s para alguns deles me dispondo a ser voluntária em qualquer tipo de atividade. Seria muito legal conviver
com as crianças, saber como é a vida dentro de uma instituição de acolhimento.
Certo dia, quase 1 mês depois das tentativas de contato, recebi a resposta de uma dessas instituições. Era a coordenadora informando que entrariam em contato comigo, pois havia interesse em voluntários. Fiquei feliz, mas ao mesmo tempo achando que não me ligariam. Passados alguns dias, quando menos eu esperava, veio a ligação. A coordenadora me convidou para a festinha de Halloween das crianças. E não era aquela festinha que costumam fazer para arrecadar dinheiro, lá, eles também costumam fazer pequenos eventos somente para alegrar o dia das crianças. Pois bem, ficamos “hiper” “mega” felizes pelo convite e no final de semana seguinte fomos para a tão esperada festa.
Chegando lá, fomos recebidos pelas crianças, todas fantasiadas e pareciam felizes; fomos então levados para o local onde estavam os doces, a fogueira e as brincadeiras. Fiquei tão feliz em ver que existem lugares que realmente se importam com aquelas “pessoinhas” que passaram e passam por tantos problemas. Naquele dia a coordenadora me falou que estavam precisando de voluntários para aulas de informática, pois existia uma sala cheia de computadores que foram doados ao abrigo, mas que ficava fechada porque não tinha quem arrumasse e nem quem ensinasse aquelas crianças. Parecia que tudo estava se encaixando como uma luva, pois eu e meu marido trabalhamos na área de tecnologia da informação, e é claro que aceitamos o convite.
Na semana seguinte estávamos lá para iniciar a arrumação na sala dos computadores. Chegando lá, nos deparamos com uma pessoa que já frequentava o abrigo há um tempo e que também estava disposta a dar um jeito na sala, nos computadores e nas aulas de informática. Fizemos então uma linda amizade. Ficamos tão amigos que até hoje sempre nos ajuda com algumas orientações.
Com a nossa nova parceira, consertamos alguns computadores que não ligavam mais, montamos outros que estavam sem algumas peças e assessórios, e na semana seguinte conseguimos iniciar as aulas.
Foi aí que ELA apareceu.
Confesso que no dia da festinha de Halloween não tinha percebido sua presença, pois eram muitas crianças brincando e correndo...
Primeiro começamos a ensinar as crianças mais velhas sobre como montar um computador. Chamamos um menino de 15 anos e começamos a mostrar como fazer e ele também se mostrou interessado em nos ajudar e passar o conhecimento aos demais.
De repente, aparece na porta uma menina, que aparentava ter uns 8 anos. Perguntei se ela queria aprender a montar um computador e ela falou que sim. Deixamos então que ela participasse da aula para aprender e posteriormente passar o conhecimento. Para a minha surpresa essa menininha, mirradinha, magrelinha, que aparentava uns 8 anos, na verdade tinha 12 anos. Aprendeu tudo muito rápido, superando as expectativas. Sempre com um brilho no olhar que me encantava. Não comentei sobre ela com meu marido, nem sobre o brilho que ela tinha/tem no olhar, pois achava que era um encantamento momentâneo.
Na semana seguinte, quando iniciamos as aulas para as crianças, ensinando como ligar um computador, abrir um joguinho, ler o que estava sendo pedido e tal..., comecei a reparar mais NELA, na menina dos olhos que brilhavam. No final de uma das aulas, ela veio até mim e me deu um super abraço... Sabe aquele abraço que faz você desmontar? Pois é ...
Antes que eu dissesse qualquer coisa sobre ela para meu marido, ele surpreendentemente comentou que havia algo diferente nela, no olhar dela. Foi neste momento que não tive mais dúvidas.
No dia seguinte, fui até a coordenação do abrigo e perguntei mais sobre a menininha mirradinha e sobre a história dela. Me falaram que ela quase não tinha visitas da família biológica e que a maioria das crianças do abrigo tinha um primo, tio, irmão que os visitavam, mas ela praticamente não tinha ninguém. Perguntei então qual era o procedimento para o apadrinhamento, e informei que estávamos dispostos a apadrinhá-la. Recebemos todas as orientações e, depois de cumprir as exigências burocráticas e processuais, conseguimos autorização para o apadrinhamento e a para que a levássemos para passar o final de semana em casa.
Mesmo com a reforma não concluída, levamos nossa nova amiguinha para passar o final de semana. Tudo foi perfeito, brincamos, passeamos e nos divertimos muito. E isso se repetiu nos finais de semana seguintes.
Decidimos então pedir ao juiz vara de infância que ela passasse as férias escolares conosco e, na semana seguinte já tínhamos a liberação. Pedi férias no serviço para passar esses dias com ela.
Tudo indo bem, conforme o esperado, houve algumas desobediências que já imaginávamos que iriam aparecer, afinal era uma criança que já estava no abrigo há 3 anos, que não tinha visitas de parentes, que enfrentou situações que muitos adultos não teriam estrutura psicológica para enfrentar... Estávamos decididos a conhecê-la melhor, e orientá-la nos momentos de dificuldade.
Após já termos convivido com ela por algum tempo, resolvemos apresentá-la para a família. Alguns familiares ficaram super felizes e a trataram muito bem, já outros não tiveram o mesmo comportamento sem dar tanta importância para a felicidade que estávamos sentindo.
De quem eu esperava mais apoio agiu com indiferença e preconceito, sendo inconveniente em algumas aproximações com nossa ‘filha’. Este encontro familiar que seria um momento de alegria me deixou triste e “sem chão”, me senti desamparada, depois percebi que tudo dependeria somente de mim e de meu marido e de mais ninguém.
Passadas as férias escolares não conseguimos mais vê-la longe de nós. Antes mesmo de terminar o prazo das férias, fomos até o fórum dar entrada no pedido de guarda provisória, e talvez por ser uma cidade pequena, na semana seguinte conseguimos a audiência na qual nos foi concedida a guarda.
Devido a crise no país, no mês de janeiro de 2016 meu marido ficou sem emprego, um mês e meio em casa, conseguindo outro emprego após o carnaval. Logo após isso, para minha surpresa e desespero, eu fui também demitida do emprego, ficando 3 meses em casa.
Com as dívidas da reforma da casa, ocorreram contratempos que não esperávamos, utilizamos todas as nossas economias. Nossas contas viraram de cabeça para baixo, não estávamos mais conseguindo pagar nossas despesas mensais, pois praticamente tínhamos ficado desempregados quase na mesma época.
Tudo isso acontecendo ao mesmo tempo: casa em reforma, desemprego, falta de dinheiro, uma filha pré-adolescente com alguns traumas de infância. Pensei que iria entrar em depressão ou até mesmo surtar. Mas o fato de ser mãe e de que naquele momento alguém estava dependendo de mim, me fez ter forças pra continuar.
Hoje somos uma família completa, minha filha com 13 anos, carinhosa, inteligente e cheia de vida. Meu marido que enfrentou todas as dificuldades do meu lado, orientando e não deixando a “peteca cair”, e meus 3 filhos de quatro patas.
Sou feliz com a família que construí e mais nada fará com que eu me sinta incapaz. E hoje tenho uma menina linda, que respeita os pais e que nos trás muito orgulho. Se fosse preciso passaríamos por tudo novamente, para continuar a tê-la ao nosso lado e ver o sorriso em seu rosto.
*A autora autorizou a publicação no DIÁRIO DA ADOÇÃO.
Original disponível em: https://www.facebook.com/groups/diariodaadocao/permalink/1345317635529260/
Reproduzido por: Lucas H.
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