segunda-feira, 13 de março de 2017

sentimento de exclusão do filho adotivo (Reprodução)

Longas semanas sem postar. Nenhum assunto que fosse digno de abrir o word e deixasse as palavras saírem.
Peço desculpas pelo sumiço, uma vez que prometi que esse ano teríamos uma constância nas postagens. Mas vamos encarar os fatos, esta não sou eu. Não consigo vir aqui, como um robô fazer postagens para vocês se não for sobre um assunto que eu esteja dominando no momento, querendo falar sobre. Seja ele um acontecimento diário ou um novo batom comprado.


Não vou mais fazer promessas que sei que não posso cumprir e espero que me entendam. Prefiro ser transparente, acho que pela primeira vez aqui e dizer que vou postar quando sentir a necessidade de compartilhar algo que realmente me toque, como sempre foi o objetivo desse blog, do que apenas jogar conteúdo sem sentido pra vocês para alimentar o blog e não deixar vocês sem postagens.


Agora são 2 horas da manhã e eu não consegui dormir, de maneira nenhuma. Na verdade faltou tentar meus exercícios de respiração, porém como sei que eles são bem eficazes, preferi vir conversar sobre um assunto com vocês antes que ele morra no meu cérebro, ou pelo menos que demore a aparecer novamente.


Participo de alguns grupos de adoção no facebook de gatos e cachorros. Essa semana uma postagem me chamou muito atenção, não pelo conteúdo do anúncio, que já está mais do que manjado, mas sim, pelos comentários da própria anunciante após algumas indagações nos comentários da postagem.


Acontece que ela estava anunciando uma gatinha idosa, de uns 15 anos para adoção, pois a esposa do tio que era dona da bichinha tinha falecido e o tio que é caminhoneiro, não tinha condições de ficar com ela já que viaja muito.


Até aí agente consegue entender, por mais que se pergunte sobre o resto da família né? Porém ninguém está aqui para julgar ninguém e continuei para os comentários, para entender um pouco melhor o que se passava, pois havia uma longa discussão.
Acontece que a moça informou que o tio é ADOTIVO, filho adotado da avó dela e por isso ela não o conhece direito.


OK. Mais uma vez sem julgamentos, mas não posso mentir e dizer que não se abriu uma feridinha no meu peito, já que inclusive lí que sendo adotivo ele não era da família.
Não vou entrar em detalhes e sim, começar logo a minha discussão: PORQUE MUITOS FAMILIARES TEM DIFICULDADE DE ACEITAR O FILHO ADOTIVO DE ALGUM PARENTE COMO MEMBRO DA FAMÍLIA???????


Gente, eu fico abismada, chocada, seja lá o que for quando começo a pensar sobre isso, porque acabo me colocando nesse mesmo cesto.


As vezes, olhando para trás e até mesmo analisando alguns acontecimentos dentro da família, fico me perguntando se sou acolhida pelos familiares dos meus pais como membro da família hoje. Digo hoje porque quando a gente é criança as pessoas não tem muita escolha entende? Elas acabam sendo obrigadas a conviver e gostar da gente, mas o tempo passa, a criança cresce, adquire personalidade, as vezes BEM FORTE, e os parentes começam a sumir. A criança pode não ter feito nada, mas os parentes somem porque não se sentem mais obrigados a estarem na presença daquele parente que não é parente mesmo.


Talvez não pela criança/adolescente, mas sim pelo simples fato daquela obrigação não ser mais necessária.


Sinto que meus pais são bem excluídos do resto da família, seja meu pai excluído da família dele, quanto minha mãe com alguns familiares dela. Vocês não tem ideia o quanto isso mexe com a cabeça de um filho adotivo. O quanto esse filho se culpa, ou somente se pergunta se ele não é a causa da família não gostar tanto dele ou dos pais.


Assim como isso pode ser só um sentimento, pra nós que passamos por isso, é muito real e muito dolorido. Eu mesma sinto que depois que meus pais falecerem (espero que demorem muitos, MUITOS anos) eu não vou ter mais ninguém além do meu companheiro e meus filhos caso os tenha. Tenho a sensação que não tenho família além dos meus pais.
Será que mais filhos adotivos se sentem assim?


Se você for um filho adotivo, conversa comigo, vamos trocar uma ideia.
Mas era isso, queria comentar minha indignação quanto a ideia de algumas pessoas acharem que filho adotivo é menos parente que um filho biológico. Isso não existe.
Se você pensa assim, sinto muito, você tá perdendo a chance de ter uma família feliz com primos, tios, avós, todos reunidos por causa de preconceito, ou por ser um idiota mesmo.

A gente se sente excluído sim, a gente se sente um intruso sim. 

Imagina você não ser filho biológico dos seus pais e viver com medo de que seus familiares não te aceitam como pessoa/família.

Carga pesada de carregar.
UNIVOS filhos adotivos. Estamos juntos. Love.


Reproduzido por: Lucas H.


Reproduzido por: Lucas H.



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