Silvana do Monte Moreira, advogada, sócia da MLG ADVOGADOS ASSOCIADOS, presidente da Comissão Nacional de Adoção do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família, Diretora de Assuntos Jurídicos da ANGAAD - Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção, Presidente da Comissão de Direitos das Crianças e dos Adolescentes da OAB-RJ, coordenadora de Grupos de Apoio à Adoção. Aqui você encontrará páginas com informações necessárias aos procedimentos de habilitação e de adoção.
24/04/2015 às 08h08
Atualizado em
24/04/2015 às 08h08
Pedro Bial posa ao lado dos convidados do programa, Jô Soares e Sílvio de Abreu (Foto: Paula Paiva / Gshow)
O Na Moral
desta quinta-feira pegou fogo! O programa trouxe à tona temas que deram o
que falar ao longo desses 50 anos de Globo, e fez com que os convidados
refletissem sobre os limites da moral na TV e como estes limites
evoluíram nos últimos anos. “O debate foi bom, esquentou. São temas que
apaixonam a todos e acho que é mais uma vez exemplar da TV Globo de
trazer para a sua própria programação uma discussão que aponta ou
pretende apontar contradições dela própria”, comemora Pedro Bial.
Autor e apresentor repercutem o programa (Foto: Paula Paiva / Gshow)
E o apresentador não foi o único que saiu com a sensação de dever
cumprido. Jô Soares e Sílvio de Abreu Soares – alguns dos convidados
desta quinta-feira – também exaltaram essa edição especial e a
importância de discutir as mudanças ocorridas na sociedade nas últimas
décadas: “É um tema fantástico para ser debatido nas duas áreas, porque
ninguém estabelece essa ou aquela moral. É toda a população”, explica
Jô. Confira os melhores momentos doprograma especial!
Pedro Bial comanda, nesta quinta-feira, o programa especial sobre temas que deram o que falar nas últimas décadas
23/04/2015 | 08h01
Foto:
Estevam Avellar / TV Globo/Divulgação
As comemorações dos 50 anos da Globo continuam esta quinta-feira com um Na Moral
especial (RBS TV, 0h50min). Pedro Bial comanda um debate sobre os
limites da moral na TV nas últimas décadas. Que assuntos deixaram de ser
tabu? Quais paradigmas foram quebrados? O que continua igual?
– É sempre bom aproveitar as chances de falar sobre televisão na
televisão. Ao apontar e rever mudanças nos costumes da sociedade
brasileira, refletidas em 50 anos de programação da Globo, o Na Moral
promoveu uma rica discussão. O espectador vai se surpreender ao ver como
certas coisas mudaram e como a relação com a TV é dinâmica e pessoal –
diz Bial.
Temas que deram o que falar nas últimas décadas serão debatidos por
convidados como o apresentador Jô Soares, o autor de novelas Silvio de
Abreu, a desembargadora Maria Berenice Dias e o pastor Silas Malafaia. O
programa recebe ainda uma família que vai assistir ao debate em tempo
real, de dentro da antiga casa do BBB, e será convidada por Bial a
opinar sobre os assuntos.
Malafaia transforma debate sobre moral na TV em pregação contra gays
Mauricio Stycer
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Em
homenagem aos 50 anos da Globo, o “Na Moral” ganhou uma edição especial
dedicada a discutir como “a moral da época se reflete na TV” e por que
os vilões fascinam tanto os espectadores.
Apresentado por Pedro
Bial, o programa foi ao ar já na madrugada desta sexta-feira (24) – um
horário nada convidativo. A primeira parte do debate, centrada na forma
como a televisão representa os homossexuais, foi um desastre completo. Um
dos convidados, o pastor Silas Malafaia, impediu que o tema fosse
tratado, realmente. Disse que os gays aparecem muito nas novelas porque
os autores são gays e criticou o horário de exibição das tramas.
Como
de hábito, exaltado, procurou pregar sobre a homossexualidade do ponto
de vista religioso e contra a adoção de crianças por casais do mesmo
sexo. A certa altura, para indignação dos demais participantes, comparou
gays a prostitutas.
Os outros convidados, a desembargadora Maria
Berenice Dias, o autor Silvio de Abreu e o apresentador Jô Soares, mal
conseguiram tratar do tema proposto. Uma família de São Cristovão,
apresentada como um modelo familiar típico, também participou do
encontro, de dentro da casa onde ocorre o “BBB”.
Antes de o
programa ir ao ar, Malafaia divulgou um vídeo na internet reclamando que
o debate não havia sido “democrático” porque a produção
teria selecionado três pessoas com posições semelhantes entre si para se
oporem a ele. Durante a exibição, vendo a repercussão de suas falas,
escreveu no Twitter: “A gayzada tá nervosa aqui. kkkkk''. Encerrado o
“Na Moral”, o pastor voltou atrás em sua crítica à emissora: “a Globo
não fez covardia comigo”, anotou em seu perfil na rede social.
Na
verdade, se a intenção era de fato discutir como a moral se modificou ao
longo dos 50 anos da Globo, a escolha dos participantes não foi a
melhor. Quem já assistiu a qualquer entrevista de Malafaia sabe que ele
não debate, apenas repete um mesmo discurso de púlpito – como políticos
em campanha eleitoral.
A segunda parte do programa, sem Malafaia e
Maria Berenice, e com o psicanalista Francisco Daudt e a juíza Andréa
Pachá, tratou do fascínio que o público de novelas sente pelos vilões.
Foi um debate mais civilizado e compreensível, ainda que muito corrido,
como é prática no “Na Moral”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha,
manifestou nesta terça-feira (14) apoio a iniciativas para facilitar e
acelerar processos de adoção no País. Ele esteve reunido com
representantes de entidades de apoio à adoção. Ele assinalou que o
direito de crianças e adolescentes viverem em família deve ser
assegurado pela legislação e por políticas públicas.
Foto: Zeca Ribeiro
Entidades querem mudança no texto do Estatuto da Família
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha, manifestou nesta terça-feira (14) apoio a iniciativas para
facilitar e acelerar processos de adoção no País. Ele esteve reunido com
representantes das associações Quintal de Ana e Aconchego - entidades
de apoio à adoção e ao direito de crianças e adolescentes viverem em
família. As duas entidades integram a Associação Nacional dos Grupos de
Apoio à Adoção (Angaad), que reúne atualmente 130 entidades.
Eduardo Cunha afirmou que espera que a polêmica em torno da adoção
por casais homoafetivos não prejudique a aprovação de mudanças para
desburocratizar os processos de adoção. Ele assinalou que o direito de
crianças e adolescentes viverem em família deve ser assegurado pela
legislação e por políticas públicas. “As leis devem ser pensadas para
facilitar as adoções e não dificultá-las”.
A representante do Quintal de Ana no Rio de Janeiro, Bárbara Toledo,
explicou ao presidente da Câmara que a principal preocupação dos grupos
de apoio à adoção é a mudança no trecho do texto do Estatuto da Família
(Projeto de Lei 6583/13) que estabelece o conceito de família. O texto
define família como “o núcleo social formado a partir da união entre um
homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por
comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”.
Ela argumenta que, se for aprovado como está, o texto acabará
reforçando o preconceito contra núcleos familiares com filhos adotivos.
Os grupos de apoio à adoção, segundo ela, quer que esses núcleos estejam
explícitos no conceito de família do estatuto.
Eduardo Cunha sugeriu às representantes das duas entidades que
discutam a proposta de mudança no texto com o relator do projeto,
deputado Diego Garcia (PHS-PR), e acompanhem os debates da comissão
especial para esclarecer os objetivos da mudança proposta.
Além de Bárbara Toledo, participaram da reunião, organizada pela
deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), Carla Kobori e Soraya Rodrigues
Pereira, da instituição Aconchego de Brasília.
postado em 10/04/2015 10:36
/ atualizado em 10/04/2015 10:53
Sandra Kiefer
A
Corregedoria-Geral de Justiça de Minas Gerais vai analisar série de
denúncias contra o Juizado da Infância e da Juventude de Barbacena, na
Região Central de Minas, comandado pelo juiz titular Joaquim Martins
Gamonal. Ele e sua equipe são acusados por advogados, mães e
representantes da organização não governamental Comissão de Direitos
Humanos e Ética de Barbacena (Codhe), entidade ligada à Igreja Católica,
de retirar bebês das mães, alguns dentro da maternidade, e entregar a
famílias adotivas, sem o devido processo legal e o conhecimento dessas
mulheres. O presidente da comissão, Luciano Avlis Marioley, vai
solicitar abertura de CPI sobre o caso à Assembleia Legislativa. O juiz
nega irregularidades.
Pelo menos três mães
oficializaram as queixas, anexando detalhes e documentos de cada caso. A
representação, de número 0000217605201516, foi protocolada na
Corregedoria-Geral de Justiça de Minas. Segundo o juiz auxiliar Bruno
Teixeira Lino, a apuração ficará a cargo de Soraya Lauar, juíza auxiliar
da Zona da Mata mineira, que está fora esta semana, viajando a serviço
do órgão.
Em pelo menos um deles, Gamonal foi obrigado a reverter
a adoção e devolver a criança à mãe, em cumprimento ao acórdão do
Tribunal de Justiça, que julgou a ilegalidade do processo. Há também
relato de duas adolescentes que, abrigadas na Casa de Acolhimento de
Barbacena, não apenas conseguiram engravidar estando sob a proteção do
Juizado local, como ainda perderam seus bebês por decisão do tribunal.
Em comum entre todas as histórias, está o fato de que as mães são de
origem humilde, que alegam não ter tido chance de se defender em devido
processo legal. Segundo a lei, só poderão perder a guarda das crianças
as famílias com comprovada trajetória de maus tratos, abuso sexual,
negligência ou abandono.
Um dos depoimentos mais incomuns
listados na Corregedoria é o de uma ex-interna da Casa de Passagem de
Barbacena. A adolescente A. de 17 anos, que deveria estar agora sob a
proteção do Juizado da Infância e da Juventude, afirma que já engravidou
duas vezes no abrigo e teve os filhos retirados pelo juiz. No segundo
caso, o filho J.G. teria sido levado logo depois do parto. “Não sei como
é o rosto do meu filho. Só vi meu bebê no parto, quando estavam
limpando ele”, lamenta a jovem mãe.
Passados mais de 90 dias do
nascimento, em 17 de janeiro, o berço continua vazio. O enxoval está
pronto, o quartinho está ganho no Minha casa, minha vida e até os
recursos financeiros para cuidar do bebê estão garantidos. Apesar da
pouca idade, A. tem responsabilidade suficiente para depositar na
poupança, todo mês, R$ 300 da pensão alimentícia deixada pelo pai. Só
falta mesmo receber o bebê, que nasceu na Santa Casa de Barbacena. O
Estado de Minas e TV Alterosa tiveram acesso ao relatório interno do
hospital, que a própria mãe nunca viu, onde consta que “RN
(recém-nascido) está com sua mãe adotiva; Juizado está ciente”.
No
relatório consta que o bebê saiu às 13h15 do dia seguinte da
maternidade, quando começou a angústia da equipe de profissionais de
saúde da Santa Casa, que se recusam a dar a notícia à mãe biológica. Em
um dos trechos, pode-se ler que “solicitam que o hospital através do
serviço de psicologia assuma a responsabilidade de contar para a
paciente que seu RN foi retirado e que foi para a adoção. Questiono e
pontuo qual o motivo pelo qual não seria dado à mãe a oportunidade de
tentar cuidar deste filho e ainda, se não fariam contato com familiares
para verificarem essa possibilidade. Sendo assim, faço a intervenção de
que esta conduta não é nossa e que não assumiria tal fato”.
Perguntado
sobre o paradeiro do bebê, o juiz Gamonal afirma que o caso em questão
não é dele e que seguiu ordens da promotoria, mas que “faria exatamente a
mesma coisa” como titular da Vara da Infância e da Juventude. Em
entrevista à TV Alterosa, ele tenta justificar dizendo que a jovem é
portadora de dificuldade de aprendizado, além de não ter parentes
próximos capazes de se responsabilizarem por ela. No processo, porém,
não consta o laudo de insanidade mental da mãe. Segundo uma fonte, ainda
que fosse verdade, por si só a doença mental de uma mãe não é motivo
para perda da guarda, o que só ocorre em casos comprovados de usuários
de drogas, abusadores sexuais, violência doméstica ou de abandono.
TJ devolveu criança à mãe biológica Essa
não é a primeira denúncia de retirada ilegal de bebês em Barbacena, com
o envio da criança diretamente para a família adotiva, sem autorização
da mãe biológica. Em setembro de 2009, o sexto filho da babá G. foi
levado da maternidade. A mãe descobriu que o bebê estava no abrigo de
Barbacena e ficou ao lado do filho, amamentando. Depois de meses, o
menino foi tomado da mãe e entregue em adoção a um casal, que mora no
condomínio Vale das Andorinhas, onde reside o juiz Gamonal.
Ela
perdeu a guarda do menino depois de uma denúncia anônima que, sem provas
concretas, dizia que ela se preparava para vendê-lo filho a um casal do
Rio de Janeiro. “Nunca contei isso a ninguém, mas agora vou dizer que
jamais daria meu filho para adoção, porque eu mesma fui adotada e até
hoje busco o carinho dessa mãe que me criou. Faço de tudo para ela ter
orgulho de mim, mas não sou correspondida”, desabafa.
A mãe
contratou diversos advogados até chegar ao escritório de um profissional
especializado em direito de família, que pede para não ser identificado
porque alega ter sofrido represálias do Juizado. Ele conseguiu reverter
a adoção, impetrando habeas corpus para reaver o bebê, que ficou cinco
meses com os candidatos a pais adotivos. “O juiz tomou a criança da mãe e
entregou a um casal que não podia ter filhos antes mesmo de abrir
inquérito policial para apurar o caso”, diz o advogado. O processo
transitou em julgado no Tribunal de Justiça, que reconheceu a
ilegalidade da adoção, “com a retirada de um bebê do seio da família
biológica com base em denúncia anônima não apurada – e sem o
contraditório e devido processo legal”.
“Não foi ajuizada ação
que viesse a apurar a denúncia anônima posta contra os pais biológicos
da criança – que foi colocada em família substituta sem que os fatos
denunciados fossem, portanto, regularmente apurados. (...) Não foi
sequer ajuizado pedido de tutela, adoção ou de perda do poder familiar
os pais biológicos”, manifesta o texto do acórdão. O relator
desembargador do TJ-MG, Wander Marotta, finaliza a sentença,
determinando que a situação fosse “revertida para evitar maiores danos a
todos os envolvidos”.
O bebê voltou para a casa da mãe, que mora
em um bairro humilde de Barbacena. Passados mais de quatro anos,
tornou-se um garoto bonito e saudável, do tipo que dá trabalho dobrado
para G. “Se já criei cinco filhos, por que não iria criar seis? Não
tenho luxo, mas nunca deixei faltar nada para eles. Meu filho é falador,
bagunceiro e muito carinhoso, principalmente comigo. Ele fica repetindo
toda hora para mim: ‘Mãe, eu te amo!’”, conta a mãe, orgulhosa.
O
procedimento irregular provocou um trauma também para a família
candidata a adotar o bebê. Depois de cuidar do bebê por cinco meses, o
pai adotivo entrou em desespero quando a criança teve de ser devolvida à
família biológica, por ordem do T J. “No nosso caso, a Justiça errou
desde o início ao não avisar sobre a situação real do bebê”, critica o
rapaz. Ele e a esposa receberam depois outro bebê.
Família ainda espera justiça Outro
caso denunciado é o do menino A. L., que deve estar agora com 4 anos e
foi encaminhado para adoção a terceiros, apesar de ser alvo de disputa
na família extensa para decidir quem iria ficar com ele. Moradores de
Barbacena, os tios Olímpio Coelho dos Santos, de 57 anos, e Sebastiana
Isabel de Oliveira, além de uma prima (que prefere o anonimato) tentaram
obter na Justiça a guarda do menino.
Apesar da insistência,
ninguém da família de origem – que deveria ter prioridade na adoção,
segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente - conseguiu ficar com o
bebê. “Já vai inteirar dois anos (o processo) e o juiz não dá nenhuma
satisfação. O termo dele é que está em segredo de Justiça, fechado a
sete chaves e só ele tem o segredo”, denuncia Olímpio, que é funcionário
público aposentado e tem condições financeiras para assumir a guarda do
garotinho. A mulher dele, que não quer ser identificada, chegou a
conduzir por conta própria, uma investigação na cidade, para tentar
descobrir o paradeiro da criança. “Combinei com meu marido que iria
colocar o menino como dependente no plano de saúde e também conversei na
escola onde meus filhos estudaram para fazer a matrícula”, diz.
“Imagino
que o neném já deve ter criado laços com a nova família adotiva e, se
for para ele sofrer, não o quero de volta. Só quero Justiça”, afirma a
tia. “Tentei falar com o juiz Gamonal, mas ele disse que tia não é
parente e que não conseguiria o menino nem que entrasse na fila da
adoção”, completa Sebastiana.
Perguntado sobre o caso, Gamonal se
defende, dizendo que os pais de A.L estiveram no Juizado da Infância e
da Juventude para entregar a criança e ainda pediram que o bebê fosse
entregue a uma família de fora de Barbacena: “Estou há 20 anos em
Barbacena e, se eu ficar mais 200, nunca vai ter nenhum problema de
desonestidade, de abuso. Todos esses casos eu sei de cabeça nome de pai,
de mãe, de criança. Não vou falar porque é segredo de Justiça. Se
estiver sendo acusado formalmente pela comissão, pelo CNJ, pela
corregedoria, esses casos serão abertos e eles vão verificar o que
aconteceu”.
Fora do cadastro, crianças completam 18 anos nos abrigos, sem chance de adoção
Foto:
Lauro Alves / Agencia RBS
Aos nove anos, uma menina que vive em um abrigo de
Porto Alegre teve a família biológica julgada pela Justiça como sem
condições de criá-la. Com a decisão, ela foi oficialmente tirada dos
familiares e passou a ser filha do Estado, que deveria encaminhá-la à adoção.
O Judiciário, entretanto, nunca teria incluído seu nome no sistema,
e ela teve de comemorar o aniversário de 17 anos na instituição, sem ter
a chance de ganhar novos pais.
A situação da garota não seria exceção na Capital: além dela, outras 39 crianças e adolescentes
que vivem nessas casas e foram destituídos do poder familiar figuram
fora do Cadastro Nacional de Adoção, segundo levantamento do Ministério
Público (MP). Sem o nome no sistema, essas crianças não existem para os 33 mil candidatos a pais adotivos atualmente no país e são condenadas a crescer nos abrigos.
A falha no cadastro foi detectada
no segundo semestre de 2014, quando o MP apontou a não inclusão de 129
crianças e adolescentes no sistema — número equivalente a 10% do total
de abrigados em Porto Alegre. À época, a Justiça se comprometeu com a
inclusão de todos os nomes apontados até o final de setembro.
Seis
meses depois, uma nova pesquisa do MP mostrou que 40 acolhidos ainda
seguem fora do cadastro. Em nota, a Justiça afirmou que desconhece o
problema apontado pelo MP e que “os encaminhamentos solicitados em
setembro pelo órgão ministerial foram devidamente cumpridos”.
Ainda
em nota, o Judiciário informou que não recebeu nenhum requerimento do
MP pedindo providências sobre esses nomes, mas que a Corregedoria-Geral
da Justiça abriu um expediente para apurar “se há e quais são as
crianças e adolescentes que estariam fora do cadastro”. O órgão também
acrescentou que, desde a implantação do cadastro, “realiza cursos aos
servidores e atualiza os magistrados sobre a matéria”, sendo constante a
cobrança para o uso efetivo do sistema.
Crianças não foram incluídas por estarem "fora do perfil desejado"
A
situação relatada pelo MP é tratada como descaso com as crianças
por Maria Rosi Marx Prigol, presidente do Instituto Amigos de Lucas,
organização de apoio à adoção em Porto Alegre.
— Quanto maior a demora na atualização do cadastro, menos chances
essas crianças têm de conseguirem pais adotivos, já que a preferência é
por crianças pequenas — argumenta.
Mesmo assim, 35% dos candidatos a pais habilitados atualmente no
Cadastro Nacional de Adoção aceitam filhos com mais de quatro anos, o
que reforça a necessidade de inclusão de todos os nomes, conforme Maria
Rosi.
Mutirão deve diminuir permanência de crianças em abrigos RS recebe sistema eletrônico que pode agilizar adoções No
ano passado, a Corregedoria-Geral da Justiça afirmou que a falha no
cadastro aconteceu devido a “um entendimento pelo não cadastramento” da
equipe técnica da época, anterior à lei que inseriu a obrigatoriedade do
cadastramento, em 2009. A justificativa era de que havia “casos de
situações de crianças com faixa etária fora do perfil desejado ou com graves problemas de saúde”.
— Todos os destituídos do poder familiar têm o direito de estarem no
cadastro de adoção, independentemente da idade ou da condição de saúde.
Não cabe ao Judiciário decidir se os pais vão querer adotar ou não, os
nomes têm de estar lá para serem consultados — reclama Rosi.
A vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFam), Maria Berenice Dias, denuncia ainda que a demora pela atualização do cadastro não atinge apenas as crianças, mas também os candidatos a pais.
— Tenho clientes que estão há dois anos esperando pela habilitação
para a adoção, enquanto as crianças ficam lá nos abrigos, escondidas —
lamenta.
— Quando o cadastro não é atualizado, as crianças e os
candidatos a pais ficam esperando, o que os entristece e desmotiva. Além
disso, as condições dos abrigos são péssimas, enquanto esses casais
estão ansiosos para oferecer amor e conforto às crianças — conclui Maria
Berenice.
O umbigo é a cicatriz
resultante da queda fisiológica (natural) do cordão umbilical, e costuma manifestar-se como uma
depressão na pele. A
palavra umbigo tem sua origem no latimumbilīcus, diminutivo de umbo, com o sentido de
saliência arredondada em uma superfície;
foi escrita pela primeira vez em um documento oficial em 1563.[1]
Sobre o umbigo alguns pensadores
escreveram:
O egoísta costuma viver em torno do próprio umbigo,
quando cai, tonto pelo próprio egoísmo, sempre há alguém diferente dele para
confortá-lo. Humberto
Rocha
Você apenas conhece seu verdadeiro amigo; quando a
água passa da altura do umbigo. Artur dos
Santos Saldanha
Há pessoas que transformam o azul em cinza. Que só
olham para o próprio umbigo. Que não são capazes de um gesto de gentileza. Que
tem olhos de inveja. Que pensam que são muito melhores do que são. Que não dão
valor ao trabalho. Que não tem uma palavra de elogio ao próximo. Há pessoas que
vieram ao Mundo achando que são seu Centro. E por isso dão valor ao acessório,
nunca ao principal! Jorge
Rodini
O mundo não gira ao seu redor, então olhe outra
coisa em sua volta sem ser o seu umbigo. Moyoko
Não parei para ver a
fonte[2],
afinal, não tem cunho científico o que passo a escrever nem será fonte de
pesquisa para quem quer que seja. Resolvi escrever sobre o umbigo, o seu, o
meu, o nosso, o umbigo do mundo.
Estamos em um absoluto
momento de crise. A crise é política, econômica, moral, social, pessoal, crise
dentro da crise, crise da crise.
Alguns olham apenas e
tão somente para o próprio umbigo. Sinceramente não sei qual atração exerce
essa pequena cicatriz, às vezes feia, no meio da barriga. Atualmente, em função
do peso, quase não vejo o meu umbigo, mas, nunca tive atração por ele, mesmo
nos auge dos meus saudosos 50 quilos.
Aqueles que são aficionados
pelo próprio umbigo ficam incomodados por aqueles que veem alem do próprio, e,
pior, tentam fazer algo que saia da acomodação da contemplação da pequena
cicatriz.
O que pode ser melhor
para os contempladores do próprio umbigo do que nada fazer? Se nada faz, nada
incomoda, nada interfere, nada muda. Só não dá para entender a raiva nutrida
por quem faz ou tenta fazer algo. Não fiz psicologia, não consigo analisar os
aspectos freudianos, lacanianos, rogerianos ou outros tantos envolvidos na
personalidade dos umbiguistas.
Tratando da questão
pessoal: é chato falar de adoção? É chato tratar do Estatuto da Família? É
chato ser militante, ativista? Simples! Não siga, não compartilhe, desfaça a
tal amizade virtual.
O mundo é tão simples,
por qual razão tanta discórdia, negativismo. Picardia?
Não é o número de amigos
no Facebook ou de seguidores no Twitter que fazem o mundo real e sim o trabalho
de cada dia, a labuta, a dedicação, a leitura, o estudo, os amigos reais com
quem compartilhamos a vida fora do computador, do tablet, do celular.
As redes sociais são
validas, e como são. Através das redes sociais podemos mudar o mundo, ou ao
menor tentar mudar e ter a consciência de que tentamos.
Somos seres de carne e
osso, também seres virtuais, vivendo em mundos que oscilam. Uns conseguem ser o
que são em todos os planos, pois, no virtual somos todos iguais sem títulos,
méritos, classes sociais. Somos login e senha e pronto.
Sou contra os que perseguem
as amizades alheias, os que têm fixações específicas em pessoas, cargos e
títulos. Entendo que as redes sociais servem para unir os que estão longe,
divertir, servem também a causas sociais, a mudanças e movimentos políticos.
Nunca fui boa em ficar
calada. Já fui mais ativista, confesso, até já escrevi sobre a fase de
estudante onde escutava a Radio Tirana,falando
diretamente da Albânia para o Brasil, com programas noticiosos sobre as forças
guerrilheiras que lutavam contra os usurpadores do poder. Arrependimentos? Não
tenho e espero nunca ter. Faria tudo de novo, picharia muros com palavras de
ordem, compareceria ao DCE para bolar movimentos pela “constituinte livre,
nacional e soberana”, literalmente não mudaria nada do que fiz.
Assim, continuarei a não olhar para o meu próprio umbigo, não me
incomoda os que o fazem, que continuem umbiguistas de carteirinha, quanto a mim,
continuarei a ser o que sou ativista, inconformada, enchendo a paciência dos
que assim permitem e aceitam.
É sempre o eterno problema de não sabermos
conviver com a verdade de que somos diferentes uns dos outros; e, por
isso mesmo, solitários, mas nem por isso não solidários.
Aqueles que entendem que as diferenças entre as
pessoas são maiores do que as que nos ensinaram a ver, desenvolvem uma atitude
de real
tolerância diante de pontos de vista variados a respeito de
quase tudo e de quase todos. Somos todos diferentes, os que apenas olham e os
que fazem, mas isso não nos torna melhor ou pior, apenas diferentes.
É preciso que deixemos de nos sentir pessoalmente
ofendidos pelas diferenças de opinião e de atitudes, para que possamos enxergar
o outro com objetividade, como um ser à parte, independente de nós, além do
nosso próprio umbigo.
Quando nos colocamos no lugar do outro, quando
assumimos o papel do outro, tentamos penetrar na alma impenetrável, na vida que
não vivemos, nas dores que não sentimos, é a tentativa de compreensão entre os
seres ditos humanos.
Então vamos combinar assim: você continua a olhar
para o seu umbigo, criando em volta dele o seu mundo, eu continuarei a procurar
mudar o que entendo errado, mesmo que não mude nunca. Continuarei a ser chata,
mas nunca omissa.
Se o meu eu te incomoda, afaste-se dele, é tão
fácil. Se a militância em prol de todas as famílias para você é ridícula, não
lute, se a causa da adoção não lhe interessa ou não mais lhe interessa, não
faça parte dessa luta. Estamos todos a um clique de “desfazer amizade”, “bloquear”,
“deixar de seguir”, amizades em época em que o virtual suplanta o real
esvaem-se em um clique.
Não tentem, umbiguistas, impor a todos o padrão egocêntrico
e egoístico de ver o mundo.
A movimentação é coletivo, é o coletivo que luta
por melhores leis, por leis justas para todos e não para um ou outro.
Continuarei a lutar #emdefesadetodasasfamilias e
contra toda e qualquer forma de discriminação.
Não sou melhor nem pior, só não sei ficar parada
enquanto ao meu redor atrocidades tendem a ser praticadas por omissão de quem
deveria se movimentar.
Então, era esse o umbigo que precisava sair da
minha garganta.