segunda-feira, 13 de julho de 2015

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EM DOIS MESES, DUAS CRIANÇAS FORAM ABANDONADAS EM SUZANO
06/07/2015
Do G1 Mogi das Cruzes e Suzano, com informações da TV Diário
Juiz explica que abandono de incapaz é crime. Crianças e adolescentes esperam por adoção em abrigos do Alto Tietê.
Em dois meses, dois bebês foram abandonados em Suzano. Esta atitude é crime e a mãe pode ser presa. Ao contrário do abandono, a adoção é a alternativa mais viável para que a criança receba uma família.
"Uma família para mim teria que ser assim, você tem que ter alguém para te aconselhar, cuidar de você e estar sempre ali do teu lado. Te dando amor e carinho. É tudo o que uma criança precisa". O relato é de uma menina de 14 anos que foi tirada do convívio dos pais por violência, ainda quando pequena. Atualmente ela espera adoção.
Segundo pesquisa do Conselho Nacional do Ministério Público, mais de 80% dos encaminhamentos de crianças e adolescentes para abrigos estão relacionados com a dependência química dos pais, principalmente do crack.
A gestora da Casa da Criança de Itaquaquecetuba diz que grande parte dos pais que abandonam os filhos tem mesmo algum envolvimento com drogas, além de apresentar outros motivos. "São famílias envolvidas com uso de álcool e drogas, famílias que não conseguem aderir aos tratamentos e vivem em situação de rua e que não conseguem cuidar de uma criança", conta Maildes Ferreira de Holanda.
Atualmente a instituição atende 19 crianças e adolescentes. Destes, 40% foram abandonados. O abrigo acolhe crianças desde os cinco meses até jovens de 17 anos, que podem ficar no local até os 18, dependendo do caso.
"A Casa acolhe, num primeiro momento, na tentativa do retorno da criança para a família. Ao mesmo tempo providenciamos tudo na questão da saúde e educação, que muitas vezes a criança chega defasada no ensino, incluindo a profissionalização. Não conseguindo incluir essa criança no ambiente familiar da sua família biológica, a gente faz a tentativa com os tios e avós. Não conseguindo, vai para uma lista de adoção", comenta Maildes.
Muitos chegam até os abrigos por meio dos conselhos tutelares, que adota diversas providências. "Além de tudo é efetuar o boletim de ocorrência e imediatamente informar ao Ministério Público. Ao mesmo tempo, essa criança é levada para um abrigo em caráter emergencial", explica a presidente do Conselho Tutelar de Suzano, Gilvania de Faro Teles.
Em 2014 o conselho tutelar de Suzano fez 9 mil atendimentos, destes pelo menos 70 foram casos de abandono. Este ano, ainda não foi feito um levantamento.
Um bebê, de cerca de 15 dias, foi abandonado no mês passado em frente a uma escola municipal que fica no Jardim Europa, em Suzano. A criança estava enrolada em uma manta branca dentro de um saco plástico. A Polícia Militar socorreu o bebê, que foi levado para a Santa Casa de Suzano onde recebeu cuidados.
Agora a criança está em um abrigo. Em maio um outro bebê de aproximadamente sete dias também tinha sido abandonado, no Jardim Colorado, e foi levado a uma instituição.
Casos como este não são comuns em Mogi das Cruzes, segundo o juiz da Vara da Infância e Juventude da cidade, Gióia Perini. Ele reforça ainda que o abandono de incapaz é crime e que a pena pode chegar até três anos de detenção. "Uma mãe que não deseje a criança, mas queira levar a gravidez até o fim, pode procurar o Fórum e o Conselho Tutelar para manifestar esse desejo que o caso será encaminhado e nós analisaremos. Entregar o filho para uma família também não é correto. Existem muitas pessoas aguardando a adoção. Quem não quiser respeitar o cadastro de adoção pode sofrer uma consequência traumática para a criança. A Justiça descobrindo que não são os pais legítimos e que burlaram o cadastro de adoção, o juíz expede o mandado de busca e apreensão da criança, entra na residência da pessoa e ela pode ser retirada da família."
As varas da infância e juventude dos municípios é que podem prestar o atendimento às gestantes e mães. De acordo com o Cadastro Nacional de adoção, 5,7 mil crianças precisam de uma nova família. Os menores atendidos na casa da criança, em Itaquaquecetuba, ficam lá, geralmente, até os 18 anos. Eles só são liberados quando têm condições financeiras e psicológicas para cuidar da própria vida.
http://g1.globo.com/…/em-dois-meses-duas-criancas-foram-aba…

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