segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Família é família, não importa a composição (Reprodução)

16 de janeiro de 2017

A chegada de uma criança em um lar é sempre motivo de alegrias. E aí não importa se foi uma gestação biológica ou se o pequeno veio por meio da adoção. A intensidade de sentimentos é gigantesca.

Que diga Doc, a personagem principal da série Doutora Brinquedos. Em episódios especiais que estão sendo exibidos no canal Disney Junior, ela tem vivido a ansiedade pela chegada de um bebê adotivo, que irá completar a família formada pelo seu pai, sua mãe e ainda seu irmão Dony.
Enquanto o bebê não chega, Doc aprende a lidar com a situação usando uma boneca que foi presente de seus pais. Os McStuffins são a típica familia feliz, que decide dar um passo a mais e trazer uma nova criança para casa, oferecendo um lar, aconchego, suporte e muito carinho.

Mas quem disse só essa formação funciona? Conheça histórias de pessoas incríveis que fogem do tradicional e mostram que a adoção deu um novo sentido às suas vidas. E que, para ser uma família de verdade, o importante é ter amor.

Um novo sentido para a vida
Desde a juventude, a secretária Ana Paula Couto (foto acima), 38 anos, de Porto Alegre (RS), desejava adotar uma criança. Consciente da sua vontade, ela aguardou o momento certo para encarar a adoção independente, ou seja, sem a presença de um cônjuge.

“Sempre deixei claro que desejava ser mãe. Foi uma decisão segura, cercada de planejamento e muito amor”, frisa. Enquanto aguardava na fila de adoção, ela foi se preparando para a chegada, estruturando sua vida.

“Tudo que eu fazia incluía a possibilidade dele chegar naquele exato momento. Foram viagens, estudos, compra de carro, melhorias na casa. Ele estava incluso em tudo, apesar de ainda não estar fisicamente comigo”, conta Ana Paula.

Depois de 4 anos, Othavio, um bebê prematuro, chegou à sua vida. “No dia 27 de agosto de 2015, às 14h12, recebi meu filho pesando menos de 2 kg. Abraçada naquele pequeno ser que deu sentido e vida a mim, chorei por 40 minutos agradecendo a Deus pelo fim da espera e pelo nosso reencontro neste plano”, lembra-se.

O fato de ser solteira não é um problema para Ana Paula. Mas a questão racial, já que o menino é negro, ainda chama a atenção das pessoas.

“Ninguém pergunta se meu filho veio por adoção, mas perguntam se o pai dele ou meu marido é negro. Já chegaram ao absurdo de perguntar se não tinha uma criança branca para mim. É muito triste ver que a sociedade se preocupa em questionar a cor dos genitores e não em contemplar a felicidade do meu filho”, lamenta a mãe.

Feliz, ela se esforça para mostrar ao pequeno como lidar com isso. “Ele será esclarecido para entender de que, independentemente da sua cor de pele, de ter se tornado filho pela adoção e de não ter um pai, poderá ser um ser humano com valores, afetivo, seguro e que buscará a sua felicidade e de quem ele amar, sendo um agente real da transformação da sociedade”, afirma Ana Paula. Alguém duvida?

Um sonho antigo
“Escolhemos adotar uma criança pelo desejo muito forte de formar uma família”. É assim que o jornalista Jorge Luiz Brasil (abaixo, à esquerda) explica por que ele e o companheiro, o farmacêutico Walter do Patrocínio, de Niterói (RJ), fizeram a escolha.

O desejo surgiu há 13 anos, mas à época precisou ser deixado de lado. Em 2013, porém, a vontade antiga ressurgiu e eles encararam o processo de adoção.

“Sabíamos que um bebê seria complicado para nós dois. Então, pensamos numa criança entre 2 e 4 anos”, conta Jorge. Mas a vida nem sempre anda conforme a gente planeja, né? E aí, Jorge e Walter se depararam com Arthur, um menino de 6 anos que vivia em Natal (RN).

“Durante o processo de habilitação nos vinculamos à ONG Quintal de Ana e nos interessamos por um menino chamado Patrick, mas descobrimos que ele já estava sendo adotado por uma família de Niterói também. No mesmo abrigo, vivia um garoto da mesma idade, o Suênio. Pegamos mais informações sobre ele e acabamos por adotá-lo. E hoje o Suênio é o nosso Arthur e mantém amizade com o Patrick”, conta.

A adaptação, porém, exigiu um pouquinho de paciência de Jorge e Walter. Arthur era muito agitado, não se adaptou à primeira escola e até tentou fugir. “Mas respiramos fundo e tentamos fazer com que se sentisse mais seguro e confiante. Uma semana depois ele estava mais calmo e feliz. E começou naturalmente a nos chamar de pai”, conta Jorge.

Aliás, é assim que ele chama os dois pais, sem distinção. “Tudo foi falado abertamente com ele. E a adoção só foi à frente quando tivemos certeza de que ele poderia lidar com isso”, esclarece Jorge.
Prestes a completar 9 anos, Arthur é o centro das atenções e transformou a vida do casal. “Não consigo mais me lembrar como era a nossa vida sem ele. Arthur é o ar que respiramos, é o que faz nossos corações continuarem batendo e o que nos move a levantar da cama todos os dias para poder amá-lo”, finaliza.

Muita vontade de serem mães
Monica Drumond e Jeanne Tostes Drumond, de Lagoa Santa (MG), estavam juntas há 8 anos quando surgiu o desejo de serem mães. Já histerectomizadas, viram na adoção uma maneira de completar a família. Assim, iniciaram o processo de adoção, sem nenhuma preferência de raça, idade ou sexo.

Foi por conta disso que receberam Giovanna, hoje com 3 anos e 4 meses, que chegou recém-nascida. Depois, encararam novamente a fila até receberam a Lorena, na época com 9 meses (agora, a menina tem 1 ano e 3 meses).

“A Justiça é muito cautelosa. No nosso caso, o processo de nascimento das meninas em nossas vidas aconteceu rapidamente, mas o da Justiça ainda caminha”, conta Monica. Conscientes e muito felizes com a escolha, ela relata que a adaptação foi tranquila.

“A emoção e a alegria não deram espaço para outro sentimento que não fosse paixão pelas nossas filhas”, afirma. Já a ansiedade e preocupações são a de qualquer mãe de primeira viagem. “Na primeira noite da Giovanna, ela dormiu direto e eu e a Jeanne ficamos até o dia amanhecer acompanhando o sono e nos certificando de que ela respirava”, comenta.

Sobre lidar com o fato das meninas terem duas mães, Monica não vê nenhum problema e não sofre nenhum tipo de preconceito. Pelo contrário, sente-se uma família muito querida, aceita e respeitada onde vivem. Isso é fundamental para dar segurança às meninas e criá-las da melhor maneira possível.
“Pensamos em dar a elas todos os valores e referências para que sejam pessoas do bem, que no futuro construam as suas vidas profissionais e afetivas com qualidade, e continuem mudando a vida das gerações que virão a partir da nossa, com todo o nosso amor, respeito, cuidado e proteção”, finaliza Monica.

Original disponível em: http://disneybabble.uol.com.br/br/familia/familia-e-familia-nao-importa-composicao

Reproduzido por: Lucas H.

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