quinta-feira, 31 de maio de 2012

"Não fiz caridade, só quis ter um filho", diz Astrid Fontenelle


29/05/2012 - 08h01 "Não fiz caridade, só quis ter um filho", diz Astrid Fontenelle JULIANA VINES DE SÃO PAULO Astrid Fontenelle, 51, apresentadora de TV, adotou Gabriel, 3, em 2008 quando ele tinha 40 dias. O processo de adoção demorou 10 meses. Em depoimento, Astrid diz que sofre preconceito por parte da mídia e que não quis fazer caridade quando resolveu adotar uma criança. "Sinto preconceito principalmente por parte da mídia. Em toda matéria que eu apareço com o meu filho, está no título: Astrid e seu filho adotivo passeiam no shopping. Já 'causei' por causa desses títulos. Não tem porquê dizer que ele é adotado nessas situações. Eu estou na praia, no aniversário de fulano de tal, é irrelevante saber que ele é adotado, não é uma matéria de adoção. Não dizem que fulana está com seu filho de inseminação artificial. No documento dele, não está que ele é adotado. Está que é meu filho. Parece uma falta de prática do jornalista, sei lá. Ou um preconceito que a pessoa nem percebeu ainda. É preconceito porque ela está adjetivando sem necessidade. Não passo por outras situações de preconceito, pelo contrário, o fato de eu ter adotado uma criança parece que me transformou em uma pessoa melhor para as outras pessoas. Dizem: 'Ai, que linda sua atitude'. Eu não fiz benevolência nenhuma. Não sou melhor do que ninguém, não fiz caridade. Eu queria ter um filho, esse só foi o melhor método para mim. Fiz uma coisa que até meu corpo pedia. Nunca tive vontade de engravidar, de ter barriga, sempre achei que se engravidasse ia ficar péssima. Sempre fui adiando a vontade de ser mãe. Quando veio a vontade, era de ter um filho, o método não fazia a menor diferença, sinceramente. Na escola, tem ele e mais outro filho adotivo. Fizeram um trabalho sobre o histórico familiar, um dia. As mães mandaram fotos delas de barriga, abraçando o bebê. E a minha primeira foto com ele é muito parecida com essas, a diferença é que estou de pé, não deitada, e estou vestida e ele também. Mas a fisionomia, aquela cara de boba, é a mesma. As crianças não sentiram a mínima diferença. Cada mãe contou uma historinha e eu disse que ele nasceu do meu coração e tal. Ninguém perguntou nada, ele achou supernormal. É claro que a sociedade é muito maior que a sala de aula. Eu sei que ele pode sofrer preconceito. E não é só porque é adotado: é porque é negro, adotado, filho de mãe solteira e baiano. A mim, cabe deixá-lo forte e seguro. Sempre vai existir criança com problema. Quando adotei o Gabriel, na ficha que faz o pedido de adoção, tem umas perguntas --se você aceitaria crianças com problemas mentais leves, com problemas motores graves. E em tudo marquei não. Então depois o juiz me disse: 'Você acredita mesmo que exista alguém que não tenha nenhum problema mental?'. Nessa hora caiu a minha ficha. E eu que sempre disse que terapia muda a vida da gente e que deveria fazer parte da cesta básica do governo... Existem crianças que lidam muito bem com o fato de serem adotadas, principalmente se foram criadas na base da verdade desde sempre. Mas existem crianças que têm problemas, por 'n' razões. Não é simples entender que você foi abandonado. Acho que a gente não pode permitir nem a piadinha leve por esse motivo. Se essas piadinhas batem no ouvido de uma criança que não foi criada na base do amor, que tenha dificuldade de enfrentar isso, pode fazer mal."

Um comentário:

Anônimo disse...

É. Mas no programa de Marília Gabriela, Astrid declarou que não adotaria uma criança com deficiência por achar que nao teria condições de dar o que ela pode precisar. Engraçado, ela sabe o que uma criança com necessidade especial precisa? Falou tanto do preconceito que seu filho negro sofre e se mostrou que tem um pré conceito sobre crianças especiais. E quem garante a ela que o filho dela, hoje uma criança sem necessidades especiais, continuará assim pelo resto da vida? e se ela tivesse parido uma criança especial, o que ela faria?

Poderia ter passado sem essa.