segunda-feira, 21 de março de 2016

CASAL HOMOAFETIVO ASSEGURA PRIMEIRO REGISTRO DE CRIANÇA EM ARARAQUARA (Reprodução)

19/03/2016
Araraquara.com / Da reportagem
Kauã foi registrado com o nome de suas duas mães no início do mês; caso é pioneiro entre famílias homoafetivas da cidade
Kauã chegou há 120 dias e, como todo bebê, transformou a rotina da família. Igual a muitos recém-nascidos, ele também chora de fome ou cólica durante a noite, mas diferente de muitas crianças, Kauã não é criado por um pai e uma mãe. Ele tem duas mães.
O caso trata-se da primeira criança registrada com o nome de duas mães na certidão de nascimento, em Araraquara.
Kauã foi registrado no último dia sete, quando as mamães Ana e Maria (nomes fictícios) de 23 e 27 anos respectivamente, conseguiram após quatro meses de luta, modificar a filiação na certidão da criança.
“Foi um conquista pra nós e para o Kauã. Agora ele tem legalmente uma família completa como todo cidadão merece, afinal somos uma família como qualquer outra e com um amor incondicional pelo nosso pequeno”, relata Maria.
A HISTÓRIA DE KAUÃ
Casadas há cinco anos, Ana e Maria sonhavam com o primeiro filho. Há três anos iniciaram as tentativas de adoção, mas ansiedade fez com que o casal optasse pela inseminação artificial. “Tentamos adotar, mas a burocracia e demora nos fez desistir. Esperamos mais um tempo e por fim decidimos que eu ia fazer a inseminação, até porque o sonho de carregar a criança no ventre sempre foi meu”, conta Ana.
DE PRIMEIRA
“A emoção foi muito grande quando vimos que o teste de gravidez deu positivo. Ele sempre foi uma criança muito desejada, um sonho em pessoa”, fala Maria, sobre o resultado da inseminação artificial realizada no ano passado e tida como sucesso logo na primeira tentativa.
Tão desejado pelas mamães, Kauã foi uma surpresa para as famílias que, apesar de ter conhecimento sobre a vontade do casal em ter um filho, não imaginavam que ele já estivesse a caminho. “Surpreendemos todo mundo, escondemos até saber o resultado, e depois foi emoção total. Família babona”, conta Ana relembrando que o pequeno é o primeiro neto da família. A espera era tão grande que seu quarto e enxoval já estavam completos no terceiro mês de gestação.
FUTURO DE KAUÃ
Preocupadas com o futuro da criança, as mamães contam que mantêm diálogo sobre a criação do menino e refletem sobre as barreiras que podem surgir com o preconceito.
“Não existe e nunca vai existir diferença no amor. Ele vai ser amado assim como qualquer outra criança em uma boa família e nada vai faltar”, garantem as mães.
“Pretendemos criá-lo para enfrentar o mundo de cabeça erguida, enfrentar comentários maldosos que possam surgir dos coleguinhas. O Kauã vai ter orgulho de contar que na casa dele há muito amor e respeito como em qualquer outro lar, ou até mais que muitos lares por aí”, acrescenta Maria. (Colaborou Jayne Coledam)
ADOÇÃO PARA FAMÍLIAS HOMOAFETIVAS
Para Ricardo Capparelli, presidente do Lar da Criança Renascer de Araraquara, a lei permite adoção para casais homoafetivos que estejam aptos. “Todo ser precisa de um lar onde seja querido e amado. Seja por dois homens, duas mulheres, ou um homem e uma mulher. Isso não importa. O que prevalece no quesito adoção é o amor”, fala.
De acordo com Capparelli, o que faz a doação se tornar lenta, na maioria das vezes, é as características que as famílias procuram na criança adotada. “Quanto mais velha for a criança, menor o tempo de espera. Isso porque infelizmente a maior procura de adoção é com idades entre um e cinco anos”, explica.
Ainda segundo Capparelli, o primeiro passo para a família ou a pessoa interessada em adotar uma criança ou adolescente é procurar a Vara da Infância e Juventude, onde deve expor o interesse pela adoção e, em seguida se cadastrar. “Este cadastro tem a função de captar informações básicas do adotante, buscando saber mais sobre sua conduta”, destaca.
Entre os requisitos básicos para adoção estão a atividade profissional, renda familiar e conduta da pessoa ou família. No entanto, Capparelli esclarece que a renda familiar não é tão relevante quanto se imagina. “A equipe técnica e o juiz avaliam tudo, mas o amor é primordial. É nítido quando a adoção é algo muito querido pelo adotante e, isso conta muito. Não adianta ter uma geladeira com peças de picanha e agredir a criança adotada”, compara.


Original disponível em: http://www.araraquara.com/noticias/cidades/cidades_internaNOT.aspx?idnoticia=1159344

Reproduzido por: Lucas H.

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