segunda-feira, 20 de junho de 2016

CRP-MG PROMOVE DEBATE SOBRE ADOÇÃO DE CRIANÇAS COM MAIS DE 3 ANOS (Reprodução)

16/6/2016
“Os aspectos psicológicos da adoção tardia” foi o tema do Psicologia em Foco do dia 15 de junho, em Belo Horizonte. O ciclo de eventos promovido pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), sempre às quartas-feiras, às 19 horas, em sua sede, desta vez contou com as convidadas Érica Silva do Espírito Santo, psicóloga clínica, doutoranda do programa de pós-graduação em Psicologia da UFMG com pesquisa sobre adoção tardia e internacional, representante do organismo de adoção internacional COFA-Cognac; e Maristela Vilhena Dias de Andrade, advogada, autora e coordenadora geral do Projeto “Filhos do Coração”, representante no Brasil da Associação Nova (Nuovi Orizzonti Per Vivere L'Adozione), com sede na Itália. O debate foi coordenado por Madalena Tolentino, psicóloga judicial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e conselheira do CRP-MG.

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A advogada iniciou a fase de apresentações frisando que o grande problema da adoção de crianças com mais de três anos de idade, no Brasil, é o tabu por parte dos pais candidatos. “Para começar é preciso extinguir a ideia de diferenças entre criança biológica e criança adotiva. Em seguida, e também fundamental, é necessário fazer a passagem da criança ideal para a criança real. Outra questão é ter consciência que tanto faz a adoção acontecer antes ou depois dos três anos, a criança um dia irá questionar o porquê de ter sido abandonada. Isso sempre vem à tona”, explicou Maristela Andrade.

Ela também ressaltou a importância da preparação dos casais, pois a adoção depende muito mais dos pai s do que da criança, já que esta não escolheu ser abandonada. “O casal vai ser determinante na vida da criança. A família tem que se mostrar acolhedora. Deve superar o próprio desejo de ter um filho recém-nascido”, disse a advogada. Segundo ela, na preparação da criança faz-se necessário entender como ela vivencia o abandono porque isso será determinante na escolha da família que irá adotá-la. Nesta fase de elaboração da adoção ela romperá vínculos e, nem sempre, estará disposta a criar outros.

Maristela Andrade encerrou sua apresentação dizendo que no caso da adoção internacional o vínculo não se constitui com menos de dois anos de convivência entre a criança e a família adotiva e que ele “somente será profundo se ocorrer antes da adolescência”.

Ao passar a fala para a psicóloga convidada, a conselheira Madalena Tolentino ressaltou as dificuldades de interação do Judiciário com os abrigos. “Precisamos estabelecer uma rede de trabalho entre essas partes para que o processo flua bem”, disse ela.

MAIS ADOTANTES QUE CANDIDATOS À ADOÇÃO
A psicóloga Érica Espírito Santo começou dizendo que hoje, no Brasil, existem mais casais querendo adotar que crianças disponíveis para adoção. A justificativa está na idade desejada pelos adotantes em relação a dos candidatos para serem adotados: a maioria dos brasileiros deseja crianças com menos de dois anos, prioritariamente recém-nascidos, no entanto, a maior parte das crianças e adolescentes que espera para ser adotada já não preenche esse quesito.

Sobre o processo da adoção tardia e internacional, a psicóloga corroborou com a defesa de Maristela Andrade: para a adoção ser bem sucedida a preparação é fundamental. No caso da criança, segundo a psicóloga, deve ser encarada como um processo intermediário da vida que ela tinha em relação àquela terá após a adoção. “Deve ser uma preparação cuidadosa. A voz da criança tem que ser ouvida e é preciso conservar, respeitar o que houve de bom em seu passado. Temos que confrontar os pais que ela teve, que por anos idealizou, e aqueles que terá agora”, explicou.
Érica Espírito Santo aproveitou para reforçar que a mãe que abandonou também foi abandonada, seja por um homem, pela família, pela sociedade e pelo poder público.

A conselheira Madalena Tolentino, antes de passar para o debate com os participantes do Psicologia em Foco, confirmou com as convidadas que o Brasil precisa, com urgência, quebrar o tabu da adoção tardia. “Vimos pelas apresentações que as experiências no exterior são exitosas, que todos os problemas são superáveis, que o que falta aqui é educação e informação. Os casais franceses ou italianos não são melhores que os brasileiros. O que falta é esclarecimento e entendimento”, concluiu.

Original disponível em: http://www.crpmg.org.br/GeraConteudo.asp?materiaID=5311

Reproduzido por: Lucas H.

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